24 setembro 2006

O Exemplo da Avestruz

Com o cair da chuva arrefecem os ânimos e acalmem as consciências. Achei por isso a altura de dar a minha opinião sobre uma decisão recente tomadas pelo poder central e que interfere, como sempre na nossa condição de vida.
Parto sempre da realidade que, vista por mim, confirma a discriminação a que somos votados mas da qual só nós temos culpa. Efectivamente as politicas votadas para o interior que temos consentido, desde sempre preteriram o investimento equitativo em infra estruturas, equipamentos sociais, saúde e educação. Muitos de nós o sentiram e sentem na pele quando verificamos o quanto é difícil singrar partindo com os “handicaps” com que partimos para a vida, daqui. Mas justifica perguntarmo-nos sobre o que temos feito para coarctar esta realidade.
O caso recente da extinção da maternidade de Mirandela é o exemplo mais recente não só de mais uma decisão do poder central que nos retira direitos que julgávamos merecer como confirma a incompetência e incapacidade de reacção de quem é responsável aqui, pela garantia dos nossos direitos. A este propósito vale a pena recordar passagens de um texto do Ministro da Saúde de 22 de Setembro no Jornal Publico. Este começa por dizer que não foram políticas economicistas que ditaram o encerramento das maternidades. O curioso no seu texto é que este acaba por sugerir precisamente, o que nos cumpria regatear, sobretudo a nós, descriminados em relação a todos os outros.
Diz: “ Não é por haver maternidade na terra que os adultos jovens ou menos jovens desatam a procriar. Os factores do actual declínio da natalidade têm a ver com um conjunto alargado de motivos, sendo o mais importante a dificuldade em assegurar maternidade e paternidade responsáveis. Um jovem casal condiciona a sua descendência aos apoios que tenha para cuidar dos filhos., não à existência de maternidade na terra…temos de facultar mais condições a jovens mães e pais para continuarem a exercer a sua função laboral e social: apoios de guarda de crianças, …adequado apoio á amamentação…universidades e bibliotecas … reforço do pré-escolar…, apoio financeiro ao segundo e terceiro filhos.”. Etc.
Com jeito o ministro tinha definido um outro programa de governo.
De facto o importante é mesmo ser prático a reivindicar e exigir, acreditando num futuro realista. Não é com previdências cautelares nem com a manipulação de ignorantes que lá vamos. Sim porque tomando por exemplo o caso concreto, se quisermos ser pragmáticos, basta apenas reivindicar a garantia de se ter um meio de transporte rápido (helicóptero) para a deslocação rápida de doentes e parturientes e, teríamos mais garantias de sucesso no seu restabelecimento do que a garantia de instalações de saúde sem especialistas á altura. E para aqueles que dissessem que será caro, dou o exemplo do modo como se gasta dinheiro a apagar incêndios.Numa antevisão do que é escrito, haverá como sempre aqueles que dirão que me estou a divertir e a realizar nas minhas dissertações. São aqueles que fazem como a avestruz quando vê chegar o perigo.


Hélder Carvalho

Sem comentários: