Fui ver Jobs. Começo por dizer que não sou particular fã do
universo da Apple e também fiquei satisfeito que a película não faça a apologia
desse mundo de gadgets e tecnologia. Jobs traz-nos o ambiente que rodeou os
anos heroicos do desenvolvimento tecnológico dos Estados Unidos. Sem ser um chamado
grande filme, o espetador europeu depara-se com uma realidade porventura
estranha, mas que não se entranha, porque nesta europa ao mesmo tempo humanista
e solidária, burocrática e serôdia não seria possível surgir um Steve.
Creio que em nenhuma universidade do velho continente, pelo
menos à época, se obteria consentimento, para acompanhar as aulas como
observador durante largos meses, como foi concedido ao Steve. E quem, na terra
em que Zeus se enamora da princesa fenícia, daria crédito a um grupo de
lunáticos, apreciadores de música subversiva e de substâncias ilícitas que
apresentam produtos duvidosos de serem colocados á venda? E que empresários se reúnem
num qualquer armazém para escutar, observar projetos visionários e encontrar
negócios rentáveis? E que outro país deixa à iniciativa privada, sem qualquer
proteção estatal, o risco do negócio privado? E que grupo de jovens se reúne para
perseguir a utopia e concretizar sonhos do Steve e do Wozniak?
Esta é a cara, e depois há a coroa… O filme mostra essa
outra realidade, isto é, os fios com que se tecem a fama e o largo proveito de
que é feito o sucesso. Neste paradigma social o menos apto é trucidado pelo
rolo compressor da competição e do negócio, sem piedade e sem justificação. Pelo
lucro e pelo êxito sacrifica-se o namoro, a filha, o amigo. A América é essa
cara e essa coroa de uma mesma moeda.
A fita mostra à
saciedade o valor da inspiração, da inovação, da perseverança e do trabalho, todavia
eram assuntos que talvez colhessem pouco interesse.
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