26 julho 2012

- Uma viagem à Casa da Moura vii –


 De onde vêm as lendas de encantar?

De onde virão estas lendas e histórias ligadas aos muçulmanos? Foi larga e feroz a batalha da reconquista, os árabes pela força das armas viram-se obrigados a largar as nossas terras porém deixaram lindas mouras encantadas em guarda aos seus tesouros. Ninguém até agora encontrou o ouro abandonado, mas muitos continuaram a porfiar na procura, revolvendo a terra e encontrando as riquezas que ela grata lhes devolvia: cereal, vinho, frutas… À maior parte mostrou-se parca e cruel para as suas vidas e desistiu de a cultivar, entrando sem medo, como nas lendas, em novos locais assombrados, que lhes deram as riquezas anunciadas, dinheiro suficiente para uma vida com toda a dignidade. 
  Voltando ao Abade de Baçal é bem possível que, na crença das mouras encantadas, subsistam vestígios do culto ao Genius Loci, divindade que tinha a seu cargo proteger os termos das povoações. Para desarreigar esta crença, a Igreja colocou as diversas freguesias e povos sob a invocação de um santo do seu calendário, padroeiro do lugar; por exemplo S. Gonçalo de Zedes. Fica mais claro que Zeides, Ceides ou Zaides está ali naqueles nove esteios encimados pala pedra que a moura transportou e continua vigilante e protetora da aldeia.
  As lendas das mouras, bem como os contos populares têm sempre um carácter pedagógico porque nelas se descobre uma aprendizagem, uma lição. O grande percurso que a moura executa significará a dificuldade intrínseca para se atingir algo que valha a pena. O filho ao colo mostra-nos o que se considera o maior afeto humano, o amor maternal. A lenda do Gorgolão aponta para a fé em Deus que protege os crentes. A obrigatoriedade de dobar dos fios de ouro até ao fim mostra a necessidade de perseverança nos empreendimentos humanos. Os figos que se transformaram em libras de ouro indicam o fator sorte em muitas das realizações do homem… 

(Continua)

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