05 abril 2012

Poeiras do meu sótão… (Carlos Fiúza)


II - Doutor e professor
Em vários lugares tenho combatido o caricato (por desmedido) emprego do tratamento de doutor a torto e a direito, sempre preconizando o uso prestigiado de professor.
Professor é todo o que professa a nobre arte de ensinar.
Doutor é termo insignificante, no generalizado emprego de hoje.
Doctor, em latim, é o que ensina, porque aprendeu. Doceo era ensinar, instruir, informar.
Há “Doutores” que sabem, de facto, mas há também “doutores” que por vezes só conhecem o que lhes entrou a martelo na cabeça.
Devemos, pois, dar prestígio à palavra professor e ligar menos ao batido tratamento de doutor.
O ponto em que insisti e insisto foi e é este:
- A palavra professor, devidamente prestigiada, deve ser aplicada e atribuída a todos os professores, desde o primário ao universitário.
Porque todos eles professam a religião de ensinar.
E ensinar não quer dizer só dar aulas.
Ensinar é dar sinal da Verdade científica, seja na aula primária, seja na cátedra, no livro, na investigação, etc.
Professor (já em latim) era não só o mestre que ensinava, mas aquele que era versado em arte ou ciência.
Em resumo:
Reabilite-se o título e o tratamento de professor, e dê-se este nome ao mestre de qualquer grau de ensino.
Para as distinções de categoria (se as houver), use-se a palavra ora com maiúsculas, ora com minúsculas, ora em abreviatura, ora por extenso.
Para mim, as distinções pouco interessam, talvez por não ser distinto.
Mas o que me interessa é proclamar que os professores devem ser tratados por professores, e não por s’tores e outros mecanismos.
Razão tinha um amigo meu quando me dizia: “o povo antigamente envolvia o termo doutor na noção de saber. Havia, por exemplo, os Doutores da Igreja. Hoje, qualquer licenciado é “doutor”, embora de “doctus” não tenha nada”.
Como comentário direi, que o povo ainda chama “doutorice” à sabença: “não venhas com doutorices”.
Vamos lá que no Brasil ainda é pior: qualquer professor da primária é lente.
Como os “lentes” eram ao que “liam”, nas velhas universidades livrescas, isso ainda é compreensível.
Costumeira que me faz rir a valer é o processo que se está a adotar em ofícios e outra correspondência, oficial e oficiosa. Os sujeitos assinam com uns gatafunhos e mandam a assistente pôr por baixo Dr. Fulano de Tal.
Que é como quem diz: olhe lá, eu cá sou Dr.!
Isto faz-me lembrar que certo dia um americano meu amigo me disse não compreender por que motivo em Portugal todas as senhoras eram Donas e os homens todos (ou quase todos) Drs., ao passo que em Espanha os homens preferiam o Dom.

Respondi-lhe que cada povo tem a sua abundância:
Em Espanha há Dom e em Portugal há Drs.… como no inverno há cogumelos!

Carlos Fiúza

3 comentários:

mario carvalho disse...

http://www.publico.pt/Sociedade/portugueses-tem-mais-doutorados-e-mais-filhos-fora-do-casamento-do-que-os-espanhois-1540889

caro Carlos Fiuza

Estou "quasi "na fase do

" que cada um siga o seu destino"

se o bébé não quer mudar a fralda que está toda cagada .. porque parece que se semte bem.. quem sou para o obrigar ao abrigo da CONSTITUIÇÂO DA REPUBLICA?


se o bébé quer meter o dedo na "ficha" quem sou eu para o obrigar ao abrigo da

CONSTITUIÇÂO DA REPUBLICA?

se o bébé vai para presidente da camara de

sei lá..não digo qual.. e diz que o cemitério tem que ser no centro para que toda toda a gente esqueça o que foi a piscina do cemitério e o cemiterio da piscina
(para quem não sabe enganaram-se e
construiram o ceniterio onde havia água a mais e a piscina onde não havia água... nem gás..)

e como está no CENTRO... dê-se vida ao CEMITÈRIO

e ENTERRE-SE o CENTRO CíVICO... vulgo "castro de carrazeda"

QUEM SOU EU?

.........
se o bébé vai para 1º ministro ou presidente da republica e sugerem que como responsáveis ....

o melhor é fazer como o comandante
daquele navio .. sugerir que io melhor é pirarem-se .. quando já estão em botes salvavidas nalgum..

offshore..

QUEM SOU EU?! PARA SUGERIR SEJA O

QUE FOR?

só que desgraçados..

tal como os amigos Kadhafis e outros... de pouco lhes valerá..

até o próprio Marquês de Pombal..

por cada transmontano e Távora que matou... milhares de "bichas" o estruparam--hi hi hi!!!

cumprimentos

mario carvalho

ps

resta-nos o optimismo do amigo radical

para lutar contra o bota abaixismo

e nos manter na esperança de que vale a pena acreditar no progresso.. nos barquinhos e nos elevadores.. e sobretudo nas pastilhas para o reumatismo,, alucinógeneas

mc disse...

No meu comentário anterior esqueci-me da razão principal do meu comentário ao, artigo do carlos fiuza... sabedor amigo do saber..

sem peneiras.. porque sabe que não precisa de ler as ordens de serviço

para que todos o admirem, acreditem e sigam ... sem contestação...

...............
e o comentário era..

A sabedoria do arrumador de automóveis :

- Venha , venha.. alto.!!!

- Bom dia Doutor..

Resposta do Doutor

- Pegue-lá 1 euro

- obrigado doutor

............

ou.......

- Bom dia doutor
resposta nenhuma

- Olhe lá Doutor.. se não me dá 1 euro , qunado vier tem o carro todo riscado , sem rádio, com os pneus furados e se calhar!?

- resposta do Doutor:

- o Senhor desculpe.. estava só a pensar se tinha aqui 10 euros para lhe pagar o favor de me tomar carro
......

doutores são todos os que são doutos...

Anónimo disse...

Licenciado/Dr. - Homem, portador de conhecimento adquirido que dispõe de forma limitada ao serviço de outros. Aplica a ciência, medicina, tecnologia, etc. etc. de acordo com a sua especialidade.
Ex. Médicos, advogados, policias, tanoeiros, albardeiros, magarefes...

Professor - Homem portador de conhecimento que transmite aos seus semelhantes nas várias fases de aprendizagem. Dependendo da sua competência e sapiência pode ser um educador social. Apesar da sua especialização de conteúdos possui conhecimento bastante que abrange outras áreas.
Ex. Professores de ensino, párocos, avós, pais.

Artista - Homem não presente como pintores ou escultores por ex. que nos transmitem ideias à distância através do significado e/ou significante da obra em que a interpretação fica na liberdade e capacidade de imaginação do senso comum.

Enfim, os meus conceitos...

Ateu Versão/2012