16 abril 2007

Excelsas Misérias I

“ O Poilo”

Já várias vezes me referi aqui a temas de arquitectura e urbanismo, no nosso concelho.
Evidentemente que outros terão melhor formação e responsabilidade nas opiniões para veiculam. Talvez consiga ouvi-los, a propósito deste meu mote.

Não está provado que os projectos de arquitectura fossem melhores e mais bem executados, se projectados por criadores iluminados e fantasistas, não havendo regras normativas rigorosas e lógicas. Havendo normas é mais fácil estabelecer critérios e encontrar consonâncias mesmo sabendo-se que condicionam a liberdade e sentido estético de cada um.

Acredito que no meu município estas normas também existam mas se as procuro no espaço arquitectónico e urbanístico, fico realmente baralhado. Basta-me olhar para as mais recentes construções plurifamiliares que se constroem neste momento nas ruas da nossa vila.

Um dia futuro, virão os historiadores referir o contexto e suas consequências determinadoras da Causa/Efeito que assim moldou o que ficou. Com sorte talvez se argumente com a fidelidade e coerência para provar algum extraordinário valor para este património.

Vem tudo isto a propósito de um Monumental Coreto que presenciei, construído em cimento no Monte do Senhor da Boa Morte em Castanheiro do Norte. Efectivamente o monumental coreto foi posicionado precisamente no local em que melhor nos tapa a paisagem que daquele monte se vislumbrava, como a imagem testemunha. Poderíamos admitir que o projecto de coreto pudesse superar em excelência e função a bela paisagem que se desfrutava. Assim onde eu consigo agora apenas simbolizar um “Poilo”, outros talvez vejam um belo projecto arquitectónico de função excepcional.

No meio de tudo isto faltaria conhecer o interlocutor responsável para que me tirasse todas as dúvidas. Arrisco mesmo assim admitir que os responsáveis técnicos do meu município têm obrigação de possuir um gosto cultivado. Por isso confesso que não lhes invejo o papel que têm de desempenhar possivelmente em muitas circunstâncias.

Hélder Carvalho

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