O senhor presidente da república veio ao interior de Bragança à procura do sossego que a última gritaria o confronta no cenário da crise e de um respiro na turbulência da contestação generalizada. Veio a modos de clandestino, com um programa anunciado de véspera, mas meticulosamente preparado, para uma visita a uma exposição, dois museus, duas empresas de sucesso, uma unidade de cuidados continuados e uma viagem quase privada ao castelo de Ansiães. O mote foi lançado, deslocava-se ao Portugal profundo da solidão da montanha, onde o despovoamento, a ausência de poder reivindicativo e do contacto com as massas, o salvaguardaria de qualquer imprevisto. No seio do seu tradicional eleitorado enviaria a mensagem subliminar de que o senhor presidente sai de Belém, se encontra com os portugueses e, ao contrário do que a narrativa anuncia, esta parte do país não está deprimida, envelhecida e subdesenvolvida, porque ele encontrou “sinais de esperança”.
Visitou um distrito e uma região do qual foi um dos principais responsáveis pela derrocada do tecido produtivo, da sua base económica, a agricultura, oferecendo uma mão cheia de nada. Da chamada modernização por si encetada em meados da década de oitenta o que sobra: a derrocada da Casa do Douro, sustentáculo dos pequenos e médios agricultores na produção do vinho, arruinada como negócio da compra das ações da real companhia velha, que patrocinou; a eliminação da produção de cereais, outrora dominante, por ausência de projetos e apoios à atividade e à fixação de pessoas; uma região constrangida às portagens do transporte rodoviário, sem caminho-de-ferro, por ele desqualificado e depois encerrado na sua ligação a Bragança e que há de continuar a limitar projetos e investimentos.
O senhor presidente procurou o que encontrava: saiu de Lisboa e do seu palácio, encontrou gente pacífica e, ao contrário do que se diz, produziu discursos. Em sinal de gratidão… trouxe uma máquina de escrever e ofereceu-a ao museu de Vila Flor. Uma singela máquina de escrever, de um senhor que, e fez questão de realçar, foi ministro das finanças, primeiro-ministro e agora é presidente da república, para colocarem lá num cantinho, pois, disse, nada vale junto daquele vasto espólio museológico, mas… lembrem, foi com ela que escreveu os seus livros, os seus discursos, as usas intervenções, antes do aparecimento do computador e, acrescente-se, do facebook.
Obrigado, senhor presidente. Também por notar - neste mundo rural deprimido e cada vez mais distante de Lisboa, cultivam-se grande parte dos cogumelos, produzem-se excelentes maçãs para Sua Ex.ª comer “duas ou três por dia”, assistem-se velhos e doentes com dignidade, se coletam as memórias inscritas no nosso código genético e se vislumbram paisagens de beleza sem par, ainda restantes da desproteção ambiental que qualquer construção de barragem pode fazer.
10 comentários:
Fazer férias enquanto pode a' custa de todos no's.
Com diz o texto veio a "por detrás dos montes" refugiar-se um pouco, mas sem mágoas do tanto mal que fez ao País quando inicou o desbaratar da agricultura a par das pescas, da indústria, etc.,na certeza que o povo tem memória curta e nunca os bajuladores se acabam...
SLS/
mais um sinal de esperança....!!!!
RTP contrata José Sócrates para comentador
Publicado às 09.28
foto DANIEL RODRIGUES/ARQUIVO
http://www.jn.pt/PaginaInicial/Sociedade/Media/Interior.aspx?content_id=3121352
José Sócrates vai regressar à política portuguesa a partir de abril. O ex-primeiro-ministro foi contratado como comentador pela RTP, para um programa semanal de 25 minutos.
http://noticias.sapo.pt/nacional/artigo/mais-de-seis-mil-pessoas-assinam-peticao-contra-presenca-de-socrates-na-rtp_15902896.html
O grupo apresenta-se na página http://www.peticaopublica.com/PeticaoVer.aspx?pi=P2013N37935 como: “Nós, cidadãos e contribuintes portugueses, declaramos por este meio, que recusamos a presença do Ex-Primeiro Ministro José Sócrates em qualquer programa da RTP, televisão essa que é paga com dinheiros públicos dos contribuintes que sofrem do resultado da má gestão deste senhor” . E acrescenta “Recusamos liminarmente o branqueamento das acções deste senhor através da TV dos actos de despesismo e gestão danosa, que fez com este país andasse para trás, e não para a frente”.
Os assinantes desta iniciativa têm demonstrado o seu descontentamento com frases de repúdio pela decisão como Mónica Cardoso que diz “em vez de comentar, devia era estar preso para dar o exemplo”. Ou Zélia Silva que protesta: “Acho que é um tremendo insulto, o "suposto canal público" que todos pagamos para suportar, convidar este senhor que ajudou a cavar ainda mais a sepultura em que o país já se encontrava”.
Segundo o "Diário de Notícias" de hoje, o ex-primeiro-ministro, José Sócrates, vai regressar a vida pública em Portugal já no próximo mês, como comentador da RTP. A estação pública propôs a Sócrates um programa de 25 minutos e este não recusou o convite.
in
http://www.jornaldenegocios.pt/economia/politica/detalhe/mais_de_mil_pessoas_ja_assinaram_peticao_contra_a_ida_de_socrates_para_a__rtp.html
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comentários para quê ... !
Este politico foi um dos que contribuiu para a situação do país e agora a RTP ainda lhe vai pagar (?) o serviço prestado à custa dos nossos Impostos??? Tenham dó!! Lembrem-se daqueles que sofrem e ajudem-nos a superar a sua dor!...
Vista a canalhada que nos governa, venha Sócrates.
iol
Paulo Braga Lino, secretário de Estado adjunto e da Defesa, terá usado um carro e motorista do ministério para participar numa reunião de acionistas da «Fundição Felino».
Jornal de Noticias
... o povo paga!
Ateu versão 2013
Deste politiquismo, já nada me admira, fico é indignado com a estupidez do povo, mesmo com toda a informação
Pelo menos o eng. Sócrates,em Tras os Montes,ainda deixou trabalho feito,porque o que só ficou a meio logo veio quem o considerasse de"obra megalómana,leia-se Túnel do Marão"e trataram de o parar.Afinal não é preciso,para aquelas paragens nem sequer passam carros,não é verdade?Pois venha oSócrates ,vem para onde Há muitos piores e também cá estão.
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