01 junho 2013

A expetativa e a realidade




O primeiro-ministro Pedro Passos Coelho está na região de Trás-os-Montes, numa vista oficial aos distritos de Vila Real e Bragança. Do programa da visita consta a entrega de uns prémios, a autorização para o início da construção de uma barragem de abastecimento de água e a abertura de uma convenção autárquica distrital. Este será o ponto alto: preparação das eleições municipais, porque apesar do risco da sua presença, sempre poderá dizer que não ficou em casa. 

Interessante será comparar as expetativas dos protagonistas políticos da região com a realidade. Para o presidente da Federação Distrital do PS, Jorge Gomes, a vinda de Passos Coelho à região só faz sentido, se trouxer uma resposta concreta sobre a ligação aérea Bragança, Vila Real, Lisboa e sobre o Túnel do Marão. O presidente da Distrital do PSD partilha da mesma posição. José Silvano diz mesmo que fica desiludido se o Primeiro- ministro não der uma resposta aos transmontanos sobre o Túnel e sobre o avião.

A jornada de visita que o levou sexta-feira a Vila Real, seu distrito natal, começou e acabou entre protestos. Cá fora tinha à sua espera grupos de manifestantes da Avidouro, do “Movimento Que se Lixe a Troika” e ainda da companhia de teatro Filandorra. Os viticultores do Douro empunhavam faixas onde podia ler-se «Não às novas regras fiscais para a lavoura» ou «A Casa do Douro é nossa, queremos a devolução dos seus direitos». Nesta "espera", estava também um grupo de trabalhadores do Teatro de Filandorra, amordaçados e vestidos de preto. Encenavam as críticas ao Governo que lhes retirou subsídios. No mesmo dia, de manhã, esteve nos concelhos de Chaves e Vila Pouca de Aguiar, onde dezenas de taxistas aguardaram a sua passagem pela zona industrial de Chaves, ostentando cartazes que expressavam o seu descontentamento por lhes ter sido retirado o transporte de doentes.

A realidade foi bem diferente da expetativa. Enquanto os decisores políticos da região acham que um avião, no qual só eles viajam, é o principal problema, há muitos que se manifestam por causas que nem lhes passa pela cabeça. E há ainda muitos outros silenciosos, que pagam na solidão e abandono, o desprezo a que é votada a região, e uns outros que obrigados a emigrar, nem sequer lhes deram o direito de receber “calorosamente” o governante.

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