21 julho 2005

Indo eu... (2)

... por esses lados de Foz-Tua, eis quando olho para o rio junto dos restos do cais ali erigido pela Câmara Municipal.
Dou comigo a matutar e recordo os meses em que homens, máquinas e materiais se empenharam na construção deste cais que, pomposamente seria a grande porta de entrada fluvial do concelho onde as grandes embarcações poderiam aportar para carregar e escoar muitos dos produtos da nossa terra, nomeadamente o granito. Isto, sem tirar nem pôr, nos foi confidenciado pelo senhor Presidente da Câmara Municipal de Carrazeda de Ansiães da altura.
Cerca de uma dezena de anos passados, a água tudo levou e com ela muito dinheiro que era de todos nós e tanta falta nos faria para preparar infra-estruturas bem necessárias ao nosso desenvolvimento comum.
Meditabundo dou comigo a cismar: com tanta gente iluminada na gestão do município, não seria fácil de prever uma qualquer cheia traria como consequência esse resultado?
A parte metálica do cais só pararia, com a força da enxurrada, junto da barragem da Régua. Recordo, alguém me confidenciar, em tom irónico, que a suas expensas ter providenciado o transporte da infra-estrutura e assim a transformar num cais privado, onde ainda hoje se encontra, junto da localidade do Tua, já que ninguém de direito se importou com o facto.


Alargo o horizonte da minha memória e lembro a série de casas e casinhas edificadas, na zona Poente da Zona Oficinal e Artesanal de Carrazeda de Ansiães, com o propósito de substituir a indústria de pirotecnia sita, a norte, no alinhamento da construção da Variante à vila e que impedia a continuação da obra.
O proprietário desta indústria apregoava aos quatro ventos, nada saber dos intentos do município e de ninguém com ele ter feito qualquer acordo. Resultado, os trabalhos da variante tropeçaram na dita e dali não passaram.
O novo casario de suporte é um amontoado de ruínas, sem tecto, que nem à comunidade cigana, que perto habita, serve de abrigo.
Muitos milhares de contos gastos sem qualquer proveito e que poderiam...


À minha lembrança, de há uma boa dezena de anos, acorre a imagem de uma retro-escavadora privada, ao serviço da autarquia, que durante longos dias efectuou trabalhos para construir um canal na albufeira da barragem da Fontelonga, quando esta se encontrava numa quota quase máxima.
Objectivo: criar uma ilha que serviria de protecção a alguns animais, nomeadamente patos selvagens, para procriarem e estarem a salvo de eventuais agressores.
Quem hoje olha a barragem sem água, a tentativa da criação da ilha afigura-se completamente ridícula e despropositada.


Muito dinheiro gasto, de todos nós, obedecendo a simples "caprichos" ou a mau planeamento e que poderiam ter sido gastos...


Recordo ainda a despesa no Mercado Municipal que se transformou num fantasma e numa inutilidade assustadora.
E que dizer do Parque de Merendas da Fontelonga? Do novo Cemitério?... O futuro dar-lhes-á verdadeira utilidade que compense os investimentos realizados?
Os dinheiros públicos são parcos e mais difíceis de obter e a sua utilização deverá, cada vez mais, obedecer a critérios rigorosos.
São estes temas que têm que merecer uma reflexão pública e consensualizada, de modo a evitar novos caprichos e novas obras sem qualquer utilidade.
Por que não começar já nesta campanha eleitoral?

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