Foi aqui transcrita uma notícia que desejava louvar e que informa sobre uma iniciativa da nossa C.M.
Com o título “ Bom exemplo” somos informados da vontade da C.M. de ajudar a proporcionar aos imigrantes no concelho a sua melhor inserção. È dito que estes “ são importantes para o concelho e para o país” e é proposto promover cursos de formação para a sua melhor integração.
Todas as iniciativas que têm a ver com as pessoas, reduzam as desigualdades entre elas, que promovam os que trabalham e que fomentem a harmonia merecem a minha total aprovação. Parabéns portanto para a nossa C.M. se conseguir concretizar este objectivo.
Veio-me contudo á memória um facto que, na minha interpretação, parece estar em contradição com a leitura humanista que faço desta iniciativa. Como diz o povo “ não joga a bota com a perdigota”.
Decorreu algum tempo sobre a suspensão sem vencimento, por 16 (dezasseis) meses de uma funcionária da Câmara Municipal, culpada por ter mentido na justificação de faltas de presença que tinha dado. Esta funcionária estava abrangida pelo estatuto de estudante trabalhadora pois frequentava aulas num Curso Superior em Macedo de Cavaleiros, no qual podia também chumbar por faltas. Quando interpelei o Sr. Presidente da Câmara, ainda na Assembleia Municipal, sobre o excesso punitivo deste caso, ele leu-me, num relambório muito pormenorizado, o inquérito feito onde com minúcia recordava todas as faltas dadas, as aulas a que assistia nos dias em que faltava, as horas respectivas, etc., etc. Questionei-o então se não seria uma punição grande de mais para uma funcionária humilde, com aproveitamento no curso que estava a tirar e cujo trabalho principal na C.M., era tirar fotocópias. Não lhe senti qualquer remorso na resposta. Apesar de, tal como eu ele conhecer a condição da família humilde da funcionária, aliás como foi a nossa, conhecer o número de filhos que eles deram ao mundo, conhecer as suas qualidades de trabalho, a sua honestidade e dedicação. Falta aqui sublinhar que no presente e perante esta tragédia, os pais decidiram, sabe-se lá com que esforço, contrair um empréstimo no banco para custear a continuação dos estudos da filha.
Este sim é que é um exemplo de vida.
Faltará apenas reviver na memória os múltiplos casos semelhantes que terão ocorrido com outros funcionários que hoje têm o seu curso tirado, como trabalhadores estudantes e são actualmente ainda mais úteis ao país.
E é aqui também que se vê a desigualdade de oportunidades que têm aqueles que vivem fora dos grandes centros e lutam por uma vida melhor.
É claro que com esta comparação nua e crua, só estou a acicatar uns tantos mosqueteiros de serviço, detentores da moral instituída. Não deixo contudo de sublinhar a bondade da iniciativa com que comecei o texto.
No meu entendimento este caso concreto sim, teria sido um caso em que se poderia ter comprado uma cabra.
Hélder Carvalho
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