06 fevereiro 2007

Pensar dos leitores

O mundo está a mudar, e não é para melhor. As notícias vindas de Paris há dias foram apenas a confirmação de uma velha certeza: estamos a dar cabo do meio ambiente. Mas, tal como em tudo na vida, não podemos negociar/pensar em extremos. Uma barragem no Tua traz benefícios? Claro. Mas, da forma que está a ser projectada, traz também graves prejuízos, que estão a ser negligenciados principalmente por quem de direito ali vive e dali tira o pão de cada dia.

Existe uma alternativa, estudada já no princípio deste século, da construção de barragens de dimensão mais pequena, que não só produziriam a mesma capacidade energética do mamarracho megalómano que se pretende plantar na região das Presas, Tua, como:

1) Não deitariam em xeque os terrenos férteis do concelho de Murça, vinhas principalmente, ainda pertencentes à Região Demarcada do Douro;

2) Não destruiriam as termas de São Lourenço e Carlão;

3) NÃO afundariam a Linha do Tua, somente a última via-férrea do mais distante distrito em relação à capital, pior servido por vias de comunicação, que no seu apogeu contava com 239Km de caminhos-de-ferro.

Não tenhamos ilusões acerca disto: em Carrazeda de Ansiães já existe uma grande barragem, a da Valeira no Douro. Façam-se e publiquem-se as contas de quanto tem contribuído em termos monetários esta barragem para este concelho duriense, uma vez que parece ser um dos estandartes para o Aleluia feito ao advento possível de uma barragem monstruosa no Tua. Produz energia para a região? Sim, claro, tal como as outras todas do Douro, mais a do sistema do Alto Rabagão; benefícios directos para a província que mais contribui energeticamente para o país em termos hidro-eléctricos? Façam-se e publiquem-se as contas...

A Linha do Tua faz 120 anos este ano, e para aqueles a quem esta data pouco ou nada diz, que pense que existem aldeias por ela servidas que NÃO têm outro meio de transporte público, que ela movimenta milhares de passageiros/ano, incluíndo turistas estrangeiros e nacionais que aqui vêm deixar o seu dinheiro (não são precisas gaivotas e motas de água para que isso aconteça), que está considerada nacional e internacionalmente como obra maior da engenharia portuguesa, e das mais belas vias-férreas da Europa, e que o comboio é de todos os meios de transporte terrestres o menos poluente.

Ainda não estão convencidos?...

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Posted by Daniel Conde to pensar ansiães at 2/06/2007 10:55:36 AM

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