Metade da vila de Carrazeda de Ansiães esteve ontem sem energia eléctrica. Passava pouco das 20 h quando começou o apagão e só terminaria por volta das 23 horas, no total cerca de três horas. Apesar de algumas melhorias, a situação repete-se quase sempre quando se intensifica um pouco mais a chuva.
Este facto numa qualquer cidade ou até localidade do litoral faria a primeira página de qualquer diário e seria motivo de referência nos telejornais, quiçá notícia de abertura. Em Carrazeda não passa de mais um episódio pitoresco a que nos habituaram. Ninguém vai esboçar uma reclamação efectiva e consistente, para além do desabafo pontual, pautado por um ou outro impropério. Tão pouco alguém, ou quase, protestou junto da EDP ou utilizou o serviço telefónico de reclamações para se informar das causas do corte de abastecimento e pedir responsabilidades.
Conformamo-nos.
É natural. Vivemos no interior, um local de menos qualidade de vida, propício a situações do género. A entidade prestadora do serviço, monopolizadora, conhecedora do meio e da fraca reivindicação dos naturais, age a preceito, isto é ao ralenti. Os consumidores até nem são iguais ao do litoral, não protestam, “comem e calam”, por isso a resolução do problema “não é para fazer é para ir fazendo”.
Os resultados desta quebra de fornecimento foram os de que mais de metade dos munícipes foram obrigados a jantar às escuras (lembraram-se os velhos tempos da “luz da candeia”), estarem impossibilitados de um serão televisivo, muitos comerciantes ficaram impossibilitados de realizar os seus negócios (era dia de “derby” futebolístico e televisivo) e outros prejuízos e inconvenientes costumeiros, fruto do corte de energia eléctrica. O mínimo que se pediria à EDP era agora um esclarecimento público, um pedido de desculpa e uma possível indemnização pelos prejuízos causados. Será?
O período do apagão correspondeu, grosso modo, ao tempo que decorreu o jogo Porto – Sporting. Perdoem-me a possível precipitação, mas até parece que só depois do jogo é que decidiram proceder à reparação da avaria, havia que assistir descansadamente ao futebol.
Haja luz!
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