05 maio 2006

Estrada sem subsídio do Governo

«A Câmara de Carrazeda de Ansiães vai ter de arranjar verba para concluir a estrada municipal que liga a sede de concelho à localidade de Pinhal do Norte. É que o Governo retirou o apoio concedido para a conclusão da estrada iniciada pela autarquia.
A Câmara celebrou, em Fevereiro do ano passado, um acordo com o Governo de Santana Lopes, que previa apoiar metade dos 1,7 milhões de euros em que importa a conclusão da obra. Acontece que os trabalhos deveriam estar concluídos até ao final do ano passado. Como não o estavam a comparticipação foi retirada.
"Retiraram-nos o apoio mas vamos à mesma concluir a estrada e sem necessidade de contrair qualquer empréstimo", assegura Eugénio de Castro, presidente do município. E justifica o atraso com o tempo limitado dado para a conclusão da obra "Até ao final do ano passado - prazo limite do protocolo - quase "nem teria havido tempo para fazer o concurso". "Foi um contratempo mas a estrada far-se-á na mesma", garantiu o edil.
Esta via com cerca de oito quilómetros é de vital importância para aproximar várias localidades da sede de concelho, bem como para garantir um acesso mais rápido ao IP4.»
Eduardo Pinto, Jornal de Notícias

2 comentários:

AJS disse...

A notícia não podia ser mais explícita: - Quem assinou o protocolo com o Governo de Santana Lopes foi o próprio Presidente da Câmara. Como é que só agora é que reconhece que os prazos eram curtos e "nem teria havido tempo para fazer o concurso"? Na devida altura é que deveria elaborar melhor o protocolo para evitar estes contratempos. Por aqui se vê que a notícia enferma de algum "veneno" ao referir que "O Governo retirou o apoio..." O Governo não retirou nada, apenas cumpriu o protocolo e por lado o Orçamento Geral do Estado. Mas imaginemos que o Governo não cumpria. Então a culpa também seria do Governo. É o velho ditado, "preso por ter cão e por não ter". E ainda outro ditado, a "culpa morreu solteira".

sentir-ansiaes disse...

SOBRE A CORRUPÇÃO

Os números da DCICCEF permitem tirar uma ilacção concreta daquilo que há muito se intuí: a Incidência (da corrupção) nas autarquias é brutal e representa quase metade (42%) da corrupção investigada pela PJ, nos quatro anos em análise - 525 casos.

... Maria José Morgado coloca o poder local, a par da Administração Pública no topo da lista das «zonas mais combustíveis e expostas».

A concentração de poderes executivos no autarca, a não limitação dos mandatos e a ausência de uma fiscalização eficaz têm dado azo a
um exercicio corrupto do poder, envolvendo tráfico de influências e a transacção de decisões e favores.
Um executivo municipal gere três áreas que o tornam particularmente vulnerável a fenómenos corruptórios:
as EMPREITADAS PÚBLICAS,
o EMPREGO CAMARÁRIO
e o financiamento de instituições da sociedade civil.

Está em boa posição para a venda de influências e decisões.
«A concentração de poderes é propícia a abusos», comenta luís de Sousa. A santíssima trindade «câmaras, futebol e construção» tem feito correr muita tinta em várias autarquias.


E isso enquanto a corrupção corrói os alicerces da democracia, perpetuando as desigualdades, entulhando a economia.
A corrupção é, hoje em dia, algo que, aos olhos da sociedade, já parece intrínseco à política.


Texto extraído da revista Visão desta semana.