20 novembro 2006

Em 20 anos o interior fica deserto

Especialistas reclamam verbas para fixar populações no interior

Especialistas em desertificação reclamaram este domingo mais verbas nos vários programas nacionais de desenvolvimento para fixar as populações no interior e combater aquele fenómeno, que já afecta um terço do território nacional.
«É necessário que os programas nacionais contemplem uma justa afectação de verbas para combater a desertificação e fixar as populações no interior, em especial nas zonas rurais», disse à agência Lusa o presidente da Liga para a Protecção da Natureza (LPN), Eugénio Sequeira.
Esta é uma das conclusões das terceiras Jornadas Ambientais da LPN, que terminaram hoje, em Castro Verde, após quatro dias a «aprofundar o conhecimento público e científico sobre a desertificação», num encontro que juntou mais de 30 especialistas, nacionais e estrangeiros.
Apesar dos diferentes sinais de alerta lançados nos últimos anos, lamentou Eugénio Sequeira, «a verdade é que continuamos sem políticas nacionais, gerais e sectoriais para combater a desertificação».
«Se nada for feito nos próximos 20 anos, cerca de 66% do território pode ficar deserto e seco», acentuou, lembrando que, independentemente deste cenário futuro, cerca de um terço do território já sofre «uma grave desertificação». O fenómeno não está, contudo, confinado ao Sul do país, pois «todo o interior junto à fronteira com Espanha, do Algarve a Trás-os-Montes, está a ficar deserto», com a perda de potencial biológico dos solos e de população. «É preciso reivindicar medidas de discriminação positiva que possibilitem a fixação de população no interior, reduzindo a pressão sobre a orla costeira e resolvendo os problemas resultantes da litoralização da economia», afirmou.
Neste capítulo, Eugénio Sequeira defendeu a aposta nos Planos Zonais, que considerou «ferramentas de gestão do território essenciais para combater a desertificação».

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