Gostamos de ser
malvados mas de modo nenhum, ridículos (Moliére)
Conhecem a minha
condição de carrazedense a quem tem custado acreditar no destino que vem sendo
reservado para o nosso concelho. Embora me declare um vencido pelo sistema,
jamais penso perder a liberdade e o direito de pensar, direitos ora adquiridos
e pelos quais tantos lutaram. Mesmo assim e se não pagasse impostos juro que me
remeteria para a minha condição de simples apreciador da paisagem desértica, a
aguardar a minha entrada no Lar de Terceira Idade. Contudo e enquanto pagar impostos,
sinto que contribuo para o sustento do sistema o que me obrigar ao dever de
denunciar a desvirtuação, a corrupção e a fraude que me vejo obrigado a
sustentar. Excepcionalmente os embustes, disfarces, enganos e dissimulações que
têm ocorrido entre nós resultaram de factos que trazem consigo muito de
caricato e de cómico o que vem ao encontro do género literário que vou voltar a
usar. Na prática a corrupção instaura a comédia, com a manipulação de papéis
entre os manipuladores e as vítimas.
A minha ideia é a de, utilizando a farsa, retomar a denúncia
dos actos e factos de que me recorde e cuja anormalidade nos remeteu a este
presente.
Prevejo que resultem
textos de comédia bufa, cheia de figurantes, entre impostores, bufões, heróis e
vigaristas, por vezes simpáticos e matreiros, destacados para explorar as fraquezas
e misérias do povo e onde as vitimas assumem já, muitas vezes, o hábito da vitimização.
Sim porque a ignorância e analfabetismo, não desresponsabilizam de tanto
desatino ao longo de tanto tempo. Tentarei descrever sem reverências,
acontecimentos e episódios breves, usando a ferocidade satírica de que for
capaz e o verbo às vezes soez, sobre assuntos porventura já arrecadados no sótão
a aguardar arquivamento.
Não havendo milagres
que nos transformem a realidade que ao memos se parodie o ridículo das
carreiras triunfais dos que nos têm feito a cama.
Destes e para os que
ainda estão vivos, deixo esta citação tardia de J.M. Servan – “ Um déspota
imbecil pode obrigar uns escravos com correntes de ferro: mas um verdadeiro
político amarra muito mais fortemente com as correntes das próprias ideias. È
nas frouxas fibras do cérebro que assenta a base inflexível dos Impérios mais
sólidos.”
O título para estes temas “Entre o ridículo e soez”
Helder Carvalho
Sem comentários:
Enviar um comentário