17 novembro 2005

A Criança numa escola


Muito se tem escrito sobre a problemática do encerramento das escolas do ensino básico, nomeadamente sobre o que atinge duma maneira significativa o interior do país.
Sugerem o encerramento de todas as escolas que tenham menos de 20 alunos, no caso específico deste Concelho, a única escola com viabilidade para cumprir este objectivo seria a da Vila.

O que pensam os intervenientes:
- Os pais, duma maneira geral, podem ser divididos entre os das comunidades citadinas, que desejam uma escola não pela proximidade, mas sim que além de garantir a qualidade do ensino, garanta também a vigilância e a ocupação da criança, compatibilização com os seus horários profissionais e as pequenas comunidades rurais, que além da referida qualidade, gostam de ter os seus filhos “debaixo das suas asas”, sentem esta proximidade como protectora, regra geral, os filhos têm com quem ficar, e resistem à mudança por não entenderem os benefícios, nem serem objecto de reflexão e participação do novo modelo organizacional.
Os Professores defendem a sua posição de classe como é normal, menos escolas maior taxa de desemprego. Não quero ter uma visão sectária do problema e passar a mensagem que há falta de profissionalismo entre os professores, longe de mim pensar deste modo, mas não invalida o que disse anteriormente.
O Governo via M(in)istério da Educação vê apenas a redução financeira, menos professores menos auxiliares, menos com menos, menos dá.
A autarquia vê mais uma competência atribuída sem o correspondente encaixe financeiro.

Pergunta-se:
Quais os estudos que foram feitos para se chegar à conclusão que as turmas têm que ter mais de vinte alunos?
Foi ou não equacionado e resolvida a questão dos transportes e a alimentação?
Poder-se-ia enunciar muitas outras perguntas a juntar à crise (separação).
Mas o mais importante ficou por dizer ou seja, este tipo de ensino dirige-se a quem? Às crianças. E o que é melhor para elas?

O que existe, em muitos casos são:
Turmas com um ou dois alunos, quem beneficia? Onde entra a sociabilidade tão importante para a criança, o surgimento e o significado do grupo.
Sem espaços para actividades físicas ou recreios funcionais? Não podem testar habilidades físicas, aprender as regras. A aprendizagem da linguagem e a habilidade motora de uma criança também são desenvolvidas durante o brincar.
Salas de aulas sem aquecimento, qual a produtividade dos alunos?
Impossibilidade de fornecimento de refeições.

Há que ponderar muito bem os prós e os contras.
Sem querer saturar, fica a ideia que o assunto foi tratado apenas pela rama, mas espero contribuir para a discussão.
(O Protestante)

1 comentário:

Hélder Rodrigues disse...

é um facto consumado, infelizmente para as aldeias, que a desertificação se instalou, quer devido à emigração quer devido ao fraco índice de natalidade, sabendo-se que uma ( fraca natalidade) é consequência da outra (emigração). sendo assim, as escolas do meio rural, na sua generalidade, não excedem os cinco alunos, havendo muitas com um, dois ou três. ora isto tem consequências financeiras para o Estado, é certo; mas com o encerramento das escolas, as consequências sociais e profissionais dos agentes de ensino será ainda maior, pois o desemprego ainda se irá agudizar mais. quanto às soluções, elas passam pela centralização de docentes e discentes em locais que reúnam condições para os receber. mas aqui é que está o busílis da questão: que condições? qualquer um dos edifícios escolares actuais onde se prevê a centralização (Carrazeda, Pombal, Fontelonga (?) Seixo (?)...) não reúne, de momento, as mínimas condições para receber todos os actores da educação. Como em várias outras situações, começa-se o edifício pelo telhado! primeiro, deveria já estar concluído (ainda nem começou!), em Carrazeda, o grande edifício escolar, moderno, funcional, cómodo e eficiente. isto é, com amplas salas de aula, aquecimento central, biblioteca, ginásio, cantina, sala de professores, tecnologias actuais (computorização de banda larga, vidioteca e outras), com salas próprias para o efeito, e tantas outras exigências para um efecivo desenvolvimento de competências para todos, tendo em vista um futuro melhor, sobretudo, para as nossas crianças, pois são elas o garante de um Portugal melhor e mais desenvolvido a todos os níveis! quanto ao desemprego dos professores como consequência desta centralização, apresento aqui uma solução eficaz e profícua para os objectivos gerais do ensino (sucesso educativo): basta acabar com a monodocência e haver um professor para cada disciplina, como acontece, aliás, nos 2º e 3º ciclos. deste modo, haveria mais emprego para todos e as crianças não sentiriam, como actualmente sentem, um grande impacto negativo quando terminam o 1º ciclo do ensino básico e vão contactar com uma realidade muito diferente no que concerne ao sistema de ensino e de convívio social. obrigado ao sr. "protestante", por me suscitar este comentário a um tema tão actual como este.



mota