30 outubro 2005

Masoquismo ou incompetência

«Na semana da apresentação do Orçamento Geral do Estado, nada mais normal, que a sua observação e consequente análise.
E não será preciso observar muito, para descobrirmos que este Orçamento enferma das mesmas doenças e dos mesmos males que os anteriores.
(...)
...o curioso, é que este modelo ultimamente utilizado, com relevância para o reinado da Drª Manuela Ferreira Leite, já deu provas mais que (in)suficientes para a sua fragilidade e falta de aplicabilidade.
E isto porque, sendo a economia, uma questão cíclica, não havendo investimento, não há produção; não havendo produção não há emprego nem riqueza; não havendo emprego nem riqueza, não haverá consumo, mas seguramente haverá crise social. A instabilidade e descontentamento social aumentam, o desemprego dispara em flecha, a depressão toma conta do estado de espírito da maior parte dos Portugueses. No meio destas conclusões, o que choca profundamente, é o facto de isto ser uma situação repetitiva, assistindo-se a uma gritante falta de coragem profissional, mas, e sobretudo, falta de coragem política, para darem o grito do Ipiranga, e criarem a ruptura com o passado.
Todos temos consciência que a época é de contenção, mas o que é certo é que continuamos agarrados ao marasmo das consequências mínimas, já conhecidas de experiências passadas, em detrimento de propostas arrojadas, claro que controladas, mas que obrigatoriamente possibilitariam outros resultados, e consequentemente outro desenvolvimento económico.
Afinal de contas, pior é difícil.
Este arrojo, que tanto a Administração Pública reclama no quotidiano dos empresários, é o típico “do olha para o que eu digo, e não olhes para o que eu faço”.
(...)
Mas no Estado, tudo é mais fácil, e podemos sempre manter a esperança, de que os Orçamentos rectificativos virão eliminar os problemas do anterior. Mas já diz povo: “o que nasce torto, tarde ou nunca se endireita”.
Portanto, resta-nos à boa maneira Portuguesa, manter a fé, e aguardar que melhores ventos nos soprem, e entretanto questionar, se tais atitudes se ficam a dever a masoquismo, ou a pura incompetência
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Paulo Peixoto, Semanário Económico

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