08 dezembro 2007

Os negócios é que é

Num texto intitulado "Direitos humanos à parte" de Manuel, António, Pina "",
a modos de parênteses, dir-se-á que esta coluna do JN, "Por outras, palavras" revela-se diariamente de leitura obrigatória,
lê-se que "Lisboa será durante este fim-de-semana um dos lugares mais mal frequentados do Mundo".
Mas não se pense que é só pelo número de ditadores de África,
que proibidos pela comunidade internacional, de cruzarem espaço aéreo europeu e de só irem às compras em mercados da Ásia,, podem assim legitimamente e por convite, trazer o seu séquito para consumirem escandalosamente na capital da União Europeia, desdobrar-se em acções que mitigam e branqueiam as suas acções despóticas., como é o caso do anúncio da criação da "Casa de África", patrocinada pelo petróleo de Khadafi,
voltamos a Pina",
não são só os tais de África,"mas também pelo número de políticos europeus capazes de vender a alma ao diabo e trocar os valores essenciais em que se funda a própria Europa democrática por considerações económicas e geoestratégicas. Que importância têm os massacres na Somália, no Congo ou no Sudão, as violações dos direitos humanos no Malawi, na Tanzânia, na Zâmbia, em Angola, na Líbia, no Chade, a apropriação das ajudas internacionais e o seu desvio para as contas bancárias das cliques dirigentes, a morte e a miséria de milhões de pessoas, quando estão em causa negócios? Negócios, negócios, direitos humanos à parte é a sórdida lição que os governos europeus - gente que todos os dias se põe de joelhos perante a China, que está disposta a vender Taiwan e o Tibete (e o Dalai Lama com ele) a Pequim, a "esquecer" o Zimbabwe, o Darfur, o Sara Ocidental - dão aos seus povos amanhã e depois em Lisboa.
Assente a poeira dos grandes discursos e da importância da cimeira para a Europa e para o "ego" nacional, esta é uma reflexão obrigatória, se ainda quisermos ser os fiéis depositários dos valores humanistas e de defesa dos direitos do homem.

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