04 maio 2009

O meu busílis

Se me provassem concretamente que um país pobre em recursos energéticos como o meu, conseguiria subsistir sem o recurso às barragens, eu seria contra a construção da barragem do Tua. Infelizmente a alternativa para mim à construção da barragem só será a construção de uma central nuclear ou, a manutenção da dependência da energia atómica que outros países nos vendem ao preço que querem.
Por isso é que, mais uma vez sou capaz de aceitar perder a riqueza daquele património natural, em troca de contrapartidas que compensem a região e lhe dêem garantias de fugir do marasmo em que se encontra. No fundo o que eu desejava era que, pela perda do ecossistema natural que o rio Tua ainda possui, se obtivesse em troca a melhoria da condição de vida das nossas populações.
È pela demagogia que justifico as posições de alguns dos nossos políticos que contestam esta concepção. Umas vezes exigem a preservação dos recursos naturais e contestam a energia atómica, depois falam de energias limpas e seguras para de seguida reconhecerem a importância das reservas de água a criar no futuro. No meio da demagogia estão os pobres e os idealistas que muitos gostam de ser. Sim porque nos seus “ habitats naturais” estes políticos não recusam as mordomias que a energia permite nem curam de saber das desigualdades e da retribuição justa das riquezas do país.
Outra questão paralela é a questão do monopólio da empresa que gere a energia do meu país. Este monopólio consentido, permite que a EDP seja para mim a “ Grande Chula” dos que trabalham e produzem. O poder que o monopólio lhe dá, serve até para nos gozar com a campanha de marketing que está a levar a cabo neste momento. A questão já não é só politica, é também ética. Afinal como se justificam, em tempos de crise, tantos lucros nesta empresa? Qual é o valor em vencimentos gastos na elite desta empresa e,qual é a qualidade dos seus serviços? Qual é o poder estratégico nacional desta empresa e como está a ser gerido e pensado para o futuro?
Urge lutar pelos nossos direitos e exigir as devidas compensações pelos prejuízos que nos causem. Repare-se no exemplo que o estado deu ao assumir contrapartidas com investimento público na região Este, pelo facto de terem mudado o local de implantação do futuro aeroporto.
Evidentemente que se todos decidirmos voltar à pré-história eu também aceitarei que o rio Tua possa voltar a ser percorrido de jangada.

9 comentários:

Anónimo disse...

Concordo plenamente consigo, caro Hélder. Contudo, permita-me que faça um apelo aqueles que nos (des)governam localmente, hoje, para lhes lembrar que não façam o mesmo que fizeram, por exemplo, os utros, com a barragem da Valeira. É muito importante saber negociar, gerir conflitos, defender as "regras do jogo" para defesa dos Carrazedenses em geral, e dos que vivem junto ao rio Tua em especial. Em suma: construção sim; mas exigir, fortemente, contrapartidas para tal. Não é verdade, senhor professor, Hélder?!

mario carvalho disse...

Se tudo o que foi dito e redito neste e noutros locais se o próprio estudo de impacto ambiental não é suficiente .. não sei que mais podemos fazer para o convencer..

Resumo só , se me permite:

Não somos contra as barragens , somos a favor da continuidade e modernização de um linha centenária e de um vale além das vinhas, dos olivais , das termas etc.. que tornam a nossa região única ... e o senhor , pessoa viajada como é , sabe que é isso que hoje faz a diferença e não mais um charco com águas poluídas

A barragem , a nível local , só trará prejuízo ( releia pf estudo de impacto ambiental)e a nivel nacional contribuirá com menos de 0,5% das necessidades energéticas

Valerá a pena destruir tudo por 5%?

Pessoa atenta e informada como penso que é saberá também que a preocupação não é a energia mas sim o domínio da água.. atente pf na nova lei da água.

Além disso está provado que as energias renováveis são demasiado caras pelo que a própria UE começa é falar em estimulos ao núclear em detrimento das alternativas..

tem todas as informações neste blogue ou no pensar carrazeda , alinhaetua na net, ou no www.linhadotua.net

Todo o resto da sua argumentação está correcto Ninguém cá vem deixar nada... vêm tirar..
e a minha máxima é a de que temos que defender o que temos porque quando não tivermos nada só podemos reivindicar uma esmola e sujeitos a levar um pontapé no trazeiro

Desculpem ter respondido duma forma muito sucinta mas o tempo , neste momento não é muito e também nao me queria repetir

cumprimentos
mario

Anónimo disse...

Ai, ai, ai, amigo Mário !
Está muito agarrado ao passado, mas, o passado nada move.
Temos que andar prá frente...

Anónimo disse...

Amigos..., ao contrário do que se pensa as energias alternativas não são tão caras como se pensa, até porque em muitos casos são dedutiveis na factura do IRS. O único senão acaba por ser a burocracia e o preenchimento de papelada. Se por um lado o estado incentiva a instalação das mesmas de outra forma anula a vontade de o fazer. Olhemos por exemplo as mordomias que os governantes têm. Deveriam dar o exemplo e mostrarem aos populares que andar em carros hibridos é uma forma inteligente e eficaz. Outra forma será o uso por parte dos mesmos no que toca a transportes publicos. O nosso país importa cerca de 60% da energia que consome.

A construção de mais uma barragem não vai ajudar praticamente em nada. Repare-se:
Vão produzir se milhares de toneladas de CO2 para a atmosfera!
Vai criar uma forte massa de água estagnada e eutrofizada, mais ainda do que já está.
Vai criar um microclima que nada favorece a zona ripícola e área circundante.
Vai produzir energia 5% das necessidades nacionais. As barragens do Douro e devido ao seu sistema de fio de água não produzem energia em alturas de inverno. Tal acontece devido ao nivel de segurança exigido entre montante e jusante.

O mais importante e uma lição que todos devem retirar é a forma como gastamos energia. Em vez da politica de construção deve optar se por uma politica de incentivo, educação, SENSIBILIZAÇÃO da população.

Deixo ficar uma pergunta para demontrar o uso irracional de energia.

Quantos dos que acabaram de ler este texto tinham ou têm a televisão ligada, ou em stby sem prestarem atenção?
Já para não falar das lâmpadas que estão ligadas e precisam de ser substituidas por umas mais económicas!

É assim que a factura cresce...

O uso eficiente da energia é a melhor construção do futuro. O planeta agradece.

JB EAMB

mario carvalho disse...

Caro amigo:
obrigado pelo seu conselho

Eu não estou agarrado ao passado

tenho orgulho no passado quando ele representa valores , detesto o presente quando ele significa mediocridade, incompetencia e estupidez e preocupo-me com o futuro feito deste presente...

Por o portugueses e sobretudo os transmontanos não se preocuparem com o passado é que não passamos daquilo que somos e só quando estamos no estrangeiro tratados como escravos é damos valor e então ... cantamos o fado da saudade e do desgraçadinho......

Caros amigos ,.... não esperem por esmolas exijam o que têm direito valorizando o que têm..

cumprimentos

mário

enquanto tiver forças ... continuo a lutar e a defender o que é nosso ... que cada um faça a sua parte e honre o passado para que os filhos se orgulhem do presente

mario carvalho disse...

tinha postado um comentário que certamente não foi enviado

pedia desculpa pelo lapso dos:

Valerá a pena destruir tudo por 5%?

quando deveria ser :..

Valerá a pena destruir tudo por 0.5%?

no meu primeiro comentário

e documentava com a notícia de que o INAG rispostava dizendo que carrazeda devia estar orgulhosa pela barragem e não tinha direito a exigir contrapartidas

01-06-2008 - 13:39
Autarcas do Vale do Tua querem parte dos milhões pagos pela EDP
Comentários
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AdicionarOs presidentes das câmaras de Murça, Alijó, Mirandela, Vila Flor e Carrazeda de Ansiães reuniram-se pela primeira vez com representantes da EDP, empresa a quem foi concessionada a construção da barragem de Foz Tua.
João Teixeira, presidente da Câmara de Murça, localidade onde se realizou esta reunião, limitou-se a ler um comunicado através do qual informou que o Estudo de Impacto Ambiental da barragem foi entregue ao Instituto da Água (INAG).
Acrescentou que se “mantêm em aberto todas as perspectivas” e que os municípios só tomarão uma posição após análise detalhada do Estudo de Impacto Ambiental, mandado elaborar pelos municípios, e que “servirá de suporte a uma decisão final”.
Será através do Estudo de Impacto Ambiental (EIA) da barragem de Foz Tua que ficará definida a cota de construção da infra-estrutura, e que já está a ser analisado pelo INAG.
Os autarcas do vale do Tua registaram ainda “com agrado uma mudança de comportamento da EDP na participação neste tipo de processo”. A EDP foi a única concorrente à construção da barragem, tendo apresentado uma proposta de construção a uma cota de 195 metros.
Após a reunião, em Murça, António Castro, da EDP Distribuição, salientou que a decisão final sobre a cota será tomada em sede de Declaração de Impacto Ambiental.
“Qualquer que seja a cota tem sempre impactos na linha do Tua. Mas isto não quer dizer que a linha desapareça, quer dizer que uma parte da linha vai ser desactivada e que podem ser criadas formas de transporte alternativas”, referiu o responsável. António Castro frisou que a barragem é um “projecto estruturante” que pode ser “um motor de desenvolvimento da região”.
Acrescentou que o projecto será concretizado tendo em conta as necessidades dos municípios e da região. A cota dos 170 metros parece ser a mais consensual entre os autarcas dos concelhos envolvidos, menos para José Silvano, presidente da Câmara e do Metro de Mirandela, que defende a manutenção da linha a todo o custo.

INAG não concorda com as compensações

Os autarcas não devem reclamar compensações pelo facto de se construir uma barragem na região, tendo em conta a lógica da solidariedade nacional. Isto é pelo menos o que pensa o presidente do INAG que acrescenta que a barragem de Foz Tua vai produzir a energia equivalente ao que consomem os municípios abrangidos.
“Todos os empreendimentos no país dão energia para todo o país, entram na rede e são solidários e por isso não há que reclamar outras compensações para esses empreendimentos”, esclarece o Orlando Borges, presidente do INAG.
O responsável refere também que “se estivéssemos a fazer uma medição de potencial hidroeléctrico nós verificaríamos que a barragem de Foz Tua vai produzir a energia que é rigorosamente igual àquela que é consumida na região”.
José Silvano, presidente da Câmara Municipal de Mirandela, recorda que “já foram pagos 53,1 milhões de euros, pela EDP. E vão ser pagos 63,8 milhões se a cota for de 170, e se for a máxima de 195 serão 128,5 milhões de euros. É um valor significativo que o Estado lucra por uma barragem que vai ser feita no nosso território”. O autarca que se opôs desde sempre à barragem refere que “quem perdeu com isso foi a região, porque se o INAG não tivesse recebido essas contrapartidas a EDP poderia pagar mais às populações”, afiança.

Marisa Alves

http://www.imprensaregional.com.pt/jornal_terra_quente/index.php?info=YTozOntzOjU6Im9wY2FvIjtzOjExOiJub3RpY2lhX2xlciI7czoxMDoiaWRfbm90aWNpYSI7czozOiIyMTUiO3M6OToiaWRfc2VjY2FvIjtOO30=

Anónimo disse...

Deixem-me dar também a minha penada.
Uma andorinha não faz a primavera... a propósito da percentagem de energia que é apontada, 5%? O Plano Nacional contempla muitas outras e todas juntas já significarão algo...
Depois, senão reduzirmos as emissões CO2 vamos ter comprar de acordo com o acordo de Quioto...
Sobre o Tua, também eu tenho pena Sr. Mário, mas a barragem é o custo da inércia dos locais que nunca souberam aproveitá-lo. Nem mesmo as Termas, nem a linha, nada de nada e agora temos este "presente" e o que viermos a ter, e mesmo esse, qual Douro subaproveitado será uma cópia mais ou menos fiel.
Ter ou não ter para estes locais é, perdoe-me a espressão "a mesma merda".
Nada se aproveita, nada se faz com membros, tronco e cabeça.
Que dói, lá isso doi... com o eu o compreendo.

Ateu

Anónimo disse...

Tanta preocupação em destruir um património que faz a diferença,sob o lema do pseudo progresso energético, que os nossos vizinhos espanhóis nos querem vender 10% mais barato que a EDP?!
No dia em que eu compreender a importância desse erro estarei a pugnar pela energia nuclear, muito mais rentável, segura e com contrapartidas maiores.
Quem não teve criatividade para rentabilizar os recursos que existem não a terá também para tornar estruturante uma mera barragem.

mario carvalho disse...

Caro Ateu

obrigado pela sua compreenção



"a propósito da percentagem de energia que é apontada, 5%? Depois, senão reduzirmos as emissões CO2 vamos ter comprar de acordo com o acordo de Quioto..."


Quanto a estas questões que faz o favor de colocar gostaria de referir:

1º não são 5% mas menos de 0.5%
( gostaria de recordar que a EDP importa energia de Espanha porqur fica mais barato do que por turbinas a funcionar ..notícia do DN)
Qunato à " independencia !! " não compreendo... num mundo global como se quer ser independente??
Destruiu-se o mais importante e que é a base da subsistencia (agricultura e pescas) e preocupam-se com barragens para serem independentes.
donde vêm os rios ? De Espanha .. basta fecharem a água e lá se vai a independencia...
!
2º uma barragem como a projectada para o Tua é reversível ou seja vai rebombear a agua do Douro que já vem poluída e por ser parada vai provocar a eutrofização que por sua vez aumenta o Co2 e enxofre .. ou seja polui ainda mais
(isto de uma forma muito simples pois já foram apresentados neste blogue estudos de especialistas sobre este tema mas que terei todo o gosto em voltar a postar se o desejarem)

Tudo isto são estórias de Marketing
para que grandes grupos atinjam objectivos e para isso não olham a meios e quando não der abandonam tudo de qualquer maneira.. veja-se as minas de ferro de Moncorvo e outras

O que provoca a emissão de Co2 são os combustíveis fosseis .. e amaneira de colmatar o problema seria diminuir a utilização dos camiões e autocarros e substitui-los por combóios (um comboío de mercadorias desentope as estradas e substitui centenas de camiões poluentes)que é o que mais cedo ou mais tarde vai acontecer
(agora ao loby da camionagem não lhe interressa) e quanto à energia mais limpa e possívelmente mais segura o futuro próximo está no nuclear como sabe

cumprimentos

mario

ps . é importante que as pessoas de Carrazeda se manifestem Obrigado Ateu