03 novembro 2013

Desistência e resistência

A racionalização que tem servido de base ao encerramento de serviços públicos no interior, à falta de investimento público e de uma descriminação positiva parece pressupor a desistência da administração central face a uma parte do território.
Este facto só pode ter paralelo com o que parece ter acontecido antes do início da nacionalidade, em que os reis para assegurarem tampões de defesa face às investidas do inimigo, abandonaram vastas regiões do país, que assim mais ou menos desertificadas e subdesenvolvidas, não constituíam apetite para as investidas inimigas. Era ao que hoje chamamos da política da terra queimada. Foi Alexandre Herculano que expôs esta teoria a que chamou de ermamento, e que tinha como base a desistência de zonas para proteger os locais mais prósperos do reino. Há aqui uma cruel analogia, se compararmos com tempos atuais.
A expansão do território cedo fez ultrapassar esta malfadada teoria, pois depressa se concluiu que a constituição de núcleos fortes no interior era uma grande vantagem à integridade territorial. Rapidamente a política dos forais dos primeiros reis que concederam largos privilégios aos concelhos, o primeiro de todos, o de administrar a justiça, inverteu a tendência e privilegiou o interior de modo a assegurar a integridade nacional, culminando com a política de disseminação e construção de castelos por todo o interior, encetada por D. Dinis: Assim se construiu um país uno, com uma identidade forte, sem divisões regionais, que permitiu dar início à maior gesta que nenhuma outra nação fez com tamanho brio e unidade, a expansão marítima.
O cinismo da história recente é que uma das primeiras referências que é retirada ao interior são os tribunais, as casas da justiça, que se constituem como uma das principais estruturas que incute confiança às populações, já se foram parte das valências de saúde, a seguir levarão a educação, depois sairão as forças de segurança…
Porque todas as pessoas terão direito à sua dignidade e aos valores éticos não se deve permitir aceitar estas lógicas. 
A relação de pertença entre o território e o indivíduo não pode ser apenas olhada pela ótica económica, o conceito de soberania tem de ser a base para a sustentação da interioridade. A racionalização cobre a desistência, porém a resistência deve prevalecer sobre a desistência.

9 comentários:

Helder Carvalho disse...

Em Dia de Finados
Decididamente não merecemos melhor sorte. Tudo a propósito da deliberação de deslocar o helicóptero do INE instalado em Macedo de Cavaleiros para Vila Real. Eu sei que os rapazes têm todo o direito democrático para decidir. Também é verdades que não me têm decepcionado já que não esperava nem mais competência, nem mais visão democrática. Outra coisa é contudo o direito que julgo ter, de me explicarem o porquê desta decisão!? Será que não acham mais útil o helicóptero centralizado em Macedo, a abarcar a região?! Será que haverá mais casos de emergência no Distrito de Vila Real?! Será que os sinistrados para os quais é requisitado o INEM têm o Hospital Central em Miranda do Douro!? Será que o Sr. Ministro da Saúde não sabe para que serve o helicóptero aqui instalado!? Será que o Sr. Ministro pensa que o país é só aquilo que se vê da janela do seu gabinete ministerial!? Será que os laparotos pensarão que não trabalhamos e pagamos impostos!? Será que os sebosos que cedidem não terão reparado que a maioria dos transmontanos que votaram, confiaram neles!?
Há por aí alguém que me esclareça?
Quando se sabe que para legislar sobre o número de cães e gatos domésticos se leva sete anos em comissões de trabalho para nada decidir, até para mim que espero tudo, parece haver leviandade quando se decide trata assim os humanos. Ou seremos todos laparotos?

Anónimo disse...

... e não obstante, estes diligentes aniquiladores, sempre vão tendo por aí, a recompensa da escolha para dirigirem o país. De que se queixam, então?

mc disse...

João César das Neves considera que as manifestações, as greves e a contestação que tem havido em Portugal não têm como objectivo defender os mais pobres, mas sim as “classes acima”.
“Em Portugal não há manifestações de mendigos, miseráveis e necessitados. São antes os remediados, que se consideram carentes, que fazem as exigências em nome dos silenciosos”, afirma João César das Neves no seu artigo de opinião, esta semana intitulado “A pobreza do discurso”, publicado semanalmente no “Diário de Notícias”.

O professor universitário salienta que “a maioria dos que falam em nome dos desprovidos estão realmente a defender as classes acima, mesmo se nos extractos mais baixos. As medidas contestadas não tocam os verdadeiros pobres, geralmente alheios aos políticos, até de esquerda.”

“Boa parte da retórica de contestação baseia-se neste mal-entendido, em que burgueses passam por infelizes. Entretanto, os verdadeiros desgraçados, mudos como sempre, ainda têm de ouvir os muitos aproveitamentos do seu nome”, acrescenta.

César das Neves realça ainda que “as greves dos serviços públicos não se destinam a proteger os desvalidos, que aliás são os que mais sofrem pela falta de transporte e outros sistemas.”

Mas esta realidade, realça, não é nova. “Reis, imperadores e governantes nunca se interessaram pelos desgraçados, quando não os perseguiam. O poder não gosta dos pobres e estes confiam mais na ajuda do próximo que nas promessas dos chefes.”

César das Neves diz ainda que “a quase totalidade dos que elaboram sobre pobreza não são pobres”, algo que considera “natural”, já que “os verdadeiros necessitados, por o serem, não têm voz ou influência. Captar auditório é, em si mesmo, um importante activo, que falta aos indigentes. Por isso, aqueles que ouvimos falam de algo que de facto não experimentaram, e em geral mal viram.”
http://www.jornaldenegocios.pt/economia/detalhe/cesar_das_neves_quem_fala_de_pobreza_nao_e_pobre_ja_os_pobres_nao_tem_voz.html

Anónimo disse...

O distrito merece,pois não votou em massa, ainda há pouco mais de um mês neste partido que nos está a estrangular a todos? Então porque se queixam agora?

R.R.M. disse...

O Povo Transmontano,em relação às politicas adoptadas pelo actual governo, não tem de se queixar.
Votaram sempre neles, logo são coniventes e não vitimas. Vitima sou eu e todos os outros que não aceitam e muito menos votariam em fantoches.

R.R.M. disse...

Carrazeda de Ansiães, é uma aldeia em ponto grande, que está a mingar de dia para dia.
É com profunda tristeza que olho a terra que me viu nascer a desaparecer no tempo, com a impunidade de alguns e para prejuízo de todos.

Anónimo disse...

Pasme-se! O Municipio de Carrazeda decidiu contratar o ex-direitor de Macedo através de avenca por não dispor colaboradores nos seus quadros para as tarefas municipais

Anónimo disse...

Nem vale a pena mencionar os valores escandalosos da contratação

mc disse...

recebido por email

Carta aberta a João César das Neves - por Carlos Paz,
Professor Universitário no ISEG


*Carta Aberta a um MENTECAPTO (João César das Neves)

Meu Caro João,

Ouvi-te brevemente nos noticiários da TSF no fim-de-semana e não
acreditei no que estava a ouvir.

Confesso que pensei que fossem “excertos”, fora de contexto, de alguém a
tentar destruir o (pouco) prestígio de Economista (que ainda te resta).

Mas depois tive a enorme surpresa: fui ler, no Diário de Notícias a tua
entrevista (ou deverei dizer: o arrazoado de DISPARATES que resolveste
vomitar para os microfones de quem teve a suprema paciência de te
ouvir). E, afinal, disseste mesmo aquilo que disseste, CONVICTO e em
contexto.

Tu não fazes a menor ideia do que é a vida fora da redoma protegida em
que vives:
- Não sabes o que é ser pobre;
- Não sabes o que é ter fome;
- Não sabes o que é ter a certeza de não ter um futuro.

Pior que isso, João, não sabes, NEM QUERES SABER!

Limitas-te a vomitar ódio sobre TODOS aqueles que não pertencem ao teu
meio. Sobes aquele teu tom de voz nasalado (aqui para nós que ninguém
nos ouve: um bocado amaricado) para despejares a tua IGNORÂNCIA arvorada
em ciência.

Que de Economia NADA sabes, isso já tinha sido provado ao longo dos
MUITOS anos em que foste assessor do teu amigo Aníbal e o ajudaste a
tomar as BRILHANTES decisões de DESTRUÍR o Aparelho Produtivo Nacional
(Indústria, Agricultura e Pescas).

És tu (com ele) um dos PRINCIPAIS RESPONSÁVEIS de sermos um País SEM FUTURO.

De Economia NADA sabes e, pelos vistos, da VIDA REAL, sabes ainda MENOS!

João, disseste coisas absolutamente INCRÍVEIS, como por exemplo: “A
MAIOR PARTE dos Pensionistas estão a fingir que são Pobres!”

Estarás tu bom da cabeça, João?

Mais de 85% das Pensões pagas em Portugal são INFERIORES a 500 Euros por
mês (bem sei que que algumas delas são cumulativas – pessoas que recebem
mais que uma “pensão” - , mas também sei que, mesmo assim, 65% dos
Pensionistas recebe MENOS de 500 Euros por mês).

Pior, João, TU TAMBÉM sabes. E, mesmo assim, tens a LATA de dizer que a
MAIORIA está a FINGIR que é Pobre?

Estarás tu bom da cabeça, João?

João, disseste mais coisas absolutamente INCRÍVEIS, como por exemplo:
“Subir o salário mínimo é ESTRAGAR a vida aos Pobres!”

Estarás tu bom da cabeça, João?

Na tua opinião, “obrigar os empregadores a pagar um salário maior” (as
palavras são exactamente as tuas) estraga a vida aos desempregados não
qualificados. O teu raciocínio: se o empregador tiver de pagar 500 euros
por mês em vez de 485, prefere contratar um Licenciado (quiçá um Mestre
ou um Doutor) do que um iletrado. Isto é um ABSURDO tão grande que nem é
possível comentar!

Estarás tu bom da cabeça, João?

João, disseste outras coisas absolutamente INCRÍVEIS, como por exemplo:
“Ainda não se pediram sacrifícios aos Portugueses!”

Estarás tu bom da cabeça, João?

Ainda não se pediram sacrifícios?!?
Em que País vives tu, João?
Um milhão de desempregados;
Mais de 10 mil a partirem TODOS os meses para o Estrangeiro;
Empresas a falirem TODOS os dias;
Casas entregues aos Bancos TODOS os dias;
Famílias a racionarem a comida, os cuidados de saúde, as despesas
escolares e, mesmo assim, a ACUMULAREM dívidas a TODA a espécie de
Fornecedores.

Em que País vives tu, João?

Estarás tu bom da cabeça, João?

Mas, João, a meio da famosa entrevista, deixaste cair a máscara: “Vamos
ter de REDUZIR Salários!”

Pronto! Assim dá para perceber. Foi só para isso que lá foste despejar
os DISPARATES todos que despejaste.

Tinhas de TRANSMITIR O RECADO daqueles que TE PAGAM: “há que reduzir os
salários!”.

Afinal estás bom da cabeça, João.

Disseste TUDO aquilo perfeitamente pensado. Cumpriste aquilo para que te
pagam os teus amigos da Opus Dei (a que pertences), dos Bancos (que
assessoras), das Grandes Corporações (que te pagam Consultorias).

Foste lá para transmitir o recado: “há que reduzir salários!”.

Assim já se percebe a figura de mentecapto a que te prestaste.

E, assim, já mereces uma resposta:

- Vai à MERDA, João!

Um Abraço,
Carlos Paz*