ACEITAÇÃO
Quantas
vezes, agora, me vejo a olhar minha vida.
Quantas
vezes vivo, agora, com meus pais e meus irmãos.
Estou,
neste momento, com minha mulher e meus filhos.
Beijo
também meus netos e com eles brinco.
Sinto-me,
parado, a pensar em tudo ao mesmo tempo.
E
aceito feliz, sereno, toda a minha vida.
E
sei que ela não podia ser diferente.
JLM
1 comentário:
“Savoir vivre”
"Para Alguém sou o lírio entre os abrolhos
E tenho as formas ideais do Cristo;
Para alguém sou vida e luz dos olhos,
E se na Terra existe é porque existo".
(Gonçalves Crespo - Alguém)
A vida (e os seus períodos) dá matéria para considerações de vária sorte, pensando-se, por exemplo, na realidade do viver e do morrer, no corpo e na alma, em ditos célebres de pensadores e de poetas e, de modo particular, na literatura e nas palavras e expressões relacionadas com a idade.
Quero fazer observar, antes do mais, que a fixação dos períodos da vida (infância, puerícia, meninice, juventude, adolescência, virilidade, velhice) não pode exigir às palavras que os refiram toda a exatidão; à uma, porque as naturezas psicológicas, biológicas e outras variam de pessoa para pessoa; à outra porque a passagem de um período a outro é tão insensível (A. Carrel) ou lento que muito difícil se torna pôr barreiras em naturais transações.
Sendo a palavra a expressão da Vida, o deslizar desta tem forçosamente de refletir-se naquela.
E, como a Vida pode ser encarada com a frialdade do raciocínio ou com a quentura do sentimento, segue-se que o filosofar sobre a Vida e seus períodos e momentos ora aparece na linguagem chã de todos os dias, ora na expressão figurada dos poetas e dos prosadores.
A vida é o dia de hoje,
A vida é ai que mal soa,
A vida é sombra que foge,
A vida é nuvem que voa;
A vida é sonho tão leve,
Que se desfaz como a neve,
E como o fumo se esvai;
A vida dura um momento,
Mais leve que o pensamento,
A vida leva-a o vento,
A vida é folha que cai!
…
A vida – pena caída
Da asa da ave ferida,
De vale em vale impelida –
A vida o vento levou!
(João de Deus)
Carlos Fiúza
Já para o nosso Grande Camilo –“savoir vivre” – era o “arranjo de cada um”.
Longa Vida para si, JLM.
“Arranje-se” como puder.
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