No dia em que foi encontrado mais um corpo, crescem as dúvidas sobre a origem da queda da automotora que ligava o Tua a Mirandela
O relatório preliminar efectuado pelo Instituto Nacional do Transporte Ferroviário (INTF) aponta para a hipótese de o acidente no Tua ter sido provocado por uma rocha que abalroou a automotora na parte traseira. Ontem, no entanto, um dos dois passageiros envolvidos avançou uma explicação completamente diferente.
De acordo com Orlando Barbosa, um dos dois sobreviventes, o primeiro embate só foi sentido quando o comboio chocou com a ravina, já em plena queda. O jovem, de 23 anos e natural do Pinhão, disse aos seus familiares ter ouvido o maquinista proferir um desabafo de angústia pouco antes do acidente. O maquinista terá tido o desabafo, quando se apercebeu da derrocada dos carris e da presença de grandes pedras na linha. Talvez devido à fraca visibilidade que se fazia sentir na altura - já tinha anoitecido e o tempo estava chuvoso -, o maquinista não conseguiu frenar a automotora a tempo.
Quando o comboio chocou com a ravina, os vidros partiram-se e projectaram Sara Raquel, a outra passageira envolvida e que sofreu apenas ferimentos ligeiros. Orlando Barbosa foi projectado um pouco mais abaixo, já depois de a automotora ter dado a primeira cambalhota em direcção ao rio. Os dois seguiam na parte de trás da carruagem, enquanto os três ferroviários seguiam à frente.
A confirmar-se a versão do passageiro de que não houve abalroamento da automotora, a tragédia poderia ter sido evitada, caso houvesse no Tua o sistema preventivo já instalado na Linha da Beira Baixa, o qual funciona com barreiras de cabos com corrente eléctrica ou feixes de luz, que, ao serem atravessados por blocos de pedras, accionam sinais junto do posto regulador que comanda a circulação e que manda parar os comboios.
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