Desde tempos imemoriais que o homem sentiu necessidade de recorrer a entes com poderes superiores aos seus para explicar tudo o que para ele era e, em muitos casos, ainda é inexplicável.
Esses entes eram seres que lhe inculcavam respeito, veneração, medo. Era bom tê-los do nosso lado, como nossos amigos.
Daí resultou a veneração e a oração traduzidos por ladainhas, sacrifícios, salamaleques que constituem aquilo que se poderá chamar de liturgia.
Com o rodar dos tempos, os entes superiores passaram a ser um só e os actos de veneração passaram a estar regulamentados, sujeitos a regras próprias que durante muito tempo se entendeu que não deveriam ser infringidas.
O tempo continua a passar, o homem atreve-se a pensar e tudo se altera.
Hoje o homem já se atreve a falar directamente com Deus, a reduzir e simplificar os rituais e a dar cada vez mais importância à substância.
O nosso modo de actuar para com Deus e para com os outros a que regras deve estar sujeito?
O problema da crença reduz-se a saber qual é verdadeiramente a essência da religião.
Com o cristianismo começou a dar-se importância principal a dois mandamentos: “Amar a Deus sobre todas as coisas e amar o próximo como a nós mesmos”.
Qual das regras é a mais importante: Amar a Deus ou amar o próximo? Parece ter-se chegado à conclusão de que as duas coisas não são incompatíveis. Pelo contrário
Como Deus está lá longe, é difícil falar com Ele, e o nosso relacionamento com Ele se faz de uma maneira demasiado ritualizada, por vezes mesquinhamente repetitiva, começou a pensar-se que só há uma maneira de estar imbuído do espírito cristão – comungar com os outros as dificuldades, as dúvidas, as hesitações, e tentar pôr em prática o mandamento: amar o próximo como a nós mesmos.
Através do espírito de dádiva e comunhão nós chegamos a Deus, sentimo-lo mais profundamente que no isolamento da nossa oração.
O amor ao próximo impõe capacidade de dádiva e sacrifícios e a correspondente alegria que resulta do estar com os outros junto de Deus.
A Fraternidade é afinal a essência da Religião.
A essência consiste na comunhão com os outros das alegrias e tristezas, da entreajuda, da preocupação com os problemas alheios e na emoção profunda de nos sentirmos verdadeiramente irmãos, sabendo que é isso que Deus quer de nós.
Mas para isto será necessário um desapego total dos bens terrenos? Teremos que transformar-nos todos em S. Francisco de Assis?
Parece que não. Afinal talvez tudo seja mais simples, talvez seja apenas preciso prescindir de algum bem estar, talvez seja apenas preciso contribuir para resolver os problemas de todos nós.
Até me parece que, por isso mesmo, o local de culto e prática da religião deve passar um tanto das igrejas, monumentos algo arcaicos dadas as necessidades actuais, para os salões paroquiais, onde se discutirão informalmente os problemas da comunidade.
Mesmo a parte litúrgica deve ser, parece-me, expurgada de tudo o que é excessivamente formal e repetitivo.
Uma comunidade religiosa a funcionar assim pode e deve ser muito útil em diversos domínios: ajudar a resolução de problemas, como os da integração de imigrantes e de ciganos, da assistência a crianças, jovens e velhos, do acompanhamento de situações de quebra de confiança, de desespero, de desorientação.
A Igreja, assim, será um parceiro social imprescindível à escola, aos hospitais, aos infantários, aos lares de 3.ª idade.
As autarquias locais terão nela um bom colaborador que lhes permitirá que a sua tarefa seja substancialmente facilitada.
João Lopes de Matos
Esses entes eram seres que lhe inculcavam respeito, veneração, medo. Era bom tê-los do nosso lado, como nossos amigos.
Daí resultou a veneração e a oração traduzidos por ladainhas, sacrifícios, salamaleques que constituem aquilo que se poderá chamar de liturgia.
Com o rodar dos tempos, os entes superiores passaram a ser um só e os actos de veneração passaram a estar regulamentados, sujeitos a regras próprias que durante muito tempo se entendeu que não deveriam ser infringidas.
O tempo continua a passar, o homem atreve-se a pensar e tudo se altera.
Hoje o homem já se atreve a falar directamente com Deus, a reduzir e simplificar os rituais e a dar cada vez mais importância à substância.
O nosso modo de actuar para com Deus e para com os outros a que regras deve estar sujeito?
O problema da crença reduz-se a saber qual é verdadeiramente a essência da religião.
Com o cristianismo começou a dar-se importância principal a dois mandamentos: “Amar a Deus sobre todas as coisas e amar o próximo como a nós mesmos”.
Qual das regras é a mais importante: Amar a Deus ou amar o próximo? Parece ter-se chegado à conclusão de que as duas coisas não são incompatíveis. Pelo contrário
Como Deus está lá longe, é difícil falar com Ele, e o nosso relacionamento com Ele se faz de uma maneira demasiado ritualizada, por vezes mesquinhamente repetitiva, começou a pensar-se que só há uma maneira de estar imbuído do espírito cristão – comungar com os outros as dificuldades, as dúvidas, as hesitações, e tentar pôr em prática o mandamento: amar o próximo como a nós mesmos.
Através do espírito de dádiva e comunhão nós chegamos a Deus, sentimo-lo mais profundamente que no isolamento da nossa oração.
O amor ao próximo impõe capacidade de dádiva e sacrifícios e a correspondente alegria que resulta do estar com os outros junto de Deus.
A Fraternidade é afinal a essência da Religião.
A essência consiste na comunhão com os outros das alegrias e tristezas, da entreajuda, da preocupação com os problemas alheios e na emoção profunda de nos sentirmos verdadeiramente irmãos, sabendo que é isso que Deus quer de nós.
Mas para isto será necessário um desapego total dos bens terrenos? Teremos que transformar-nos todos em S. Francisco de Assis?
Parece que não. Afinal talvez tudo seja mais simples, talvez seja apenas preciso prescindir de algum bem estar, talvez seja apenas preciso contribuir para resolver os problemas de todos nós.
Até me parece que, por isso mesmo, o local de culto e prática da religião deve passar um tanto das igrejas, monumentos algo arcaicos dadas as necessidades actuais, para os salões paroquiais, onde se discutirão informalmente os problemas da comunidade.
Mesmo a parte litúrgica deve ser, parece-me, expurgada de tudo o que é excessivamente formal e repetitivo.
Uma comunidade religiosa a funcionar assim pode e deve ser muito útil em diversos domínios: ajudar a resolução de problemas, como os da integração de imigrantes e de ciganos, da assistência a crianças, jovens e velhos, do acompanhamento de situações de quebra de confiança, de desespero, de desorientação.
A Igreja, assim, será um parceiro social imprescindível à escola, aos hospitais, aos infantários, aos lares de 3.ª idade.
As autarquias locais terão nela um bom colaborador que lhes permitirá que a sua tarefa seja substancialmente facilitada.
João Lopes de Matos
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