27 julho 2012

– Uma viagem à Casa da Moura viii –


Era uma vez...
 
Uma moura e uma pedra à cabeça e pela mão o seu filho... 
 Não é um calhau mas uma pedra. Um calhau não tem utilidade, é palavra depreciativa. Uma pedra serve um propósito, faz sentido. Um calhau é aquele que está no chão, inútil, um entre muitos. O simples gesto de sobre ele nos curvamos adquire nobreza. Um calhau é a forma grotesca que emerge da terra, porém precisa do esforço, do engenho e da arte do homem para se tornar ferramenta, material ou artefacto e, transformar-se numa pedra e maravilha das maravilhas, até em esculturas que poucos parecem entender.
  Ao contrário do homem que oferece as costas ou os ombros ao peso que quer carregar, a mulher carregava o peso à cabeça e concorde-se, fá-lo com muito mais dignidade, pois caminha direita e altiva. Por isso, esta lenda é também uma homenagem à mulher: ao seu esforço e importância no lar; o seu amor, a sua dignidade e, acima de tudo, o papel ímpar que tem na sociedade rural.
Uma moura pega numa pedra de umas boas toneladas, carrega-a à cabeça numa percurso de uma légua para a colocar sobre esteios de pedra sobranceira a um belo povoado. Eis um ato extraordinário, por mais inverosímil que seja e pode transformar-se numa história mágica e extraordinária.
 Em homenagem a meu pai recentemente falecido, um grande contador de história, poderia iniciar-se assim como ele o fazia:
 Certa ocasião… 
 Deixo o resto à Vossa imaginação que a minha pouco vale.

3 comentários:

Anónimo disse...

Valente Moura...

Anónimo disse...

Bela distinção esta entre pedra e calhau.Mas parece que a distinção consiste apenas em passar a pedra o calhau que alguém resolveu chamar pedra.Muita gente continua a chamar-lhe calhau porque não ouviu nunca a ninguém chamar-lhe pedra.

Anónimo disse...

O calhau pode ser pejorativo se não for apelativo,se não chamar a atenção.E pode chamar a atenção precisamente porque é calhau em sentido negativo,como muitos calhaus que vemos disseminados por Carrazeda.