09 agosto 2009

Salve-se o Bicho Homem

Hoje apeteceu-me responder ao desafio que o meu amigo V.V. lançou no Blog do lado, onde felicitava os que avançavam com ideias “ para o fogo do Debate”.
Ao manifestar com desassombro a sua opinião sobre as propostas do Bloco para as eleições autárquicas V.V. conseguiu, possivelmente sem querer, tornar-se o protagonista da “season”.
Vitorino põe o dedo na chaga ao lembra-nos, por exemplo, a desertificação e o abandono dos velhos nas aldeias, para considerar “peregrina”a ideia de reactivação de uma proposta do Bloco, de propor uma Biblioteca Itinerante que percorresse as aldeias com oferta de livros. Neste particular fez-se em mim um “clic” e dei por mim a lobrigar contradições ou paradoxos que só um cego como eu parece conseguir descortinar, nas nossas aldeias quase desertas. Assim passei a injustificar também a eficácia de um médico a dar consultas itinerantes, de aproximação aos doentes. Passei a injustificar as tarefas de, educador de analfabetos, de catequista, de funcionário de correios, de lixeiros e varredores, de elementos de Junta de Freguesia, de capador, de pregador e sacristão, de curandeiro ou bruxo, de acordeonistas ou tocadores de sanfona, de endireita, de vendedor de sardinhas, etc. Evidentemente que, no caso de um cidadão sem responsabilidades como eu, estes juízos podem ser formulados, mesmo sem o apoio documental, ou estudo especializado que me ajude a saber melhor, antecipar o que o futuro nos trará. Acredito que gerações mais novas substituam as decrépitas onde eu me incluo, e tragam até nós outras realidades. È por isso que estava inclinado a concordar com V.V. quando propunha que em vez do pai fosse a filha a liderar a candidatura do Bloco. O facto é que, para mim, acredito que a filha saberá encontrar algo melhor para a sua realização e com proveito para a sociedade, do que ser candidata à presidência da nossa Câmara Municipal. È certo que è José Mesquita quem diz que o MIECAL é uma ideia original, duradoura, de visão de futuro …”com potencial a desenvolver”, demonstrando com este exemplo a sua modernidade, sem precisar das gerações mais novas a opinar por ele. (Como eu gostaria que estes factos me fossem demonstrados com estudos consistentes, antevistos). O facto é que também acredito que José Mesquita saiba ouvir e servir.
Contudo, o exemplo recente demonstrou-me que, qualquer um pode ser “um Bom Presidente de Câmara” desde que consiga dinheiro nos bancos para promover empreitadas. Com jeito ainda sobrará tempo para se tentar um curso na capital e beber uns copos com os amigos. Caberá contudo aos que vierem a possibilidade de refazerem este perfil.
A este propósito será curioso, observar-se nas proposta de candidaturas autárquicas, quais as sugestões que serão apresentadas para propor a resolução do endividamento da autarquia. Até agora não conheço estudos ou propostas concretas. Pode ser infundada a minha preocupação quando penso que esta será a única preocupação que enredará os próximos autarcas.
Pessoalmente não separo a cultura da política e considero que, seria o seu bom envolvimento, a determinante para que ambas produzam o efeito que eu desejaria. Era o efeito construtivo da participação cívica, em sã convivência e, na defesa das convicções políticas de cada um,defendidas democraticamente.
Na circunstância, cumpre-me registar e agradecer ainda, a opinião que V.V. formula ao sugerir uma exposição minha na inauguração do Centro Cívico. Ele sabe que o meu trabalho é mostrado e não é ignorado pelos que nele têm interesse. Este facto já seria por si, pretexto suficiente para que se preterisse a sua sugestão a favor de outros que, com melhor currículo são completamente marginalizados pelas circunstâncias.
Ao concluir e sobre a questão dos paradoxos, apesar das estatísticas, gostaria que não ficasse a ideia de que o Bicho Homem, nas nossas paragens, não é tão importante como o Lince da Malcata e o Rato Cabrera, só porque estes estão realmente em vias de extinção, tal como os aprofundados estudos parecem confirmar.

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