29 setembro 2005

OPERAÇÃO DE MINIMIZAÇÃO DE UM EGO MAXIMIZADO (duas curtas metragens)

Nestas férias,ao Centro Internet, em Carrazeda, aportou uma tarde para navegar o actor André Gago. Nisto,
irrompe uma senhora cujo único fito estava em colher dele assinatura. Disse: para o meu filho que o viu na televisão. O actor mandou-a esperar, até que acabasse de enviar _ _ suas mensagens. A senhora aguardou. Não fiquei a perceber se o filho tinha noção em que peças, séries, novelas entrara o actor, mas simplesmente porque existia — pois só em ficção, se é... Como viu uma lírica da Mão Morta, num qualquer ‹‹directo encenado para a teelvisão››: bem longe desta pobre realidade.

Já me permiti discordar do prof. José Mesquita, por não passar sobre a forma: o tom monocórdico do prof. António Borges. Ele respondeu-me — por muito bem, que esperava mais, após a sua excelente entrevista à Visão. E eu: Que assim tenha sido, mas nunca será demais abusar de _ _ uníssono, quanto à matéria — por uma ética política, no fazer depurar a democracia de seus elementos perniciosos: a corrupção, o tráfico de influências... E nisso o prof. António Borges não deve cansar-se de repetir. Tem toda a razão. E em sentido mais lato o prof. Eduardo Prado Coelho, quando alarga as limpezas à economia paralela para financiamento do aparelho... E o dr. Miguel Sousa Tavares, quando afirma que a democracia vai refém, sem limitação de mandatos, nas autarquias... E o dr. António Barreto, lembrando o relatório Mc Kinsey, [Portugal 2010], pelo qual se constitui forte motivo para o nosso atraso, a burocracia, sobretudo local, em certos licenciamentos. Em uníssono,
pois se trata de vida ou morte da democracia, de que Churchill disse ‹‹o pior dos sistemas, com excepção de todos os outros››. Em uníssono, o prof. Marcelo Rebelo de Sousa apontou o exemplo de certos países ocidentais, onde quem vai arguido, (nem precisa haver lei), ao nome de uma ética política — não concorre. Ou então, temos:
condenada _ Justiça — ideia central de Democracia —, pelo voto do povo. Segundo aquela conclusão brilhante de que o político roubou, mas deixou obra. (Ainda que por vezes seja só de 4 em 4 anos, como na campanha de Sérgio Godinho — ‹‹um pão de ló, um bacalhau, uma salsicha››.) E aqui temos duas ideias completamente populistas: 1ª, a de que os políticos são de todo ladrões, não vendo os cidadãos que os seus (quando os seus são os tais do gostinho especial...) mais poderiam ter feito (a ideia do prof. Marcelo, _ da ineficiência de meios), se muitos dinheiros não fossem no próprio proveito; 2ª, a de que, para os que proferem tal comentário — os políticos são todos iguais —, e lá estivessem aqueles por estes, mais eficazes seriam na arte da fuga... pelo que
condenasse o voto todas as candidaturas fulanizadas, a contas com a Justiça, e os eleitores estariam a salvar a Democracia de morte-matada. Também a limitação de mandatos
contribuiria para a ‹‹operação de minimização de um Ego maximizado››, como na canção dos Ornatos Violeta, fazendo crer que o exercício do poder seria apenas em tempo limitado — no cumprimento de uma missão de estar ao serviço dos cidadãos. Sem tempo de viajar de foguetão à Lua e entronizar-se, com a cauda no céu... por saberem que _ _ breve, muito em breve regressariam... Planeta Terra.

Vitorino Almeida Ventura

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