«Observando a tomada de decisões políticas nos últimos anos em Portugal, revelam-se dois fenómenos preocupantes.
Por um lado, com a sucessão de Governos, verifica-se o “fenómeno do pêndulo”, caracterizado pelos avanços e recuos nas políticas, pelo suceder de decisões e respectivas revogações;
por outro lado observa-se, aqui e ali, um fenómeno de “Água mole em pedra dura…” na medida em que há um conjunto de ideias ou propostas legislativas que, não tendo à partida a aprovação da população, vão “assentando” no seu espírito e sendo encaradas cada vez com maior passividade até que são finalmente implementadas, sem serem realmente debatidas.
(...)Para o bem ou para o mal.
E isso é preocupante. Não pelo facto de as medidas que desta forma vão sendo adoptadas serem boas ou más. Mas porque falta realmente um debate sério. Um esclarecimento abrangente das questões em apreço. É preocupante porque, no limite, com esta lógica de funcionamento, podemos chegar a admitir que haja uma proposta que, por mais absurda e irracional que seja, venha a tornar-se lei, desde que se lhe dê o tempo suficiente para que os opositores se tornem passivos e omissos.
Assim, à falta de uma discussão profunda e debate de ideias sério, e perante o cansaço de muitos, nunca saberemos se as “grandes políticas”, as “medidas de fundo”, foram aprovadas porque têm valor, porque contribuem para o bem estar da nação, ou se simplesmente foram aprovadas pela persistência de uns e pelo “baixar de braços” de outros.»
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Ricardo Ferreira, Semanário Económico
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