28 fevereiro 2013

Fechar a porta? (5)

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Por último, os cenários de desenvolvimento económico apontam para que a agricultura, a silvicultura e a pecuária mantenham um peso decisivo na estrutura económica da região. Se em termos industriais não temos condições para poder ombrear com o litoral por falta de mercado e acessibilidades; se na agricultura extensiva  não somos competitivos em quantidade por condicionalismos vários: pouca área, irregularidade do terreno, abundância de água, sobra-nos a qualidade de alguns produtos agrícolas: o vinho, o azeite, a maçã, a castanha, os frutos silvestres que interessará controlar, denominar e demarcar para adquirir nichos de mercado de qualidade. É urgente organizar uma “rede de excelência” de espaços rurais de molde a certificar bons e genuínos produtos autóctones, se possível com denominação de origem. A par da aposta agrícola a florestação e a pecuária têm também um campo de expansão.

O triângulo ambiente/cultura popular, turismo e atividade agrícola  são as alicerces do nosso desenvolvimento. Para isso é clara a necessidade de uma política de recuperação e divulgação deste património, que deve constituir-se uma aposta séria para o progresso da nossa terra. São estes bens que podem ajudar à fixação de populações e ao desenvolvimento de sinergias que melhorem as condições de vida dos seus habitantes.

Por outro lado, a preservação patrimonial, o estudo e divulgação dos valores culturais proporcionam o desenvolvimento da identidade local, enriquecem o todo nacional e municiam-nos de instrumentos valiosos para os desafios do futuro. Queremos reafirmar porque nos parece muito claro: a recolha de informação sobre o património das populações ajuda à sua preservação e à criação de uma identidade, contribuindo fortemente para o desenvolvimento local e do todo nacional; o património arqueológico e histórico aliado a variados aspetos da ruralidade são potenciadores de desenvolvimento local; por exemplo, os solares rurais podem constituir-se como polos potenciadores do turismo local e fontes de dinamização da economia rural.

É em primeiro lugar aos residentes que nos compete preservar e potenciar o desenvolvimento,  investir  e arriscar,  porque conhecemos, amamos, temos a memória e o exemplo dos antepassados, mas também reivindicar aquilo  de direito nos pertence de modo a inverter a tendência desertificadora que nos sufoca.

2 comentários:

Fernando Gouveia disse...

Esta série de ideias publicadas pelo professor JAM têm o mérito de demonstrar que no interior do país também há quem pense o futuro, quem aponte caminhos. E eles passam pela valorização do que é intrínsecamente nosso e que tão bem inventariou. O ambiente, ainda bem preservado quando fazemos comparações com outras regiões, dentro e fora do país; a agicultura de minifúndio e os produtos de qualidade; o turismo, não de massas, mas um turismo esclarecido, que faça apelo à história, aos costumes, lendas e tradições e, claro à natureza agreste. A tudo isto se referiu e eu estou inteiramente de acordo. Há que encontrar os dinamizadores, os investidores, que não têm de ser de grande escala. Há que olhar os que regressam à terra com carinho e não com inveja; há que chamar os que são capazes; e insistir na formação profissional rigorosa, não com o mero objectivo de um diploma ou uma linha num curriculum, mas com o rigor que se transmita às actividades profissionais e eleve o nível das prestações oferecidas. Já que não somos ricos, temos de ser competentes.

Anónimo disse...

Excelente comentário de Fernando Gouveia,que assim mostra estar bem atento ao trabalho superiormente elaborado e realisticamente muito atual, com o qual, o amigo JAM aqui nos presenteia.
HR