31 janeiro 2006

Eu não quero ter poder
Mas apenas liberdade
De falar aos do poder
Do que entenda ser verdade

(Agostinho da Silva - Quadras Inéditas p. 46 )

Desta vez decidi enquadrar neste texto uma quadra de um autor, em atenção a um seu grande admirador e entendedor que é o Professor José Alegre. Que me perdoe Agostinho da Silva por utiliza-lo a meu modo.
É que não me canso de agradecer, correndo o risco do exagero, aos promotores deste Blog, pelo privilégio que me dão de participar.
Só entende verdadeiramente este privilégio quem sofre profundamente quando lhe condicionam as liberdades; a de pensar, a de ser e a de dizer o que pensa, neste caso, sobre a sua terra.
O Blog para mim, tem sido um local de pensamento livre e maioritariamente construtivo e responsável que, nunca existiu e que afinal parece que fazia falta. O grito, a censura, a crítica vieram para a rua mostrar-se, expor-se. Veio também a animação e a alegria de participar. As palavras, na grande maioria dos casos têm tido um nome e uma cara a defende-las. E assim se vem destapando para a luz, o que é de todos. E se vem questionando o pulsar da terra e de quem nela participa.
Há depois os amigos que aqui têm aproveitado para reciprocamente demonstrarem afectos e para se darem conselhos e opiniões construtivas.
Contudo, para quem tem pautado o seu quotidiano pelos parâmetros da mediocridade poderá vir sentindo neste Blog alguma decepção. Para quem se recuse a aceitar que as leis que articulam o espaço político dos homens não devem ser extensas a todos e só a uns privilegiados, também acredito que se sinta desiludido. Para quem não é tolerante e se considera o maior, aqui tem encontrado também, quem lhe demonstre como é grande o mundo e são largos os horizontes do pensamento. Quem sinta complexos e tenha pudor com as palavras, também julgo que por aqui vá sentindo algum rubor mas também antídotos para o desentupimento.
Em todo o caso e contra ventos e mares andemos para a frente e que a utopia faça parte do real, como o céu e as estrelas fazem parte da natureza.

Remetendo-me à minha participação, terei que reconhecer que, tenho sentido que me é dada alguma atenção. Se assim não fosse talvez tivesse já encetado outros caminhos e estratégias, que não os de desistir de pugnar pelo melhor para a minha terra.
Resta a substância. Resta saber “o que fica da espuma do tempo”.
Ficam mentiras! Fica o “ bota abaixo”! Fica o escárnio! Fica o mal dizer!
Eu sei como é difícil encontrar verdades nas minhas “Mentiras”. Pouco conhecem as realidades para as quais me debruço, e ainda bem. Vale mais desconhecer e ignorar.
Que significará para alguns que me lêem aquela do trabalhador encontrado na via pública em cuecas, a treinar para maluco, para obter a reforma! E aquela de, não ter pudor, de usar o nome do nosso pobre Aragão (que dificilmente se defenderia), para lançar farpas! E a dos “graffitty”! E a do “ex-libris”! Tratar-se-á única e exclusivamente de escárnio e mal dizer! Ou é apenas gratuitidade!
Será que só se vê o negro! Não há um olhar claro nas entrelinhas.
Ora o que acontece é que as minhas verdades, eu agora só as consigo dizer a brincar. As mais das vezes até terei tentado já, dize-las a sério, mas não resultou.
Acreditar-se que a fonte (ou esgoto, se assim o quisermos) esgotará, seria acreditar na secagem da nascente de que esta (e) se alimenta. E outros pretextos sérios surgiriam.
Agora colocar o taco na fonte por troca com uma qualquer compensação pessoal é mesquinhez ou, tratando-se de um amigo direi que é ingenuidade.

Enquanto me não canso e não surge substituto para o desempenho deste papel restará aos que se ruborizam a alternativa de me não lerem.
Deixo porem um compromisso sobretudo para com aqueles a quem venha provocando pessimismos e complexos de inferioridade.
Para eles pretendo dedicar uma nova rubrica a que vou chamar “ Os Meus Heróis”. Nela falarei dos meus exemplos de vida e de trabalho, de naturais da nossa terra. Falarei daqueles que considero modelos de humildade mas também de crer, de entusiasmo e de capacidade de vencer, na luta para alcançarem os seus objectivos.
Aguardemos pois.

Hélder Carvalho

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