Quem vem de Carrazeda a Zedes pode seguir o itinerário mais
belo e mágico que conhecemos – o caminho da Casa da Moura, intercetado pela
força do progresso que toma expressão nas modernas rodovias em que motor de
explosão é rei e senhor em desfavor da ferrovia lenta, incómoda e ultrapassada
e agora imolada à necessidade de mais energia, que é o mesmo que dizer,
mealheiro de interesses que não são, com certeza, nossos e pouco ou nada nos
dão em troca.
Mas, este é o fado que
sempre carregamos: levam-nos os recursos naturais sem contrapartida visível.
Quando puderem, levar-nos-ão também este ar sereno, saudável e puro, nem que
seja engarrafado.
Saídos da terra das carraças, Pires Cabral o escreveu, mais
uma tentativa para explicar vocábulo tão esquisito a estranhos. Pois não era
preciso esse incómodo. Daqui partidos, sem cara azeda, e com tempo de sobra
porque nestas viagens de descoberta, há que ter hora para partir e não para
regressar.
Vamos de encontro às modernas rotundas, símbolos maiores da
nossa modernidade, porque os dez conjuntos escultóricos da Miecal, afiança a
grande maioria, não são mais que um conjunto de calhaus, um desperdício de
dinheiros públicos, copiosamente adjetivados de impropérios que o decoro nos
obriga a não proferir.
Ao lado da saída poente de Carrazeda, a mais pujante obra do
esforço privado dos carrazedenses, a zona oficinal e artesanal, que não chega
para estancar o contínuo despovoamento do concelho.
Mais adiante, o resultado da guerra da indiferença e da
marginalização, o bairro do Iraque. Aí poderemos perder a vontade de prosseguir
se refletirmos um pouco como os poderes públicos, têm votado um grupo de
cidadãos ao abandono e à marginalidade.
Não vai compensar apressarmos o passo, pedalar com mais vigor
ou acelerar para queimar os pneus porque o fim do alcatrão está muito perto.
Não vamos seguir pela terra batida pois esta é uma via sem saída e não daremos
grandes voltas à cabeça para compreender que decorridos cerca de uma vintena de
anos ainda não foi possível concluir esta malfadada variante.
(continua)
(continua)
1 comentário:
Será que Carrazeda não virá um dia a ser conhecida pela "Vila dos Calhaus"? Foi, de certeza, essa a ideia que presidiu à erecção das pedras.Os turistas afluirão em breve aos milhares a mirar os calhaus.
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