09 março 2009
Rica sessão de propaganda
O Ex.mo Secretário de Estado Adjunto, das Obras Públicas e das Comunicações convidou-me e eu apareci. Mais uma sessão cinzenta, com meia dúzia de "gatos pingados", a ouvir umas "tretas" e "balelas", para largar uns suspiros e bocejos, era o preconceito. Logo que me aproximei do Centro de Apoio Rural, estranhei a muita movimentação - GNR à porta, muita produção em vestuário e brilhantina e eu a pensar: "olha, tantos que foram convidados e eu a pensar que era muito importante". Transpus a porta e tapei a boca de espanto: "isto vai estar animado" - ainda para com os meus botões - sala quase repleta (o espaço veio a revelar-se insuficiente para a afluência), cenário cuidadosamente montado em tons de vermelho e negro. Depois toda a produção, diria quase hollywoodesca: o vermelho, o preto e o branco; o púlpito moderno, imponente, o cenário de projecção, a parnefália de TICs, as palavras bem destacadas: "www.douro interior.pt", "uma estrada que nos liga", "aenor"... A um sinal do "speaker", as pessoas sentaram-se automaticamente em completo silêncio. Iniciaram-se os flashes fotográficos que se prolongaram sessão adentro. Que falta aqui faz uma foto. Anunciou o anfitrião, o senhor Presidente do Município Carrazedense que não agradeceu, apenas reconheceu que vai ser desta. Um filme cortou rapidamente as envergonhadas palmas. Testemunhos sentidos e agradecidos. Anunciado o representante da AENOR, a concessionária, despejou informação e muitos números. O IC5 e o IP2 iniciam-se em Setembro de 2009 e após 30 pontes, 200 passagens, 1 000 000 de toneladas de betão, 4 000 empregos directos com estaleiros em Vila Flor, Mogadouro e Trancoso e a "task force" denominada de DIACE sedeada em Alfândega da Fé(a nós nada), chegaremos a Novembro de 2011 com uma factura a atingir os 600 milhões de euros. Esperava-se que com o slide sobre Carrazeda se atingisse o climax da apresentação. O homem da regie não o tinha preparado. Aqui a produção quase escambalhou. Uma verdadeira nódoa na pintura até aí imaculada. Uns bem compridos segundos de indecisão. Pediu-se um esforço de imaginação aos presentes para que Mogadouro (era o que estava preparado) se transformasse em Carrazeda. Só custava um bocadinho. Uns sorrisos nervosos, mas afinal, o ppt de Carrazeda poderia ser apresentado. Coube-nos então: 14 km, menos 30 minutos para Vila Real e 36 para o Porto. Um nó de ligação no Pombal e outro no Mogo de Ansiães. As gentes do litoral (até que enfim, dir-nos-ia depois o senhor secretário de estado) dar-nos-ão 50 milhões de euros para essa pouco mais de uma dúzia de km (uma bagatela: três milhões por cada km) e haverá 300 trabalhadores a laborar neste lanço. Mais um filme e mais testemunhos entusiasmados. Depois o senhor secretário de estado que repetiu até à exaustão que este governo cumpre promessas, que é o fim do isolamento do interior, que agora é que vai haver igualdade de oportunidades e que a oposição se opõe à realização da obra. Que rica sessão de propaganda, como nunca tinha visto...
Subscrever:
Enviar feedback (Atom)
12 comentários:
Convidou-o?
A si e a todos os Carrazedenses que eu saiba.
PORQUE A SI SE O CONHECE NÃO O CONVIDAVA DE CERTEZA ABSOLUTA.
TEM ESPELHOS EM CASA??????????????????????????????????????????????????????????????????
- DÚVIDO.
Se o Sr. Zé Mesquita queria ver melhor, apenas devia fazer um pequenino esforço de memória, recorrendo à propagande soviética da sua juventude!
Nada é bom!
Nem o Presidente anfitrião (Eugénio de Castro) pois já se esqueceu da funalização que muitas vezes lhe serviu de base à entrada do ganinete presidencial...
Só que daí nunca resultou convite para assessosrias ou outras mordomias...
Também não é bom o Serectário de Estado, porque não é comunista, nem a AENOR é boa...
A sua propaganda é sem dúvida, melhor!
Sr. Professor Mesquita:
Acho que devemos deixar a propaganda para segundo plano, porque eu prefiro esta propaganda com as obras lançadas e já irreversíveis do que a propaganda das promessas que já nos vinham "cantando" hà décadas...
o senhor jam tem a mania que sabe, é prof. e é contra este governo porque não quer ser avaliado.
rafaela plácido
"três milhões por cada km"??!!!! como é possivel??????????
Carrazeda num Planalto, muitíssimo baixo.
Esta propaganda justifica-se porque finalmente alguém se lembrou a sério do interior nordeste e vai cumprir aquilo que a direita política sempre prometeu com muita mais propaganda e nunca cumpriu.Parabéns ao Partido Socialista por nos colocar para sempre no mapa de Portugal.
Um transmontano de gema
O senhor Professor José Mesquita é o que bem se pode apelidar de um verdadeiro artista!
Fala em cinzentismo e afinal diz também que o cenário era preto, vermelho e branco!
Fala em meia dúzia de gatos pingados (onde ele também se incluia, naturalmente), mas logo a seguir diz que a sala estava quase repleta, e que o espaço veio a tornar-se insuficiente!
Viu o presidente anfitrião que não agradeceu coisa nenhuma e apenas "reconheceu" ser desta!
Por último disse sabiamente: " Que rica sessão de propaganda!"
Eu direi: "Que grande bebedeira deveria ter o dito artista!"
O BLOG É SEU, PODE CORTAR AMIGO!
Quando aqui falei de propaganda não quis atribuir ao vocábulo um sentido totalmente pejorativo,mas principalmente ao que se refere ao acto de "difundir ou divulgar uma ideia, doutrina, opinião....". Aproveito para sugerir a leitura da reportagem sobre a última edição da revista "Sábado" sobre as inaugurações do ministro M. Lino
Aprovei-te e desapareça também....
E se o Senhor Mesquita fosse Ministro, como por ex: "soviético" como faria?
É que Mário Lino também veio lá da sua banda!
Respondendo ao leitor do dia 11/03 ÀS 06:49H, tenho a dizer-lhe,veremos se assim será, sempre ouvi dizer "em tempo de guerra não se limpam armas".
Enviar um comentário