Realizaram-se eleições há pouco tempo. Delas resultou a designação de um Presidente da Câmara que, por acaso, é o mesmo que vinha de trás.
É natural que se pergunte o que deve ele fazer nos próximos quatro anos, que afirma serem os derradeiros da sua vida de governação municipal.
Há, claro, que cumprir algumas das promessas feitas e que, no dia a dia, tomar a seu cargo uma parte (convém não demasiado absorvente) das tarefas concretas.
E não demasiado absorvente para que lhe sobre tempo para algo de inovador consistente por um lado na preparação estratégica do futuro do concelho, e por outro para que deixe como seu legado um modo novo de fazer política e uma forma nova de dinamização das forças vivas locais, não descurando uma função cívica em prol de todos os Carrazedenses e, em especial, daqueles que não têm até agora assumido a dignidade de cidadãos de corpo inteiro.
Troquemos isto por miúdos.
Vislumbro três aspectos talvez até agora descurados:
- É preciso tentar adivinhar a evolução provável futura e é preciso preparar uma saída.
Será que ao concelho interessa a dispersão de meios, o esfarelar de iniciativas, ou antes a concentração delas na sede do concelho para que, morrendo as aldeias, pelo menos se salve o núcleo central que permita ainda a persistência, per omnia secula seculorum, duma circunscrição territorial carrazedense?
Eis a primeira questão. - Segunda questão: Será que a Câmara poderá viver isolada das outras instituições concelhias? Não deverá o Presidente contribuir para que outras organizações sociais (a Igreja, a G.N.R., as Escolas, os Bombeiros, o Centro de Saúde, a Misericórdia, etc) chamem á sua responsabilidade tarefas que descentralizem a acção camarária e a aliviem de muito trabalho?
Não deverá por exemplo, a Igreja dedicar-se mais à sua função social (apoio às camadas mais desfavorecidas) e menos aos rituais?
Não deverão as outras instituições assumir mais as suas tarefas próprias, dinamizando-as e aprofundando-as mais e mais?
Não estará o nosso Presidente da Câmara numa situação privilegiada para exercer aqui uma acção especial de incentivo? - Terceira questão:
Será que ao Presidente da Câmara não lhe interessa o modo como todos os serviços públicos (e privados?) funcionam, como atendem os munícipes, que dignidade atribuem a estes?
Não lhe caberá chamar civilizadamente a atenção daqueles serviços que não tratem civilizadamente todos os cidadãos?
Não lhe pertencerá uma tarefa de incentivo à desburocratização, simplificação de processos e modo educado de atendimento?
Responder-me-á, perguntando, o seguinte:
Presidente: o quê, a mim é que me compete resolver (ou meter-me em) tudo? O que seria dum Presidente de Câmara duma grande cidade se tivesse que fazer tudo isso?
Por isso, este despretensioso artigo é encimado pela expressão “função do Presidente da Câmara Municipal de Carrazeda", não de qualquer Presidente de Cãmara.
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João Lopes de Matos
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