O primeiro-ministro Pedro Passos Coelho está na região de Trás-os-Montes,
numa vista oficial aos distritos de Vila Real e Bragança. Do programa da visita
consta a entrega de uns prémios, a autorização para o início da construção de
uma barragem de abastecimento de água e a abertura de uma convenção autárquica
distrital. Este será o ponto alto: preparação das eleições municipais, porque
apesar do risco da sua presença, sempre poderá dizer que não ficou em casa.
Interessante será comparar as expetativas dos protagonistas
políticos da região com a realidade. Para o presidente da Federação Distrital
do PS, Jorge Gomes, a vinda de Passos Coelho à região só faz sentido, se
trouxer uma resposta concreta sobre a ligação aérea Bragança, Vila Real, Lisboa
e sobre o Túnel do Marão. O presidente da Distrital do PSD partilha da mesma
posição. José Silvano diz mesmo que fica desiludido se o Primeiro- ministro não
der uma resposta aos transmontanos sobre o Túnel e sobre o avião.
A jornada de visita que o levou sexta-feira a Vila Real, seu
distrito natal, começou e acabou entre protestos. Cá fora tinha à sua espera
grupos de manifestantes da Avidouro, do “Movimento Que se Lixe a Troika” e
ainda da companhia de teatro Filandorra. Os viticultores do Douro empunhavam
faixas onde podia ler-se «Não às novas regras fiscais para a lavoura» ou «A
Casa do Douro é nossa, queremos a devolução dos seus direitos». Nesta
"espera", estava também um grupo de trabalhadores do Teatro de
Filandorra, amordaçados e vestidos de preto. Encenavam as críticas ao Governo
que lhes retirou subsídios. No mesmo dia, de manhã, esteve nos concelhos de
Chaves e Vila Pouca de Aguiar, onde dezenas de taxistas aguardaram a sua
passagem pela zona industrial de Chaves, ostentando cartazes que expressavam o
seu descontentamento por lhes ter sido retirado o transporte de doentes.
A realidade foi bem diferente da expetativa. Enquanto os
decisores políticos da região acham que um avião, no qual só eles viajam, é o
principal problema, há muitos que se manifestam por causas que nem lhes passa
pela cabeça. E há ainda muitos outros silenciosos, que pagam na solidão e
abandono, o desprezo a que é votada a região, e uns outros que obrigados a
emigrar, nem sequer lhes deram o direito de receber “calorosamente” o
governante.
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