Diz-se que o calor excessivo faz com que haja gente que julgue ser realidade o que é apenas produto de imaginação delirante ou dos seus mais íntimos desejos ou ambições. Apesar disso não teria eu imaginado que os calores de Verão atacassem de forma tão fulminante o actual Governo.
Prometo que não vou insistir no exótico safari em que Sócrates se veraneia no Quénia enquanto o cinto aperta a barriga dos portugueses.
Na verdade, o que mais me espantou nestes dias de canícula (e que de todo me não passaria pela cabeça) era admitir que o "Governo da Mudança"(
) pudesse colocar Armando Vara na administração da Caixa Geral de Depósitos!
Por mais que me esforce não consigo entender o que pode ter motivado o Governo e o novo ministro das Finanças a nomear este "passarão" se a simples cedência ao aparelho partidário que, pelos vistos, não conseguira convencer Campos e Cunha mas que, logo à partida, impusera "regras adequadas" ao seu sucessor; se a vontade de premiar o fiel militante apesar deste não possuir qualquer qualificação compatível com as funções para que foi nomeado; se, porventura, o objectivo terá sido o de branquear em definitivo a imagem do ex-ministro de Guterres, completamente atolado no pântano da suspeição e do favorecimento que rodeou a tristemente famosa Fundação para a Prevenção e Segurança, princípio da total desagregação do governo guterrista no Verão de 2001!
Confesso que não me consigo decidir mas se não tiver sido nenhuma destas hipóteses, resta sempre a do calor e dos seus efeitos.
Pobre CGD cuja gestão repousa em mãos tão qualificadas como as de Celeste Cardona e Armando Vara. Não ficaria admirado se, um dia destes, se começar a falar em prejuízos, quiçá apenas em lucros bem menores que na banca privada, só para justificar mais uma privatização. Honório Novo escreve no JN, quinzenalmente, aos sábados.
http://jn.sapo.pt/2005/08/06/opiniao/os_boys_cgd.html
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