04 abril 2006

Notícias do Douro - I

«Primeiro as boas notícias: esta semana, a Ferreirinha, isto é, a Sogrape, anunciou o seu Barca Velha de 1999. Já não havia desde 1995, É um acontecimento. Por outro lado, comemora-se o 250.º aniversário da criação da Companhia Geral de Agricultura das Vinhas do Alto Douro, facto que prepara e precede de um ano a demarcação da primeira região vinhateira do mundo. Foi uma decisão luminosa que ainda hoje dá frutos.

Segundo, a má notícia: esta semana, o Governo e a CP anunciaram o fecho de três linhas de caminho-de-ferro do Douro (Corgo, Tua e Tâmega), assim como a redução drástica da Linha do Douro, do Porto à Régua. Na preparação de uma eutanásia, as primeiras três já vinham a ser asfixiadas há vários anos. A última está nessa mesma situação e acabará morta dentro de pouco tempo. O que se passa com as linhas de comboio já nem sequer é um escândalo. É pura estupidez. Se, na região, existe sector económico com largas potencialidades para além do vinho, esse é o turismo...
A Linha do Douro, no percurso da Régua ao Pocinho (e poderia ser até Barca de Alva ou mesmo Espanha), é esplendorosa e a mais fantástica ferrovia vinhateira da Europa. Condená-la, primeiro, fechá-la, depois, é um acto de ignorância e vandalismo. Não se trata de defender o velho. Ou de conservar o antigo porque é antigo. E nem sequer de invocar os vagos interesses das populações locais (que, aliás, também existem…). É simplesmente o interesse indiscutível de utilização de um recurso e de uma fonte de riqueza únicos.»


Álvaro Barreto, in Público

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