INCÊNDIOS
Pois é caro professor ... ao ler este seu texto fez-me lembrar tempos idos. Ir à caruma para estrumar, às giestas para o mesmo efeito, à lenha etc. etc. Os montes estavam mais limpos, sem duvida.Os tempos agora são outros quer pelo lado prático, quer pelo lado mental de cada um.Não será fácil combater este flagelo.Teimo eu, que a prevenção será a melhor forma de atenuar esta forma de terrorismo.De que forma ?Talvez pela mobilização colectiva das Juntas de Freguesia, Câmaras Municipais, Escuteiros, Bombeiros, Associações concelhias, Clubes de TT e particulares criando equipas de vigia em pontos menos dispersos e estratégicos com rotatividade horária. Abertura de estradões e caminhos pedestres fomentando o seu uso por forma a que fossem mais povoados. Parceria com campos de férias e intercâmbio de jovens.Atribuição de prémios monetários, porque não, aos postos de vigia em cuja área não houvesse incêndios.Julgo que o " incendiário " sentindo que estava a ser vigiado pensaria duas vezes !Por outro lado acho que meia dúzia de motos 4x4, 10 postos de vigia, 3 a 4 jeeps, 50 binóculos e algum material de campanha e mais 20.000,00 ficaria concerteza mais barato do que 20 horas de helicópetro, muitas horas de bombeiros, já para não falar no que perdemos e demorará anos a crescer.É só uma ideia ...
(Adamastor)
Coincidências ou talvez não?
1 - Cerca das 12:00 h do dia 23/08 as zonas afectadas (Amedo, Samorinha, Areias,Paradela ...) foram sobrevoadas por uma avioneta.
2 - Ao que parece durante os incêndios muita gente presenciou e ouviu várias explosões (o que seria?)
Pena é que não haja fotografias dessas avionetas a lançarem objectos para ficar comprovado, que alguns desses incêndios são lançados via aérea. Fica o apelo se tiverem fotos divulguem-nas, quando virem essas avionetas tenham a máquina fotográfica à mão, apanhem se possível a parte lateral (referencia do avião). Isto tambem é prevenção.
(Xardas)
(...)
Não sou especialista no tema e só costumo falar do que sei e do que me parece útil. Uso esta norma no dia-a-dia. No entanto vou dizer-lhe 2 coisas por tão óbvias que me parecem ser, mas que provavelmente não passaram na reportagem da sky.
Tenho uma visão da sociedade e da iniciativa individual que não se compadece da utilização permanente da bengala estatal. A floresta é um dos sectores onde me parece que os recursos comuns estão a ser utilizados para socorrer a negligência de uns poucos.
O problema da prevenção passa em 1º lugar pelos proprietários da mesma que olham para a floresta simplesmente como uma fonte de receita sem custos associados.
Assim, explora-se a floresta sem qualquer investimento na sua manutenção, remetendo os custos, para a sociedade em geral e em particular para as populações directamente afectadas.
Em primeiro lugar o estado devia legislar no sentido de obrigar os proprietários a cuidar da floresta, limpando-a e trilhando caminhos dentro das propriedades, caso não o fizessem o Estado intervinha e cobrava pelo trabalho realizado.
Claro que existe o problema da pequena propriedade, nesses casos cabia ao proprietários organizarem-se e criar mecanismos que lhes permitisse resolver os factores de escala.
Resumindo: os custos da prevenção devem sobretudo ser assumidos pelos proprietários pois são eles que retiram o benefício. Cabe ao estado fazer cumprir.
Quanto à vigilância ela deve ser deixada a cargo de pessoas devidamente capacitadas, nunca a “jovens em campos de férias”. Esta sim esta é competência do estado.
(...)
(Feira das Vaidades)
A partir dos anos sessenta, com a emigração em grande escala, com a introdução na vida diária de novas técnicas (uso de gás na feitura da comida) e com a diminuição de toda a espécie de animais (bois, cavalos, burros, machos, ovelhas, cabras) ao lado do homem, surgiu um fenómeno novo, até aí quase inexistente – os incêndios.
As zonas cultivadas deixaram de o ser, provocando a continuidade necessária à propagação dos fogos. Os pinhais deixaram de ser limpos, as ervas deixaram de ser tosadas pelos diversos animais.
Gerou-se o abandono generalizado, os incêndios começaram a tomar proporções cada vez maiores e incontroladas, as populações deixaram de acorrer a apagá-los e começaram a lembrar-se de chamar as corporações de bombeiros, até aí com a quase única finalidade de apagar fogos em edifícios.
O abandono foi tão generalizado que até as próprias casas passaram a estar rodeadas de enormes matagais que as põem permanentemente em perigo. Ninguém (governo, autarquias, populações) foi capaz de tomar um mínimo de medidas necessárias (concretas, não exclusivamente jurídicas, não exclusivamente burocráticas) para pelo menos limpar junto das povoações. Em vez disso, passou toda a gente a preocupar-se (à boa maneira inquisitorial) em encontrar os elementos perversos que intencionalmente estavam na origem de tanto mal.
E os culpados foram vários e para todos os gostos: em 1974/75 – os fascistas; em 1975/76 – os comunistas; mais tarde os madeireiros; depois os pastores; também as avionetas; eu sei lá!
Chegámos assim ao inferno actual em que irresponsavelmente se continua na busca de bodes expiatórios em vez de tentar encontrar vias de solução.
O problema, entretanto, não se resolve.
Como poderá ele resolver-se?
É preciso dizer, sem margem para dúvidas, que a solução não é, nem de perto nem de longe, fácil.
Uma evidência clara ressalta aos olhos de todos: é preciso tomar medidas para que casas isoladas, pequenas povoações, vilas e cidades deixem de correr quaisquer riscos quando ocorrerem os próximos incêndios: isto é possível, isto tem de ser possível.
Para além disso, o que será possível fazer mais?
Terá de ser também possível ter um cuidado especial com determinadas manchas florestais (Pinhal de Leiria, Serra de Sintra, Luso, Gerês).
Quanto a grandes zonas do país (florestas e, sobretudo, matagais), durante muito tempo não teremos outra hipótese que não seja deixar arder porque é impossível que a limpeza possa ser feita de outro modo.
Claro que os serviços de combate aos incêndios devem estar organizados de molde a reduzir ao mínimo os malefícios destes eventos.
Claro que deve pensar-se em fazer-se uso do próprio fogo para limpar, em reflorestar de um outro modo e com outras espécies, em disseminar rebanhos de gado ovino e caprino, etc, etc, procurando as soluções que mais se adequem aos tempos actuais.
Mas isso vai levar mesmo muito tempo (gerações, talvez).
Que fazer a nível local?
Estudar a situação das povoações e casas e obrigar a limpar à sua volta ou preparar serviços que colmatem a inacção das pessoas.
Ver bem que manchas florestais devem ser preservadas de maneira a que o concelho não fique irremediavelmente mais pobre em termos florestais. Fazer um levantamento da orografia do concelho para que possamos determinar o que pode e deve ser defendido, o que pode e deve arder, as vias necessárias às intervenções.
Parece-me urgente que isto seja feito e que não se deixe tudo entregue à improvisação, à abnegação, que é muita, dos bombeiros e à sua boa vontade.
J.L.M. (reeditado)
Pois é caro professor ... ao ler este seu texto fez-me lembrar tempos idos. Ir à caruma para estrumar, às giestas para o mesmo efeito, à lenha etc. etc. Os montes estavam mais limpos, sem duvida.Os tempos agora são outros quer pelo lado prático, quer pelo lado mental de cada um.Não será fácil combater este flagelo.Teimo eu, que a prevenção será a melhor forma de atenuar esta forma de terrorismo.De que forma ?Talvez pela mobilização colectiva das Juntas de Freguesia, Câmaras Municipais, Escuteiros, Bombeiros, Associações concelhias, Clubes de TT e particulares criando equipas de vigia em pontos menos dispersos e estratégicos com rotatividade horária. Abertura de estradões e caminhos pedestres fomentando o seu uso por forma a que fossem mais povoados. Parceria com campos de férias e intercâmbio de jovens.Atribuição de prémios monetários, porque não, aos postos de vigia em cuja área não houvesse incêndios.Julgo que o " incendiário " sentindo que estava a ser vigiado pensaria duas vezes !Por outro lado acho que meia dúzia de motos 4x4, 10 postos de vigia, 3 a 4 jeeps, 50 binóculos e algum material de campanha e mais 20.000,00 ficaria concerteza mais barato do que 20 horas de helicópetro, muitas horas de bombeiros, já para não falar no que perdemos e demorará anos a crescer.É só uma ideia ...
(Adamastor)
Coincidências ou talvez não?
1 - Cerca das 12:00 h do dia 23/08 as zonas afectadas (Amedo, Samorinha, Areias,Paradela ...) foram sobrevoadas por uma avioneta.
2 - Ao que parece durante os incêndios muita gente presenciou e ouviu várias explosões (o que seria?)
Pena é que não haja fotografias dessas avionetas a lançarem objectos para ficar comprovado, que alguns desses incêndios são lançados via aérea. Fica o apelo se tiverem fotos divulguem-nas, quando virem essas avionetas tenham a máquina fotográfica à mão, apanhem se possível a parte lateral (referencia do avião). Isto tambem é prevenção.
(Xardas)
(...)
Não sou especialista no tema e só costumo falar do que sei e do que me parece útil. Uso esta norma no dia-a-dia. No entanto vou dizer-lhe 2 coisas por tão óbvias que me parecem ser, mas que provavelmente não passaram na reportagem da sky.
Tenho uma visão da sociedade e da iniciativa individual que não se compadece da utilização permanente da bengala estatal. A floresta é um dos sectores onde me parece que os recursos comuns estão a ser utilizados para socorrer a negligência de uns poucos.
O problema da prevenção passa em 1º lugar pelos proprietários da mesma que olham para a floresta simplesmente como uma fonte de receita sem custos associados.
Assim, explora-se a floresta sem qualquer investimento na sua manutenção, remetendo os custos, para a sociedade em geral e em particular para as populações directamente afectadas.
Em primeiro lugar o estado devia legislar no sentido de obrigar os proprietários a cuidar da floresta, limpando-a e trilhando caminhos dentro das propriedades, caso não o fizessem o Estado intervinha e cobrava pelo trabalho realizado.
Claro que existe o problema da pequena propriedade, nesses casos cabia ao proprietários organizarem-se e criar mecanismos que lhes permitisse resolver os factores de escala.
Resumindo: os custos da prevenção devem sobretudo ser assumidos pelos proprietários pois são eles que retiram o benefício. Cabe ao estado fazer cumprir.
Quanto à vigilância ela deve ser deixada a cargo de pessoas devidamente capacitadas, nunca a “jovens em campos de férias”. Esta sim esta é competência do estado.
(...)
(Feira das Vaidades)
A partir dos anos sessenta, com a emigração em grande escala, com a introdução na vida diária de novas técnicas (uso de gás na feitura da comida) e com a diminuição de toda a espécie de animais (bois, cavalos, burros, machos, ovelhas, cabras) ao lado do homem, surgiu um fenómeno novo, até aí quase inexistente – os incêndios.
As zonas cultivadas deixaram de o ser, provocando a continuidade necessária à propagação dos fogos. Os pinhais deixaram de ser limpos, as ervas deixaram de ser tosadas pelos diversos animais.
Gerou-se o abandono generalizado, os incêndios começaram a tomar proporções cada vez maiores e incontroladas, as populações deixaram de acorrer a apagá-los e começaram a lembrar-se de chamar as corporações de bombeiros, até aí com a quase única finalidade de apagar fogos em edifícios.
O abandono foi tão generalizado que até as próprias casas passaram a estar rodeadas de enormes matagais que as põem permanentemente em perigo. Ninguém (governo, autarquias, populações) foi capaz de tomar um mínimo de medidas necessárias (concretas, não exclusivamente jurídicas, não exclusivamente burocráticas) para pelo menos limpar junto das povoações. Em vez disso, passou toda a gente a preocupar-se (à boa maneira inquisitorial) em encontrar os elementos perversos que intencionalmente estavam na origem de tanto mal.
E os culpados foram vários e para todos os gostos: em 1974/75 – os fascistas; em 1975/76 – os comunistas; mais tarde os madeireiros; depois os pastores; também as avionetas; eu sei lá!
Chegámos assim ao inferno actual em que irresponsavelmente se continua na busca de bodes expiatórios em vez de tentar encontrar vias de solução.
O problema, entretanto, não se resolve.
Como poderá ele resolver-se?
É preciso dizer, sem margem para dúvidas, que a solução não é, nem de perto nem de longe, fácil.
Uma evidência clara ressalta aos olhos de todos: é preciso tomar medidas para que casas isoladas, pequenas povoações, vilas e cidades deixem de correr quaisquer riscos quando ocorrerem os próximos incêndios: isto é possível, isto tem de ser possível.
Para além disso, o que será possível fazer mais?
Terá de ser também possível ter um cuidado especial com determinadas manchas florestais (Pinhal de Leiria, Serra de Sintra, Luso, Gerês).
Quanto a grandes zonas do país (florestas e, sobretudo, matagais), durante muito tempo não teremos outra hipótese que não seja deixar arder porque é impossível que a limpeza possa ser feita de outro modo.
Claro que os serviços de combate aos incêndios devem estar organizados de molde a reduzir ao mínimo os malefícios destes eventos.
Claro que deve pensar-se em fazer-se uso do próprio fogo para limpar, em reflorestar de um outro modo e com outras espécies, em disseminar rebanhos de gado ovino e caprino, etc, etc, procurando as soluções que mais se adequem aos tempos actuais.
Mas isso vai levar mesmo muito tempo (gerações, talvez).
Que fazer a nível local?
Estudar a situação das povoações e casas e obrigar a limpar à sua volta ou preparar serviços que colmatem a inacção das pessoas.
Ver bem que manchas florestais devem ser preservadas de maneira a que o concelho não fique irremediavelmente mais pobre em termos florestais. Fazer um levantamento da orografia do concelho para que possamos determinar o que pode e deve ser defendido, o que pode e deve arder, as vias necessárias às intervenções.
Parece-me urgente que isto seja feito e que não se deixe tudo entregue à improvisação, à abnegação, que é muita, dos bombeiros e à sua boa vontade.
J.L.M. (reeditado)
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