07 abril 2012

Anglicização sintática ou… vandalização? (Carlos Fiúza)



Lembram-se do folheto de propaganda do “Barateiro” da minha terra? O tal que vendia sapatos para senhora com “tiras às pernas”?
Pois bem: afinal o pobre homem não está sozinho! Afinal a sua “expressão” semântica até não é tal mal “construída” assim.
Para começar, apresento estas realidades da nossa expressão, referidas intencionalmente ao caso do lembrar:
Estação de caminho de ferro. Casa ou Salão de chá. Pau de bandeira. Cabeça de casal. Cabo de vassoura. Dia de Natal.
Suponhamos que amanhã alguém se lembrava de começar a dizer:
“Caminho de ferro estação”. “Chá casa ou salão de chá”. “Bandeira de pau”. “Casal de cabeça”. “Vassoura de cabo”. “Natal de dia”.
E assim por aí adiante…
Esse alguém, enquanto a loucura se não tornasse doença epidémica (em caso de obstinada repetição de tal sintaxe) ingressaria sozinho num dos hospitais de alienados, talvez para o “pavilhão dos recuperáveis”…
É que, se em inglês, o substantivo determinante, de acordo com a índole dessa língua, se coloca antes do determinado, em casos como os que traduzem os exemplos dados, em português a sintaxe normal exige a determinação posposta.
Assim, onde o inglês diz railway-station, nós dizemos estação de caminho de ferro; sendo tea-room a construção inglesa, só casa ou salão de chá deve ser a tradução; se na Inglaterra se fala em flag-staff, em Portugal refere-se o pau da bandeira; empregando-se em inglês a expressão householder, nem por isso em português se usa “casal cabeça”, porém sim cabeça de casal; broomstick não corresponde ao nosso “vassoura cabo”, mas ao portuguesismo cabo de vassoura; o encantador Christmas-Day perderia o encanto em Portugal, se a gente lhe chamasse “Natal dia”, em vez de, à portuguesa, dia de Natal.
Pode a vida da linguagem explicar-se, penso eu, como a vida dos sentimentos.
Assim como alguém de bom coração se impressiona mais, se admira mais, ou reage mais com algum ato indigno do que outra pessoa afeita a patifarias, igualmente, quando nos pomos com íntegro caráter de Portugueses a presenciar as indignidades da expressão estrangeirada, sentimos crescer em nós a má impressão, o espanto, a revolta, a que alguns insensíveis acaso chamarão ingenuidade, mediocridade ou caturrice.
A construção dia de Natal é puramente portuguesa, como o é cabeça de casal e as outras referidas. Mas “Natal dia”, se amanhã se passasse a dizer assim, constituiria uma aberração repulsiva, por contrária à nossa tradicional sintaxe.
E, no entanto, quanto para aí se diz: “Lusitânia Expresso”, “Londres Salão”, “Estoril Praia”, “Avenida Palace Hotel”, “Caneças Bar”, etc., etc., há muita gente que, por acostumada ao exótico de tais chamadoiros, achará essas anomalias toleráveis, com se de anomalias de construção se não tratasse.
Que se transija, por exemplo, perante o anglicismo “bar”, ainda se poderá aguentar, posto que botequim ou taverna digam o mesmo. Mas aceitar com o “bar” a sintaxe inglesada (e ao mesmo tempo comicamente portuguesa) de “Caneças Bar”, é coisa que me parece de perigosa desorientação para a lógica da expressão portuguesa.
Por este andar, lá virá o dia em que se chame ao Sindicato dos Alcoviteiros, “Alcoviteiros Sindicato”, às Juntas de Freguesia, “Freguesia Juntas”, à Assembleia da República, “República Assembleia”, etc., etc.
Parecia-me conveniente reagir contra esta desnacionalização desenfreada, contra esta ridícula subalternização ao espírito das línguas estrangeiras.
Proliferam em Portugal uns supercultos que se riem, quando alguém protesta contra a vandalização do Idioma, e repetem, em ar doutoral, que a Língua “evolui”, que as línguas se “interpenetram”, que, assim, como mudam os tempos, assim mudam costumes, inclusivamente os de expressão.
Mas… quem diz menos disso?
Hoje nós não vamos falar ou escrever como se falava ou escrevia no tempo de Afonso Henriques.
Os arcaísmos podem ser tão reprováveis como os neologismos ou os estrangeirismos. Não se misture, porém, a evolução com a despersonalização, com a subserviência, com o aniquilamento da dignidade da Língua pátria.
Bem sei que o nacionalismo, levado ao fanatismo, é incoerente, ou, pelo menos, pueril. Mas a anarquia da expressão, no excesso oposto, representa um perigo para a integridade do nosso caráter de Portugueses.
Já mais de uma vez tenho defendido haver prejuízo para a personalidade idiomática, se a sintaxe portuguesa se deixa desvirtuar pela influência de outras línguas, principalmente pela inglesa e pela francesa. Na verdade, o especto das línguas que melhormente lhes traduz o espírito é a disposição, a combinação, a ordem, numa palavra a sintaxe dos seus elementos de construção lógica. E acontece tomar-se por vezes por legítimo progresso da linguagem o que amiúde representa progressivo desvirtuamento.
Exemplifico:
Noutros tempos havia em Portugal estalagens, pousadas e hospedarias.
A palavra francesa Hôtel, tornada internacional, chegou cá à nossa terra. Conforme à índole do português, albergou-se o termo e, claro está, hoje seria inútil ou tardio protestar contra o estrangeirismo. Estamos de acordo: hotel, agora, é palavra portuguesa. Não se discute.
Até aqui, evolução da língua.
O luxo, contudo, não ficou satisfeito. Exigiu mais. Vejamos o quê:
Em inglês há a palavra palace, com acento em pa, a qual significa palácio.
Recorreu-se a ela e engendrou-se isto: Palace Hotel. Em seguida, como o francês é língua de mais fácil pronúncia, começou a proferir-se o inglês “palace” à francesa, isto é, com acentuação em la. Esqueceu-se assim o próprio francês palais e, o que foi pior, olvidou-se a sintaxe portuguesa, passando a usar-se a barbaridade de “Palace Hotel”, em vez de, por exemplo, Hotel Palácio, ou coisa equivalente.
Chegados aqui, parecerá ao senso comum que ainda estamos em “evolução”? Abstenho-me de responder.
Outro exemplo, não me desviando eu de assunto afim:
Tínhamos em Portugal, além do mais, os botequins. Passámos a ter os bares (em inglês - bars).
Fizemos mal em aceitar o estrangeirismo “bar”?
Quase toda a gente achará que não fizemos mal, e eu não contrario. Apenas digo que os Italianos (por exemplo), empregando barra, foram mais nacionalistas do que nós. Na verdade, a palavra inglesa “bar” aplica-se aos botequins, porque significa o balcão das lojas de bebidas. “Bar”, inglês, proveio do francês antigo “barre”, por sua vez do baixo latim “barra”. Ora, este baixo latim “barra” deu-nos o português barra. Portanto, quanto à origem, o francês barre, o inglês bar, o italiano barra e o português barra são as evoluções normais da mesma palavra.
Mas fiquemos nisto: bar, como aportuguesamento do inglês “bar”, explica-se por evolução.
Pergunto agora: “Caneças Bar”, “Cristal Bar”, “Os Três Unidos Bar” e maravilhas assim explicam-se também por evolução?
Respondam os “evolucionistas”, porque eu acho melhor não responder.
Considero suficiente a comparação destas denominações com a construção que amanhã algum maníaco se lembrasse de explicar, generalizando o inglesamento.
Passaríamos a ter um “Recreio Coliseu”, um “Nacional S. Carlos Teatro”, uma “Municipal Lisboa Câmara” e, por fim, evolutivamente… um Rilhafoles Hospital.
O estrangeirismo pode investir com um idioma, assaltando-lhe a fonética, a grafia, a sintaxe e a morfologia, a sintaxe e a semântica. Destes cinco assaltos pior é, sem dúvida, o contra a sintaxe, pois em tal caso corre perigo a parte vital do Idioma.
Sofre a Língua portuguesa arremetidas várias e por vários modos. E, usando de expressão atual, direi que o pior inimigo não é o inimigo exterior (inevitável influência de línguas estranhas), mas o inimigo interior, “a 5.ª coluna da linguagem”, constituída pelos que roubam a unidade ao Idioma pátrio.
O cúmulo da desnacionalização da Língua atinge-se, quando se substitui, na sua estrutura sintáxica, a construção própria por construção alheia, de todo diferente.
Entre a sintaxe portuguesa e a inglesa há pronunciadas diferenças, que as distanciam grandemente.
E mesmo um ignorante de coisas de gramática deve ter reparado em que o adjetivo atributo concorda em género e número com o substantivo a que se refere.
Isto em português, claro está.
Se souber inglês, até sem conhecimento de gramática, traduzirá, por exemplo, “national films” para fitas nacionais, ou filmes nacionais.
Haverá em todo o nosso Portugal algum analfabeto capaz de dizer que tem visto “nacional filmes”?
Suponho que não.
Mas, se não há tal analfabeto, há gente portuguesa semiculta que denomina à americana uma empresa ou coisa parecida que talvez seja portuguesa nas intenções e nas obras, mas é estrangeira no chamadoiro.
Chegados aqui, pergunto:
- Será que um Povo, “velho” de quase 900 anos, já não tem idade para aprender?
Felizmente ainda há quem responda que sim! Veja-se o nosso Ministro das Finanças (Doutor em Economia, não em Matemáticas) a “ensinar”, em plena Assembleia da República, a todos os seus “pares” (e aos “ímpares”, como eu?) que “o ano de 2015 vem depois do ano de 2014”!
Pergunto, ainda:
- Será que o nosso Ministro da Educação (ele sim, Doutor em Matemáticas), ao não “pôr ordem na casa”, se “esqueceu” que “o ano de 2014 vem antes do ano de 2015”?

Por favor: não me digam que “burro velho não aprende línguas”… eu (“burro velho”) ando a aprender Mandarim!

Carlos Fiúza

10 comentários:

Anónimo disse...

Errata:
Na parte final do texto, onde se
lê:

- Será que o nosso Ministro da Cultura...

deverá ler-se:

- Será que o nosso Ministro da Educação...

As minhas desculpas.
Carlos Fiúza

josé alegre mesquita disse...

É uma delícia aprender com o Carlos Fiúza. Os seus textos estão sempre cheios de rara clarividência, fruto da sua sabedoria e contínua atenção aos fenómenos da atualidade.
A nossa Língua não é um mero objecto funcional como uma folha de papel sobre o qual praticamos o acto, ela é um objeto cultural, é parte do nosso património, por isso com um alto valor afectivo.
Defender a língua é defender a nossa cultura e identidade.
Obrigado.

Tomei a liberdade, conforme sugeriu no seu comentário, de substituir Cultura por Educação, embora o ministrar cultura, pressuponha sempre o ato educativo.

Anónimo disse...

Poderemos classificar Eça de Queirós, ou Fernando Pessoa, por exemplo, de "anglicizadores" ou de "vândalos" da Língua Portuguesa?...

h.r.

Anónimo disse...

Meu Caro h.r.

Em todos os tempos houve disciplina e indisciplina, brio nacional e extravagâncias estrangeiradas, respeito do que é sério e gracejos mais ou menos zombeteiros ao que não se compreende bem.
De modo que não admira muito que hoje, como já no tempo de Eça, "vernaculidade lembre caturrice", "pingo de rapé" (esta mesma expressão é do Mestre).
E não confessou ele próprio ser “uma melancólica obra” da nossa desnacionalização?
Sou um profundo admirador deste grande escritor, mas não "divinizo" o seu estilo.
Já na magistral Antologia do Prof. Agostinho de Campos se diz que “os seus defeitos são qualidade”; “Ele é o mestre - e depois dele, ninguém, que se preze, tem mais o direito de escrever mal”.
Perde-se, por vezes, a noção do que há de pessoal, de individual, de gosto próprio no modo de escrever, no estilo de um autor e, esquecendo-se o dito de Buffon de que “le style, c’est l’homme”, aplica-se à linguagem, no sentido lato da expressão geral do pensamento, ou à língua de uma nação o modelo do escritor preferido.
Por vezes não se faz, até, a necessária destrinça entre a “matéria” da obra literária, as ideias ou os sentimentos que ela expressa, e a “forma”, quero dizer, o processo de expressão verbal dessas ideias ou desses sentimentos.
E se, por um lado, nos escritos de Eça há para apreciar as qualidades estéticas, as faculdades do seu temperamento artístico, o seu "estilo",por outro, há para estudar o uso que ele fez das qualidades fundamentais da linguagem.
É certo que a correção, a pureza da linguagem ou a vernaculidade constituem parte desse estilo, considerando este em sentido mais lato, e se podem haver como dotes ou qualidades “externas” ao estilo.
No entanto, urge não confundir, não baralhar, e assim convém que na prosa de Eça se "critique" de uma parte a sua inteligência de escritor, a sua imaginação e a sua sensibilidade, e os "dotes internos de estilo”.
De outra parte "critique-se" a correção ou a incorreção, a pureza ou a impureza da linguagem, isto, é os dotes “externos” do estilo.
E não é verdade que Eça de Queirós, ao recorrer ao termo estrangeiro desnecessário, caiu na esquisitice vocabular, contra a qual tanto protestava?
Pois será virtude a abundância de palavras rebuscadas "janotamente" nas línguas estrangeiras, principalmente na francesa?
Ele era, naverdade, um “afrancesado”… um divorciado dos segredos da linguagem popular portuguesa…
mas também um MESTRE, um dos meus Mestres.
Com isto, não vou esconder factos:
Eça de Queirós muitas vezes forjou termos, não porque na língua não existisse o que lhe traduziria a ideia, mas porque, desprezador das páginas clássicas e “ignorante” da língua popular, desconhecia este ou aquele recurso da expressão.
O que não quer dizer, claro está, que a prodigiosa intuição do artista não conseguisse amiúde feliz resultado com o processo de criar nova dicção à “língua”.

Mas tem razão: não rotularia, nunca, quer o Eça, quer o Pessoa, de “anglicizadores” ou “vândalos”.

Cumprimentos
Carlos Fiúza

mario carvalho disse...

http://pt.wikipedia.org/wiki/E%C3%A7a_de_Queir%C3%B3s


vale a pena recordar... as origens

a vivencia e a morte... além da obra

o pouco tempo que passava em Portugal.. era a sonhar com Paris..!!!

Anónimo disse...

Meu Caro h.r.

Como receio não ter sido suficientemente esclarecedora a posição que tomei face ao seu comentário, aqui fica a minha posição final:

Tenho a certeza que o meu Amigo compreendeu perfeitamente bem (em toda a sua extensão) o que pretendi dizer quanto à “Anglicização Sintática”…

E como o compreendeu…
… a sua pergunta tem uma lógica previsível para qualquer "seguidor” do Eça (como o meu Amigo e eu):

- “Podemos classificar o Eça de Queirós ou Fernando Pessoa, por exemplo, de “anglicizadores” ou “vândalos” da Língua Portuguesa?”

Posta a questão nestes termos,
a sua pergunta, só podia ser tomada como uma “picardia”… uma “provocação” (no bom sentido, leia-se), ou, então, uma “farpa” à Ramalho Ortigão.

E foi assim que o interpretei.

Escrevi-lhe um dia:
“Não fujo nunca a uma boa “briga”. O “terçar armas” é um dos meus desportos intelectuais preferidos”.

Assim…

- Eis-me aqui, de “peito feito” (em plena “liça) ”, disposto a “quebrar” umas tantas “lanças” em defesa da minha Dama - a Língua Portuguesa.

No entanto, para que conste, sempre afirmo que não precisamos de rebaixar o espírito tradicional da Língua Portuguesa para exaltar o género estilístico de Eça de Queirós.
Já se tem afirmado que a prosa do grande Escritor não ganharia tanta maleabilidade, se não recebesse tamanha influência francesa…

Como sincero admirador do glorioso Eça, faço ardentes votos para que todos os seus discípulos e admiradores não pervertam a lição real da sua arte, apreendendo o que ela tem de eternamente admirável, e não o que apresenta de ilusoriamente atrativo.

Abraço,
Carlos Fiúza

Anónimo disse...

Meu caro Carlos Fiúza,

Não, a minha questão nada tem de "picardia" ou de "provocação". Se eu não tivesse compreendido a sua soberba crónica, faria de ignorante, imitando, de resto, o nosso Eça,nas suas correspondências, ao "sabichão" do Pinheiro Chagas, por alturas de 1880 e que passo a transcrever: "... ao sabichão que, com quatro volumes debaixo do braço, nos venha a dizer, de alto: - ignorantes! eu cá sou sábio!, responde-se serenamente: - talvez, mas és pedante! E este tom, meu caro Chagas, é indispensável. Se não, os ricaços, os valentes e os sabichões, colligados entre si, tornariam bem cêdo a sociedade inhabitável" (fim de citação, do livro: "NOTAS CONTEMPORÂNEAS", de Eça de Queirós, ed. Lello & Irmão, Porto, 1945).
Mas nem eu sou Eça, nem o amigo C.F. é Pinheiro Chagas, por isso, esta resposta nunca teria aqui cabimento. Bem pelo contrário: tal como eu previa, a sua resposta à minha pergunta, foi sublime, certeira e bastante esclarecedora. É por isso que v. não precisa de estar de "peito feito" nem de "quebrar umas tantas lanças" (nem Quixote é para aqui chamado), porque, simplesmente, não há liça. E não há liça porque ambos defendemos a mesmíssima "Dama - a Língua Portuguesa". Ora, como estamos os dois do mesmo lado da "barricada", quer quanto à nossa Língua quer quanto a Eça e Pessoa, só me resta manifestar-lhe o meu prazer em ler aquilo que vem escrevendo tão superiormente!
Abraço, com as melhores saudações literárias e linguísticas.

h. r.

Anónimo disse...

Meu Caro Hélder Rodrigues,

Ausente por alguns dias, li hoje a sua estupensa resposta ao meu "desabafo".

Lúcido, sagaz, atento, o meu Amigo fez-me "arrepender" da minha investida:
- Estar de "peito feito, disposto a quebrar umas tantas lanças"...

Atiro a "toalha para o chão"... não há liça... os seus argumentos são irrefutáveis!

Abraço
Carlos Fiúza

Anónimo disse...

Atiro a "toalha para o chão"... não há liça... os seus argumentos são irrefutáveis!



.........


politicamente correcto

Anónimo disse...

"A reportagem fotográfica "Uma "Fábrica de Teatro", de Rui M. Oliveira, publicada no JN, venceu este sábado o Prémio de Fotojornalismo Estação Imagem/Mora na categoria Arte e Espectáculos. O principal galardão foi ganho por António Pedrosa com uma reportagem sobre o bairro do Iraque, em Carrazeda de Ansiães..."

Carrazeda nas bocas do mundo...