17 junho 2013

Viva a alternância

No país, nas regiões, nos concelhos, nas aldeias, nas escolas e em muitos serviços assistimos a uma manutenção "ad eternum" das mesmas pessoas, dos mesmos partidos, das mesmas tendências a liderar as instituições públicas. 

Não é um bom sinal.

Uma característica da democracia ateniense era a não estabilidade em cargos públicos e a alternância no poder. Não havia cargos fixos, mas sim encargos para quem governava ou exercia função pública. E tais funções não eram oriundas de eleições, e sim por sorteio por que se considerava que todos eram iguais, isto é, preparados para exercer a função dirigente. O cidadão era coagido a uma participação constante e a uma permanente atenção à atividade, pois podia ser chamado à liderança e à prestação de contas aos seus pares. 
Pode-se contrapor que a aquisição do conjunto de saberes e experiências ajuda a um bom desempenho e pode enriquecer a práxis. Porém, o que diz a experiência é que a manutenção dos cargos produz vícios e causa danos gravosos à causa pública. A manutenção de um "status quo" propicia o uso dos meios públicos para se perpetuar no poder e para promover interesses privados e individuais. 
Dez, vinte, trinta, quarenta anos de manutenção num cargo público não promove transparência, desvirtua a a ampla participação de todos os cidadãos, cristaliza opções, inviabiliza outras opiniões, causa desânimo, comodismo e inércia, inviabiliza a dialética, base do desenvolvimento.

Após 46 anos da mesma liderança na Associação de Futebol de Bragança, venceu uma lista opositora. O candidato da lista B venceu, por maioria, as eleições realizadas este sábado. António Ramos considera que é um momento histórico. “Estou emocionado porque isto é histórico, é quase o 25 de Abril no futebol."  A nossa referência chega quase sempre só até aí, . Porém os valores da ética republicana e também da democracia vêm da antiga Grécia, foram paradigma da revolução francesa e são uma forma de organização social e desenvolvimento humano que mantém completa validade na atualidade. Desconhecer esta realidade, não pugnar pela alternância e a instabilidade dos cargos públicos, é remetermo-nos ao cinzentismo e à mediocridade do caciquismo por mais competentes que sejam as lideranças

Conheço o Jorge Nogueira desde os meus tempos heróicos de dirigente do "Carrazeda" e a lembrança da sua simpatia perdura até hoje. Reconhecidos os méritos, retirada toda a carga pessoal,  creio que a sua permanência de mais quatro décadas à frente dos destinos do futebol distrital não foi benéfica para a instituição, nem para a modalidade. Não conheço o senhor António Ramos, mas a sua eleição é, só por si, um facto excecional. 

É  um bom sinal. 

PS:  "Apenas o Carrazeda não compareceu para exercer o seu direito de voto". in  Diário de Trás-os-Montes

6 comentários:

Anónimo disse...

Fraco com os fortes e forte com os fracos.
É o mesmo Estado que, por exemplo, fica impassível perante os insultos recorrentes de Alberto João Jardim contra todos os órgãos de soberania da República ou que é tolerante com um ex-secretário de Estado que manda "tomar no cu", por inerência, o seu ex-colega de Governo, o ministro das Finanças.
No mesmo dia, Cavaco protagoniza um dos momentos mais lamentáveis da sua presidência. Num exercício que muitos diriam de inspiração estalinista, o Presidente ignora o pior ano das nossas vidas e tenta a reescrita da história do período em que, como primeiro-ministro, aceitou que o desmantelamento da agricultura portuguesa fosse moeda de troca para a adesão à CEE. Não é mito, é apenas facto. Era o tempo em que se pagava aos agricultores para abandonarem a terra e não produzirem. Perante tamanha desfaçatez, até as vacas dos Açores devem ter deixado de sorrir.
Mas este é também o tempo em que, perante a decisão do Tribunal Constitucional, o Governo decide desobedecer e dar ordens para que não se pague em junho, como manda a lei, o subsídio de férias aos funcionários públicos. E não é por falta de dinheiro, garante o primeiro-ministro. É apenas porque sim. Além de retaliação inaceitável, é só mais um exemplo do irregular funcionamento das instituições que deveria merecer a intervenção do Presidente da República. Mas aos costumes, Cavaco nada diz.
Alinha, aliás, com a maioria PSD/CDS, cada vez mais minoritária no País, quando esta defende o direito à greve desde que não chateie ninguém. Mantém-se em silêncio, como, aliás, todas as forças políticas nacionais e internacionais, órgãos de poder da União e governos europeus, perante o ataque à democracia e o precedente gravíssimo que significa o encerramento por decreto do serviço público de rádio e televisão na Grécia. E subscreve, certamente, os argumentos do seu correligionário dr. Catroga, que, ainda esta semana, justificava o mau desempenho do Governo português e os trágicos resultados do programa de ajustamento com o facto de a economia não ser uma "ciência exata", com a agressividade dos sindicatos que fazem greves por tudo e por nada e com a necessidade de todos oferecermos ao País - "é o mínimo que se pode exigir a um cidadão", dizia sem se rir - 40 ou até mesmo 50 horas semanais de trabalho ganhando menos.
A pátria dispensa, seguramente, os "Catrogas" e outros que tais, que sonham transformar Portugal numa espécie de Lancashire Coketown, a horrível e triste cidade do carvão do livro de Dickens, filha da Revolução Industrial, em que os operários, novos e velhos, eram forçados a trabalhar tantas horas quanto o corpo aguentasse.
Essa pobreza e subjugação é o nosso destino, se não deixarmos urgentemente de dar ouvidos às pantominices que nos impingem sobre o imperativo de cortar nas pensões e nos salários, de despedir gente a eito na administração pública engrossando o gigantesco exército de desempregados - quando todas as estatísticas indicam que o Estado, afinal, não é assim tão gordo quando comparado com a média da UE - ou cortar nas despesas com Educação ou Saúde. A alternativa passa por, além de racionar as despesas, gerir melhor, acabar com os tóxicos swaps, pôr fim às pornográficas rendas da energia ou pela renegociação corajosa e patriótica das obscenas PPP. Mas para que isso aconteça, e para que os tempos deixem de ser difíceis, são precisos patriotas.

Anónimo disse...

Isto da alternância resolve-se ou por decreto ou por vontade dos cidadãos através do voto.Não há outra maneira de resolver o problema.É preciso que as pessoas assim o achem necessário e tenham confiança que os problemas podem ser resolvidos por várias,não apenas por uma pessoa.
JLM

Anónimo disse...

Pois é, a alternância é isso mesmo, pela via do voto! Não há volta a dar!
Mas veja o JLM como os ditos democratas de Carrazeda tentam dar a volta para a alternância não o ser efetivamete! Com a clara intenção de se perpetuarem no poder, pelo menos até ao limite de mandatos, eis que exatamente nesta altura aparecem por todo lado, ora passeios na vila, ora caminhos nas aldeias, ora obras transformando escolas em Centros de dia, como em Zedes, ora promessa de empregos, ora chamadas ao gabinete convidando os cabeças de lista dos partidos adversários para as suas próprias listas, ora prometendo emprego ao simples elemento da lista sem cargo definido, para que desista da outra lista tornando-a mais fraca ou extinguindo-a.
Enfim que dizer desta prepotência, desta canalhice, desta desvergonha, desta autêntica pulhice política?
Tudo se calendariza em face das eleições, como a variante, o Centro cívico, a limpeza das ruas, como que isto não seja a normalidade de um Município ao longo do ano!
Como pode um político minimamente sério responder a estas evidências?

Anónimo disse...

A alternativa, diria eu, passa por dispensar os serviços que o ESTADO (NÓS)pagamos aos Catrogas, aos Mexias aos Antónios Borges deste país e aos muitos que usam os dinheiros públicos(Finanças, partidos políticos,deputados e autarcas -veja-se Portimão-, resultando "sWaps" ruinosas, déficites de milhões e que eles, despudoradamente dizem que é para servir o país. Acorda, Povo, como está a acontecer no Brasil!

Anónimo disse...


Oito deputados da JSD apresentaram uma moção para saber quanto custaram ao estado os sindicatos em 2013 e quanto custarão em 1014. Não é difícil perceber qual o objectivo da pergunta, os senhores deputados querem fazer passar a ideia de que os sindicatos custam muito dinheiro ao país.
Podemos imaginar como seria uma sociedade em que os trabalhadores não tenham quem os defenda e represente, imagino que seria algo parecido com o Bangladesch de hoje em dia ou com a Coreia do Norte, pelos vistos é isto que pretendem os senhores deputados da JSD, mas é compreensível, na sua condição de políticos eles tem tachos assegurados de por vida, nunca vão precisar de quem os represente ou defenda os seus direitos.
Não faço ideia de quanto custam os sindicatos, mas aposto que é bastante menos do que custam os políticos, os partidos e as juventudes partidárias, e desses custos só ouvimos falar quando os deputados votam por unanimidade o seu aumento.

Jorge Soares

Anónimo disse...

A política e os políticos que nos governam estão rançosos,quer em Carrazeda, quer no país.Só aqueles que hoje como ontem sempre comeram dela a conseguem continuar a suportar. A todos os outros causa vómitos,todos os dias.Está tudo velho e rançoso.