È recorrente, na longa
novela que aqui decorre sobre o Rio Tua e a Barragem, referirem-se em tom
depreciativo aos vendilhões do Rio e da alma carrazedence. Louvo o método
democrático que o Professor José Mesquita consente no Blogue, ao permitir que
todos falem, mesmo que nem sempre acertem, como pode ser desta vez o meu caso.
Sobre o Rio Tua há quem
nesta altura ofereça amor e carinho pelo Rio quando antes oferecia indiferença
e desprendimento. Quando surgiu a questão da construção da barragem a minha
humilde opinião foi das mais radicais e parece-ma agora a mais quixotesca.
Entre os argumentos da altura defendia que devíamos exigir que 30% da energia a
produzir deveria ser gasta na região, defendia também que a barragem era
importante para que o país tivesse auto-suficiência energética e finalmente
sabia que a energia a produzir seria menos poluente que outras. Decorridos
estes quatro anos as circunstâncias mudaram e eu para aqui sozinho a “ver”
Donzelas e Cavaleiros no despique pela causa.
Passada a patacas a empresa
então pública –EDP, lá se foi o meu argumento da independência energética.
Afinal o que resultou em patacas foi gasto possivelmente a pagar reformas. Com
sorte talvez tenham lucrado alguns dos contestatários. Do mal, o menos. Depois
houve os pantomineiros que vindos de um lado passaram para outro que lhes dá
bom sustento. Houve ainda os desalojados que deixaram de poder verter o penico
no rio ou de corar a cuecas nas margens. Estes seriam talvez os que mais razão
sentimental teriam, mas ninguém lhes ligou. No meio disto e como artista da praça,
a inda fico enciumado já que também tinha uma ideia artística para utilizar na
futura barragem e, nem sequer a querem conhecer. A ideia era a de, á semelhança
do projecto de Cabrita Reis em Bemposta pintar também, na futura parede da
Barragem do Tua, um arco-iris para que em vez da parede se visse este fenómeno
da natureza. Digam que não ficava bonita.
Enfim, na condição de D.
Quixote a questão para mim é a de saber onde estão as falácias e os
falácios para combater os Malfattos e
salvar as Dulcineias.
Resta-me a alucinação e viver os derradeiros
momentos do Rio a meu modo, como sempre fiz desde pequeno.
7 comentários:
recomendo a leitura da "TUA Colectânea Literária : Memórias do vale do rio e da linha férrea do Tua", org. de Otilia lage , fotos de Eduardo beira, acabada de editar no ambito da III conferencia internacional do Projecto FOZTua.Posso enviar versão electrónica aos interessados.
Estaria interessado e ficaria agradecido de ter acesso a essa colectânea: luisjm78@gmail.com
Gostaria de ter acesso a essa colectânea: luisjm78@gmail.com
Obrigado
cara Prof Drª Otília
sendo um admirador pela sua elevada cultura despretenciosa e dedicação a Carrazeda, gostaria de saber como posso ter acesso à sua obra
se só for necessário o mail
mjsalesccarvalho@gmail.com
obrigado e sempre ao dispor
mario sales de carvalho
O que não se disse nas televisões
http://www.avozdetrasosmontes.com/noticias/index.php?action=getDetalhe&id=9712
Plano põe fim ao serviço público de caminho-de-ferro
Mobilidade no vale do Tua só para turismo
A infraestrutura intermodal do Tua só irá funcionar na sua plenitude entre maio e outubro. Esta novidade foi avançada durante a 3ª conferência internacional “Railroads in Historical Context” que decorreu sexta-feira, em Alijó, e reuniu mais de 40 investigadores internacionais, entidades oficiais, operadores turísticos do Douro e a EDP. Assim, caiu por terra a vontade de várias associações que exigiam o regresso do serviço público ao troço desativado.
Foi pela boca de Sérgio Figueiredo, administrador-delegado da Fundação EDP, que se fez “luz” sobre o que poderá ser o megaprojeto de mobilidade intermodal de Foz Tua, que pretende constituir uma oferta turística de excelência assente em três meios de mobilidade: o funicular, o barco e o comboio.
Durante este encontro internacional, foram apresentados e debatidos estudos sobre a história do Vale do Tua e da Linha do Tua, bem como... (*)
Porque é que todos querem a agua?
Tudo está planeado há muitos anos
Se não tivermos dinheiro , desligamos a luz, andamos a pé e assim eles não ganham dinheiro.. mas se a água for deles.. nós matamo-nos uns aos outros só para arranjarmos algum dinheiro "comprarmos" a nossa água para não morrermos... Outros, trabalharão para eles de sol a sol , só para beberem ... Muito Pior que antigamente... isto é evolução ... para o pior
mario mcarvalho
O valor da água em Portugal
É chamada de 'ouro azul' e está a esgotar-se. O último relatório do Painel Intergovernamental para as Alterações Climáticas aponta um cenário assustador: a falta de água, essencial a todas as actividades, já está a acontecer em Portugal e a tendência é para aumentar. A estratégia, dizem os especialistas, terá de passar pelo poder local. O Governo, por seu lado, garante que não vai privatizar o abastecimento
Privatizar as redes de abastecimento de água às populações é uma exigência comum do Fundo Monetário Internacional (FMI): fez parte do seu programa em todos os países que resgatou financeiramente.
Em Portugal, no entanto, e apesar da proposta aprovada pelo Governo no início do ano que apontava nesse sentido, esse cenário está, para já, afastado: "O sector da água não vai ser privatizado. Não está no programa do Governo nem está previsto no memorando de entendimento com a troika", garantiu à Tabu o ministro do Ambiente, Jorge Moreira da Silva, à margem da conferência que, no início da semana, reuniu em Lisboa governantes e especialistas de todo o mundo para debater, precisamente, o papel da água na adaptação às alterações climáticas. Logo no início do encontro, convenientemente chamado Demais, De menos, Moreira da Silva anunciou um investimento de 3,5 milhões de euros para projectos que ajudem Portugal a adaptar-se às mudanças que o clima já começou a enfrentar. Ao programa AdatPT, em grande parte apoiado pela Noruega, pelo Liechtenstein e pela Islândia, países que contribuem com três milhões de euros no âmbito do EEA Grants, poderão candidatar-se projectos-piloto, de informação, de sensibilização e que impliquem a articulação de estratégias locais de adaptação às alterações climáticas – agir localmente e em rede é a única forma, sublinham os especialistas, de enfrentar o problema.
E, em toda a estratégia de mitigação e adaptação às mudanças do clima, sobretudo em Portugal, a água assume um papel essencial. Por um lado, devido à escassez: segundo o último relatório do Painel Intergovernamental de Cientistas para as Alterações Climáticas (IPCC, em inglês), recentemente divulgado, a disponibilidade de água potável no país irá diminuir significativamente nos próximos anos – não só devido ao aumento dos níveis de salinização por causa da subida do nível do mar mas também devido à diminuição da chuva nas estações quentes. Por outro lado, avisam os cientistas, os eventos de precipitação diária serão de maior intensidade e mais frequentes. Ou seja, o risco de inundações aumenta.
continua
As concessões a privados
Um cenário que aponta para cada vez maiores dificuldades no acesso à água potável – não é por acaso que a Empresa Portuguesa das Águas Livres (EPAL), que abastece a zona de Lisboa, apresentou há poucos meses a sua própria estratégia de adaptação às alterações climáticas. E – assim o esperam o Governo e os mentores do AdatPT –, esta é uma das medidas que deverão ser adoptadas pelos municípios portugueses, que ainda gerem grande parte dos recursos hídricos e o seu tratamento, assegurando assim que a água é ‘controlada’ como um serviço público. Um princípio já defendido publicamente pelo Vaticano que, em 2012, mostrou o seu repúdio pela privatização do sector por considerar que a água é "um bem público" e não "meramente mercantil". Em Portugal, a questão assume especial importância numa altura em que o país cumpre um programa de financiamento.
Mas o país não é ‘novato’ nesta matéria: alguns municípios vivem verdadeiros pesadelos com concessões dos seus sistemas de abastecimento e de saneamento básico a privados que, além de implicarem subidas astronómicas nos preços pagos pelos cidadãos, resultaram em contratos que lesam as autarquias em dezenas de milhões de euros. Foi o que aconteceu, por exemplo, em Marco de Canavezes, Paços de Ferreira e Barcelos. Em todos estes concelhos, o grupo Somague ganhou as concessões por 30 ou 35 anos, obrigando as autarquias a pagar o restante, caso os clientes não consumissem um mínimo estipulado no contrato.
Em Barcelos, o contrato assinado em 2005 estipulava que o consumo médio mínimo era de 119 litros por pessoa. Em 2009, o valor a pagar pelo município à Águas de Barcelos, da Somague, ascendia já aos 172 milhões de euros. Perante a recusa do novo Executivo em pagar, a empresa recorreu ao tribunal arbitral que condenou a autarquia a pagar uma indemnização à empresa de 24,6 milhões de euros e ainda uma prestação anual de 5,89 milhões, a partir de 2010 e até ao termo da concessão (2035). A Câmara recorreu da sentença e o processo está agora no Tribunal Administrativo do Porto. Paralelamente, foi instaurado um processo contra 12 pessoas incluindo o antigo presidente da autarquia, Fernando Reis, pela celebração do contrato lesivo,que corre no DCIAP. A um nível político, continuam as negociações entre autarquia e a Águas de Barcelos para remunicipalizar a gestão da rede de água.
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