01 setembro 2013

Família feliz dentro de uma "Gaiola Dourada"



A "Gaiola Dourada" retrata uma certa emigração portuguesa em França. O filme conta a história de Maria (Rita Blanco) e José Ribeiro (Joaquim de Almeida), ela porteira e ele pedreiro. Ambos são excelentes na sua profissão e vivem uma vida esforçada, mas feliz. A família Ribeiro tem dois filhos e habita uma "loja" de porteiro, num bairro chique de Paris. Após receber a notícia de uma herança em Portugal, uma quinta no Douro, a história mostra a perspetiva do regresso de uma família a Portugal e os problemas que a sua saída vai colocar a toda a gente. Aos patrões que descobrem que eles são imprescindíveis, aos familiares que não conseguem viver sem eles. O filme vive de situações caricatas, do que uns e outros fazem para obstaculizar o regresso, bem como, as dificuldades do casal em abandonar um percurso de vida realizada e construída com trabalho e “saber”. A película tem uma prestação notável da Rita Blanco, em que valeria “apenas e só” a sua interpretação para não deixar de ver.

É polémica a fita? É. Os quadros mostram um emigrante inculto, com um verbo cheio de calão, na base da pirâmide social francesa, fazendo o trabalho mais desqualificado. Há alguns exageros do realizador? Há. Mas é esse também o papel do mediador comunicativo, neste caso o realizador Ruben Alves, para sublinhar a mensagem, isto é, a emigração dos anos 60 e 70, era, de facto, constituída por gente inculta, miserável, mas que transportava valores: a família, a honradez, a lealdade, o trabalho… Eram escusadas certa linguagem e situações que nos inferiorizam e humilham como povo? Eram. Mas este é um filme comercial para ser visto por patriotas portugueses, mas também por, mais ainda, franceses e outros europeus, em que o estereótipo do português saloio e ignorante vende.   

E há mais? Pois, falta isso. O Douro no seu absoluto esplendor. O filme mostra em dois momentos o paraíso das paisagens durienses: o sonho do José na quinta que o irmão lhe roubou e termina com a paisagem paradisíaca da Quinta dos Malvedos, junto da foz do Tua, nas encostas do rio Douro, que serviu de cenário para os últimos minutos da longa-metragem, onde decorre o epílogo da história, mas, sobretudo, a celebração de Portugal.

2 comentários:

isaura festa disse...

Ontem mesmo fui ver ofilme"Gaiola dourada"é realmente retratada nele o que foi o principio da emigração dos Portugueses,(não por experiencia própria)mas pelas muitas histórias que ouvi contar a familiares e amigos que por lá passaram.Gostei das cenas que vi e ouvi e ri,ri muito com algumas delas.Um filme alegre e que dispõe bem apesar de tudo.

ISAURA FESTA disse...

pARA TER UM FIM EM BELEZA,SÓ MESMO NO NOSSO LINDO DOURO,MAS PUDIAM TER MOSTRADO MUITO MAIS,A PAISAGEM MERECIA.