27 setembro 2014

O Marão por um túnel

Em tempo de conversa como as cerejas e, porque parece estar na altura de ir ao celeiro e abrir o mealheiro, dizem-nos que as obras no Túnel do Marão vão arrancar até final de setembro, e a conclusão será lá para o final do próximo ano. Os  cerca de seis quilómetros que ligam parte do percurso de Vila Real a Amarante por um túnel fazem parte da construção da Autoestrada transmontana. A obra começou no Verão de 2009 e deveria estar concluída em Novembro de 2012. Esteve parada três vezes, duas pela interposição de duas providências cautelares e uma outra pela suspensão do consórcio de construção.

Primeiro era tudo muito fácil. A engenharia financeira da construção do projeto era a seguinte: As empresas da Somague e da Soares da Costa concessionaram a obra; a CGD e o Banco Europeu de Investimento financiou-a; os utilizadores pagariam com as portagens. A proteger todo o risco de investimento, a sombra protetora do Estado.
Rapidamente tudo começou a ruir como um castelo de cartas. Primeiro, o dinheiro ficou mais caro. Depois, o fundo de risco, que visa compensar a exploração por eventuais perdas na procura de tráfego, levou a concessionária a meter marcha atrás, porque temeu que passem menos carros do que o inicialmente previsto e, como não se pode obrigar a cumprir contratos porque o risco fica para o Estado e raramente para os privados, a obra parou.

Com mais de setenta por cento da obra realizada e paga (dum valor total estimado de 350 milhões de euros, pagou-se mais de metade, 200 milhões), o ministério das obras públicas veio resgatar a obra, promoveu um novo concurso, de que resultou, agora, o início das obras.


Cinco anos decorridos desde o início da obra, mais de três anos parados, com certeza teria sido mais fácil mudar o Terreiro do Paço uma semana para Vila Real, e obrigar os senhores membros do governo a viajar todos os dias para o Porto nas curvas do IP4. Nenhum transmontano estará completamente crédulo desta nova vontade e resta-lhe esperar sentado!


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