O artigo do dr. João Lopes de Matos, ''Filosofia e Ciência", vem destacar a importância de ‹‹discutir, sugerir, apresentar dúvidas›› e a necessidade ‹‹das tertúlias››, no futuro Centro de Apoio Cívico — o que vem destacar o lugar onde agora esse se vem fazendo: este blog, quando se não transforma em lavadouro público e cumpre a função a que se propõe — ''pensar''.
É que, alguns poucos-poucos, aqui vêm fazer de dr. Mário Soares quando ao entregar um prémio importante à escritora Maria Gabriela Llansol, salvo erro, o Prémio da Crítica e Grande Prémio APE, em 1990, por Lisboaleipzig lhe disse — ‹‹nada perceber da sua mensagem››. (E alguns poucos até criticar quem aprecia, o que remanesce ainda da qual veia censórea salazarista.) Não vendo
como Eduardo Lourenço, essa ‹‹mistura de obscuridade global e de fulgurância nos detalhes››. Naquele livro da grande escritora, em esvaziamento do sujeito e da narrativa (‹‹causa amante››), que passa a espaço agónico do sujeito e da narrativa, como bem focou uma minha professora há anos — Maria Nazaré Gomes dos Santos, pode ler-se: ‹‹Escrevo, para que o romance não morra. Escrevo para que continue, mesmo se, para tal, tenha de mudar de forma, mesmo que se chegue a duvidar que ainda é ele, mesmo que o faça atravessar territórios desconhecidos, mesmo que o leve a contemplar paisagens que lhe são tão difíceis de nomear››. E eu aprecio essa terra de ninguém, onde existe um diálogo explícito com a música, a literatura e o pensamento, através do encontro das figuras de Aossê (Pessoa), Bach e Espinosa. A nível formal e semântico,
muitos livros de Llansol incorporam variações com caracteres tipográficos, espaços em branco, traços horizontais, versos livres, interrogações retóricas que proporcionam a própria fragmentação do sentido, reforçando o clima de estranheza. Mas é um lugar onde, na tradição de pensadores místicos (San Juan de la Cruz, Eckart) , filósofos e poetas heréticos, com as presenças preponderantes de Espinosa, Nietzche, Hölderlin... Se dá um diálogo e a língua liberta da ‹‹impostura››. Lugar onde a língua está comunhão, afecto, enfim, acesso ao conhecimento do amor — que eu proponho para o concelho
uma ideia cultural, como facto social global, longe de uma concepção da política — e do político, fragmentada em partidos. Um espaço cultural onde, como diz o dr. J. L. de Matos, o concelho possa avançar, onde todas as teses confluam ao progresso material e mental dos seus cidadãos. Uma política cultural ao serviço dos cidadãos, que ame os seus filhos — não só os próximos. E vice-versa: como o FARPA — _ _ _ se levante do Pombal e leve o culto a outras aldeias!
Vitorino Almeida Ventura
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