Francisco era o nome do jovem de etnia cigana que ontem foi encontrado sem vida numa das ruas da Zona Oficinal e Artesanal de Carrazeda de Ansiães. Era membro de uma família que atingia as duas dezenas de irmãos, todos criados na mendicidade, “à balda”, obedecendo às mais primitivas leis da natureza - a de quem é rijo, é que se safa. Aprendeu nas malhas da miséria a lei do desenrasque de forma a sobreviver: mostrava uma cara de verdadeira necessidade e de "desgraçado da vida" sempre que estendia a mão para a esmola. Era difícil olhá-lo nos olhos e resistir.
Orgulhava-se da égua da família e o nascimento de um potro era o acontecimento mais importante da sua vida. Garboso cavalgava-a pelas ruas da vila, ou segurava as rédeas, sentado na carroça, como se soubesse gritar a expressão ouvida no filme "I`m the King of the world!"
Na escola, Francisco era a simplicidade em pessoa, sempre de aspecto andrajoso, sujo e de "ranho" comprido a sair-lhe do nariz, gaguejava monossílabos se interrogado e, embora só se se pudesse aproximar dele tapando o nariz, tal era o cheiro nauseabundo que exalava, despertava a simpatia de todos. As horas mais felizes eram as do recreio: tomava-se o leite escolar e respirava-se o ar da liberdade.
Festejava os sucessos com uma alegria genuína esticando bem o peito para fora e sorrindo de boca escancarada. Reagia às pequenas injustiças, as que compreendia, de modo exuberante, profundamente sentido: emudecia fulo ou manifestava-se através de poucas palavras esticando bem o dedo acusatório. Em caso de alguma maldade, se era chamado à atenção, baixava a cabeça envergonhado ou então encolhia os ombros em tom de desafio.
Conseguiu aprender a desenhar e a conhecer todas as letras, porém juntar mais que duas revelou-se uma tarefa impossível. Talvez nunca tivesse sentido também muito interesse em aprender a ler, pois o seu mundo se bastava à barraca, aos cavalos, a um bocado de pão e a muita liberdade.
Filho da miséria e do desleixo social encontrou a morte de uma forma miserável. Francisco era de todos os mortais que conheci o que menos merecia esta “sorte madrasta”.
Como é possível?
Como é que numa sociedade que se diz evoluída, ainda encontramos uma comunidade a viver em condições tão miseráveis como a de etnia cigana em Carrazeda?
Que belo tema para tratar nesta campanha eleitoral!
Não será este o papel mais nobre dos políticos e dos responsáveis das instituições de solidariedade social, o de resolver os problemas dos mais necessitados?
Orgulhava-se da égua da família e o nascimento de um potro era o acontecimento mais importante da sua vida. Garboso cavalgava-a pelas ruas da vila, ou segurava as rédeas, sentado na carroça, como se soubesse gritar a expressão ouvida no filme "I`m the King of the world!"
Na escola, Francisco era a simplicidade em pessoa, sempre de aspecto andrajoso, sujo e de "ranho" comprido a sair-lhe do nariz, gaguejava monossílabos se interrogado e, embora só se se pudesse aproximar dele tapando o nariz, tal era o cheiro nauseabundo que exalava, despertava a simpatia de todos. As horas mais felizes eram as do recreio: tomava-se o leite escolar e respirava-se o ar da liberdade.
Festejava os sucessos com uma alegria genuína esticando bem o peito para fora e sorrindo de boca escancarada. Reagia às pequenas injustiças, as que compreendia, de modo exuberante, profundamente sentido: emudecia fulo ou manifestava-se através de poucas palavras esticando bem o dedo acusatório. Em caso de alguma maldade, se era chamado à atenção, baixava a cabeça envergonhado ou então encolhia os ombros em tom de desafio.
Conseguiu aprender a desenhar e a conhecer todas as letras, porém juntar mais que duas revelou-se uma tarefa impossível. Talvez nunca tivesse sentido também muito interesse em aprender a ler, pois o seu mundo se bastava à barraca, aos cavalos, a um bocado de pão e a muita liberdade.
Filho da miséria e do desleixo social encontrou a morte de uma forma miserável. Francisco era de todos os mortais que conheci o que menos merecia esta “sorte madrasta”.
Como é possível?
Como é que numa sociedade que se diz evoluída, ainda encontramos uma comunidade a viver em condições tão miseráveis como a de etnia cigana em Carrazeda?
Que belo tema para tratar nesta campanha eleitoral!
Não será este o papel mais nobre dos políticos e dos responsáveis das instituições de solidariedade social, o de resolver os problemas dos mais necessitados?
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