08 setembro 2014

A vergonha faliu: Hélder Carvalho


Não tem justificação dizer-se que, ao longo da história, temos sido uns parasitas do país. O exemplo, demonstramo-lo com a nobreza da nossa história, onde sempre se esteve presente quando foi posta em causa a liberdade e independência do país.
Num passado recente que não se ignore a força de trabalho que se exportou daqui ou os recursos naturais, de que só dou o exemplo da energia hidroeléctrica, que aqui se produz e daqui parte para reabastecer o país. Ainda recentemente houve pacóvios como eu que justificaram a cedência para a construção da Barragem de Foz- Tua como contributo para se obter a independência energética do país.
É claro que a Sra. Ministra da Justiça no seu contributo insensato de assassínio democrático do país, não está capaz de saber olhar a passados nem entender conceitos de territorialidade ou identidade e soberania.
Não se estranha assim a anormalidade da extinção da Comarca, reduzindo-a a vão de escada para recolha de expediente.
O que se estranha é que se aceite este acto leviano sem se perceber o que se ganha ou se perde, em direito ao respeito (próprio e dos outros), em síntese ao direito à justiça e autoridade.
Nesta decisão importa sublinhar a responsabilidade das entidades locais que, apesar das promessas, não souberam defender os direitos do seu povo, antes se resignaram a aceitar esta desconsideração.
Porque o que é posto verdadeiramente em causa é o direito à equidade e à segurança. Recusando-se o poder central a dar-nos iguais circunstâncias em direitos, já que os deveres se mantém, terá de ser o poder local a assumi-los já.
Se for real que brevemente terei de voltar a pertencer à actual Assembleia Municipal, proponho-me desde já estudar uma proposta que garanta aos munícipes que procuram justiça, que o Município preste os serviços de transporte a quem agora tem de procurar instalações para a justiça noutras comarcas. Esta poderia ter sido uma proposta elementar do governo, já que quem paga somos sempre nós.
Dirão alguns que em situação de crise não há dinheiro para tal, já que até os pobres reformados têm sido esmifrados, como se sabe para acudir ao desbarato.

 Teremos pois que rever prioridades e definitivamente concluir que as pessoas estão primeiro e só elas e a sua qualidade de vida, justificam a nossa atenção e o nosso serviço.

Hélder Carvalho

4 comentários:

Anónimo disse...

Este artigo baseia-se na invocação duma honra, uma dignidade, uma importância, que não ficaram demonstradas com os argumentos invocados.
Invoca-se o nosso préstimo na defesa de Portugal como se isso resultasse de um acto voluntário nosso quando sabemos que na sua base esteve sempre uma obrigatoriedade que se nos impôs. O mesmo aconteceu na emigração, que assentou nas condições precárias que os portugueses tinham no torrão natal.
Sei que a desconsideração que invoca na justiça será, do seu ponto de vista, a mesma que já aconteceu na educação e vai repetir-se na reorganização administrativa e resulta, do meu ponto de vista, do despovoamento progressivo, cuja solução irá ter por base os principais centros urbanos e não as aldeias próprias duma ultrapassada sociedade de economia de subsistência.
JLM

Anónimo disse...

Conclui:
- Nunca houve nem há vontade própria de um povo;O povo é irracional.
- Carrazeda de Ansiães não tem condições para que, quem aqui nasça, aqui viva; Azar para quem aqui é parido.
- Já está ultrapassada a sociedade de subsistência. Encontram-se nas cidades os novos paradigmas sociais. As cidades aguardam com impaciência a nossa chegada.
- O meu interlocutor deve ser uma excepção ao irracionalismo geral; Parabéns.

Helder Carvalho

Anónimo disse...

Uma síntese bem urdida. Quase perfeita! Parabéns.
JLM

Anónimo disse...

Os problemas judiciais dos residentes dum concelho resolvem-se nos tribunais onde correm os processos( cíveis ou penais). Será que as câmaras teriam de ter permanentemente à disposição das pessoas carros e carrinhas para as transportar aos tribunais onde correm os processos? Sim. Porque qualquer um pode ter acidentes de automóveis nos lugares mais longínquos, pode ter de litigar em acções cíveis nos tribunais competentes,que não são imensas vezes os tribunais da residência, e cometer crimes, quantas vezes, em lugares onde não sejam facilmente identificáveis. Talvez no século XIX, primeira metade do século XX, tudo se passase apenas no local da residência.
JLM