Frequentemente fico extasiado com muitos dos que se
candidatam às eleições autárquicas na nossa terrinha. É gente desinibida. Sim
porque estou em querer que, à partida, a generalidade não faz ideia da responsabilidade
que se lhe devia exigir, para aquilo a que se candidata. Essa cândida
ignorância, leva-os a ir em frente com a confiança de quem quer e crê. Não vale
refletir sobre o que os pode esperar, já que vão a procura dos seus Eldorados. Por
sua vez não é difícil observar a realidade a que o concelho chegou. A ideia de cidadania não
conta até porque é muito relativa. Cada um tem a sua.
Os candidatos privilegiam
então olhar-se ao espelho, para dar conta que é necessário um retoque na
imagem. Todos têm pomposas ideias e teorias sobre tudo e, a certeza das conveniências
ou das exequibilidades. Passados 40 anos, ninguém lhes consegue apontar bons
modelos só porque nunca os houve, nem há quem informe sobre quais são as
responsabilidades da incumbência. Mas também ninguém pergunta, o que é natural.
Apresentam-se como grandes generalistas, com experiência e credenciais, nos
mais diversos misteres e funções. Do Veterinário ao Enólogo, do Doutor ao
Bacharel, do Funcionário Público ao Empregado de Mesa, do Boticário ao Agricultores,
do Teólogo ao Taberneiro, todos têm perfil para se alcandorarem com alegria aos
lugares de Timoneiro.
Importa sim o porte, para as poses e o perfil que melhor
fique nas fotografias. Apruma-se o timbre de voz e está feito. Ser do Partido
ajuda mas, já deixou de ser moda conhecer programas e pagar cotas para a causa,
até porque a causa alterna com o vento que passa. Estar com o poder é meio
caminho o outro é oferecer confiança.
Pela noite reúne a corte, nomeiam-se os candidatos ficando para
a história a ata a relatar que a eleição foi por unanimidade e aclamação. Não constam
eventuais dissidências ou isenções, só borrariam a escrita. Finalmente os
eleitos estão habilitados para serem servidos e se servirem.
Vencer a eleição é o
objectivo seguinte, sem o qual se torna mais bicudo capitanear as massas e
gerir o bolo.
Francisco D´Aragão
Francisco D´Aragão
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