Em tempo de conversa como as cerejas e, porque parece estar
na altura de ir ao celeiro e abrir o mealheiro, dizem-nos que as obras no Túnel
do Marão vão arrancar até final de setembro, e a conclusão será lá para o final
do próximo ano. Os cerca de seis quilómetros que ligam parte do percurso
de Vila Real a Amarante por um túnel fazem parte da construção da Autoestrada
transmontana. A obra começou no Verão de 2009 e deveria estar concluída em
Novembro de 2012. Esteve parada três vezes, duas pela interposição de duas
providências cautelares e uma outra pela suspensão do consórcio de construção.
Primeiro era tudo muito fácil. A engenharia financeira da
construção do projeto era a seguinte: As empresas da Somague e da Soares da
Costa concessionaram a obra; a CGD e o Banco Europeu de Investimento
financiou-a; os utilizadores pagariam com as portagens. A proteger todo o risco
de investimento, a sombra protetora do Estado.
Rapidamente tudo começou a ruir como um castelo de cartas. Primeiro,
o dinheiro ficou mais caro. Depois, o fundo de risco, que visa compensar a
exploração por eventuais perdas na procura de tráfego, levou a concessionária a
meter marcha atrás, porque temeu que passem menos carros do que o inicialmente
previsto e, como não se pode obrigar a cumprir contratos porque o risco fica para
o Estado e raramente para os privados, a obra parou.
Com mais de setenta por cento da obra realizada e paga (dum valor
total estimado de 350 milhões de euros, pagou-se mais de metade, 200 milhões), o
ministério das obras públicas veio resgatar a obra, promoveu um novo concurso,
de que resultou, agora, o início das obras.
Cinco anos decorridos desde o início da obra, mais de três
anos parados, com certeza teria sido mais fácil mudar o Terreiro do Paço uma
semana para Vila Real, e obrigar os senhores membros do governo a viajar todos
os dias para o Porto nas curvas do IP4. Nenhum transmontano estará
completamente crédulo desta nova vontade e resta-lhe esperar sentado!
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