25 setembro 2006

Custos da interioridade

Grávida assistida na estrada a dois minutos do hospital

Duas semanas depois do encerramento da Maternidade de Mirandela, ainda há falhas na articulação de cuidados na área materno-infantil. Ontem, uma grávida em trabalho de parto foi estabilizada por uma equipa da Viatura Médica de Emergência e Reanimação (VMER) de Vila Real, à entrada da cidade de Mirandela, no interior da ambulância que a transportou desde Carrazeda de Ansiães, quando a unidade hospitalar mirandelense estava a menos de dois minutos de distância.

Elisabete Monteiro, de 32 anos, residente em Campelos, no concelho de Carrazeda de Ansiães, contactou os bombeiros voluntários daquela vila, cerca das sete horas, por alegadamente ter entrado em trabalho de parto.

A ambulância deslocou-se ao local e transportou a grávida para o centro de saúde daquela vila, onde o médico de serviço deu indicações para que fosse imediatamente transportada para a maternidade de Vila Real, por opção da parturiente.

O CODU/INEM foi informado do caso e deu instruções ao motorista dos bombeiros que devia seguir o trajecto até Mirandela, ficando estipulado que a VMER de Vila Real iria deslocar-se até à entrada da cidade mirandelense, junto ao pavilhão do Inatel, onde existem vários locais de estacionamento, para ser efectuado o trabalho de estabilização da parturiente.

Perante estas indicações, o motorista saiu do centro de saúde de Carrazeda de Ansiães, cerca 8.15 horas, sem apoio especializado, ao contrário do que está estipulado no protocolo de articulação de cuidados na área materno infantil.

Tal como combinado, cerca das nove horas, a ambulância chegou a Mirandela, junto ao Pavilhão do Inatel, esperando pela equipa da VMER de Vila Real, que chegou alguns minutos depois, para ser feita a estabilização, que demorou cerca de meia hora.

De seguida, a ambulância seguiu viagem até Vila Real, acompanhada pela VMER. Elisabete Monteiro continuou em trabalho de parto pelo menos até ao final da tarde.

Apesar de várias tentativas de obter esclarecimentos junto do INEM e do Hospital de Vila Real, foi impossível qualquer tipo de informação em tempo útil.

Recorde-se que, já no passado dia 12, o INEM terá recusado transportar uma mulher em trabalho de parto, de Mirandela para a Maternidade de Vila Real, por opção da própria parturiente.

Como compreender:
A desautorização do médico em serviço no Centro de Saúde de Carrazeda?
A parturiente ter de deslocar-se a Mirandela e a dois minutos do Hospital ter de receber os cuidados na viatura?

Que alguém ainda tenha coragem de ter filhos no interior do país?
Intolerável!!!

2 comentários:

Anónimo disse...

Uma equipa da VMER é normalmente constituida por 1 Enfermeiro ou Técnico de Ambulacia de Socorro e 1 Médico. Ambos têm formação específica de Emergência Pré-Hospitalar.

Não são contudo especialistas de Obstetrícia...Normalmente os membros de uma equipa VMER trabalham num Hospital e vão fazer horas extras ao INEM. E serão raros os casos (ou praticamente nulos) em que esteja um Obstetra a fazer horas extras no INEM.
Na generalidade os Médicos que trabalham para o INEM exercem Clínica Geral.

As equipas da VMER trabalham muito na estabilização de doentes, como sejam as paragens cardio-pulmonares, traumatismos e doenças súbitas...e é nisso que são bons e salvam efectivamente vidas.

Fazer um parto dentro de uma Ambulãncia pode revelar-se extremamente complicado. A começar pela falta de espaço, falta de aquecimento, falta de equipamento específico para extração do bébé e falta de conhecimentos específicos por parte dos Técnicos que assitem a parturiente.

No CODU (Centro Orientador de Doentes Urgentes, ), trabalham Técnicos de Ambulância e Emergência cujo o curso tem uma duração de aproximadamente 250 horas. Estão também um ou mais Médicos que supervisionam e apioam o trabalhos dos Técnicos.

É bom que as pessoas percebam que quando ligam 112, a sua chamada vai para uma central (normalmente vai para a GNR ou PSP) e que depois são reencaminhadas para o CODU ou para os Bombeiros, consoante a situação. E por isso, normalmente, a pessoa que liga 112 tem de reportar a situação duas ou mais vezes. A chamada para o 112 é demorada porque os Técnicos do CODU exploram ao máximo a situação, nesse caso as pessoas devem responder ao Técnico e não devem por em causa as suas questões.

O INEM não subtitui um centro de Saúde ou um Hospital e muito menos uma Maternidade, antes se complementam. É assim que acontece nos grandes centro urbanos. Há Hospitais, e INEM a responder ao minuto.

Na da nossa região, precisavamos de um bom sistema de Emergência Médica e de Centros de Saúde 24H, porque estamos longe dos grandes centros urbanos...Paradoxalmente, quem mais precisa é quem menos tem. Não obstante pagarmos os mesmo impostos para termos os mesmos (in)direitos que os concidadãos do Litoral.

O INEM tem 2 Helicópteros e pode requesitar 1 ao SNBPC e outros à Força Aéra, mas destes apenas um pode voar de Noite (SNBPC) e é preciso ter em conta que demoram cerca de 15 Minutos para levantar voo e precisam de um espaço amplo e visibilidade(tecto limpo) para aterrar. Todos estes Helicópteros estão estacionados no Litoral embora um esteja estacionado em Santa Comba Dão. Por isso, os helicóperos apenas complementam os meios terrestres. E são os meios terrestres (quase) sempre os primeiros a chegar ao local.

Uma Ambulância de Socorro (ABSC) tem de ter 3 Tripulantes, um dos quais deve ter o Curso de Técnico Ambulâcia Socorro (200 horas), e os restantes, o curso de Tripulante Ambulância Transporte (35 horas). Esta equipa tem formação para garantir o Suporte Básico de Vida ao doente (estabilização recorrendo a manobras e procedimentos). A equipa da VMER tem formação para garantir o Suporte Avançado de Vida ( estabilização com administração de fármacos).

As pessoas devem saber isto. Devem reivindicar meios e devem pedir responsabilidades quando algo corre mal.

Anónimo disse...

Uma equipa da VMER é normalmente constituída por 1 Enfermeiro ou Técnico de Ambulacia de Socorro e 1 Médico. Ambos têm formação específica de Emergência Pré-Hospitalar.

Não são contudo especialistas de Obstetrícia...Normalmente os membros de uma equipa VMER trabalham num Hospital e vão fazer horas extras ao INEM. E serão raros os casos (ou praticamente nulos) em que esteja um Obstetra a fazer horas extras no INEM.
Na generalidade os Médicos que trabalham para o INEM exercem Clínica Geral.

As equipas da VMER trabalham muito na estabilização de doentes, como sejam as paragens cardio-pulmonares, traumatismos e doenças súbitas...e é nisso que são bons e salvam efectivamente vidas.

Fazer um parto dentro de uma Ambulãncia pode revelar-se extremamente complicado. A começar pela falta de espaço, falta de aquecimento, falta de equipamento específico para extração do bébé e falta de conhecimentos específicos por parte dos Técnicos que assitem a parturiente.

No CODU (Centro Orientador de Doentes Urgentes, ), trabalham Técnicos de Ambulância e Emergência cujo o curso tem uma duração de aproximadamente 250 horas. Estão também um ou mais Médicos que supervisionam e apioam o trabalhos dos Técnicos.

É bom que as pessoas percebam que quando ligam 112, a sua chamada vai para uma central (normalmente vai para a GNR ou PSP) e que depois são reencaminhadas para o CODU ou para os Bombeiros, consoante a situação. E por isso, normalmente, a pessoa que liga 112 tem de reportar a situação duas ou mais vezes. A chamada para o 112 é demorada porque os Técnicos do CODU exploram ao máximo a situação, nesse caso as pessoas devem responder ao Técnico e não devem por em causa as suas questões.

O INEM não subtitui um centro de Saúde ou um Hospital e muito menos uma Maternidade, antes se complementam. É assim que acontece nos grandes centro urbanos. Há Hospitais, e INEM a responder ao minuto.

Na da nossa região, precisavamos de um bom sistema de Emergência Médica e de Centros de Saúde 24H, porque estamos longe dos grandes centros urbanos...Paradoxalmente, quem mais precisa é quem menos tem. Não obstante pagarmos os mesmo impostos para termos os mesmos (in)direitos que os concidadãos do Litoral.

O INEM tem 2 Helicópteros e pode requesitar 1 ao SNBPC e outros à Força Aéra, mas destes apenas um pode voar de Noite (SNBPC) e é preciso ter em conta que demoram cerca de 15 Minutos para levantar voo e precisam de um espaço amplo e visibilidade(tecto limpo) para aterrar. Todos estes Helicópteros estão estacionados no Litoral embora um esteja estacionado em Santa Comba Dão. Por isso, os helicóperos apenas complementam os meios terrestres. E são os meios terrestres (quase) sempre os primeiros a chegar ao local.

Uma Ambulância de Socorro (ABSC) tem de ter 3 Tripulantes, um dos quais deve ter o Curso de Técnico Ambulâcia Socorro (200 horas), e os restantes, o curso de Tripulante Ambulância Transporte (35 horas). Esta equipa tem formação para garantir o Suporte Básico de Vida ao doente (estabilização recorrendo a manobras e procedimentos). A equipa da VMER tem formação para garantir o Suporte Avançado de Vida ( estabilização com administração de fármacos).

As pessoas devem saber isto. Devem reivindicar meios e devem pedir responsabilidades quando algo corre mal.