Ninguém
duvida que a intenção do
Governo através do Ministério da Educação de encerrar mais uma vez escolas em
muitos concelhos, tem uma forte repercussão nas dinâmicas sociais e educativas
do interior do país e, particularmente, nas áreas rurais. Diz-nos o senhor
ministro que “a reorganização [escolar] não tem custos diretos para o Estado”,
querendo referir-se aos financeiros, e o que verdadeiramente o move, é “dar
melhores condições de educação e sociabilização aos alunos”. Também ficamos a
saber pelo organismo que dirige, que o processo está a ser alvo de uma avaliação,
embora não seja impeditiva da prossecução desta “política de racionalização”. Não
será então estranho e desarrazoado que se aja antes de se avaliar?
Na defesa
do encerramento e da concentração de crianças, enfatiza o senhor ministro Crato,
que esta crianças intervencionadas e assim reunidas adquirem “uma diversidade
de experiências” que lhes permitirá melhor socialização e conhecimento, porém,
esquece outros fatores propiciadores do sucesso educativo, como sejam, as horas
de sono das crianças, a alimentação e o afastamento da família e do meio social
e ambiental.
A concentração das crianças fruto de uma contínua baixa da população escolar resultado do
despovoamento e da natalidade, tornou em muitos casos inevitável o processo.
Porém este é um assunto demasiado sério que não se compadece com precipitações,
com políticas de régua e esquadro, em que é visível uma uniformidade de ratio
professor/aluno, não contemplando assim realidades diferentes do meio rural e o
urbano.
O plano de reorganização da rede escolar
começou em 2005 e propôs-se encerrar todas as escolas do primeiro ciclo com
menos de 10 alunos, tendo a primeira fase encerrado mais de 2500 escolas. A
segunda fase começou em 2010 e levou ao fecho de 700 escolas com menos de 21
alunos. Este é a fase três de um processo, que começou por incluir 439 escolas,
chegando-se agora às cerca de trezentas escolas do primeiro ciclo que têm de encerrar.
Os avanços e recuos nalguns municípios são, até para um observador menos
atento, fruto de beneplácitos e intransigências político-partidários, o que
inquina todas as ditas intenções bondosas do ato. Este é um processo, que parece
não ter fim, e conduzirá ao completo desmantelamento das estruturas escolares
no interior do país.
A escola, a par de outros equipamentos, é uma
valência fundamental na preservação do mundo rural e é primordial que restem
algumas, até para que nem todas as aldeias ou vilas se extingam.
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