Desde os tempos mais remotos, a principal característica que diferenciou os homens dos restantes animais foi o culto dos mortos. A homenagem que os vivos prestam aos que partem teve diferentes cambiantes de acordo com as especificidades culturais, os momentos históricos e, particularmente, a religiosidade das populações. Desde as antas ou dólmenes que se pensa que seriam lugares de veneração dos mortos, passando pelas múmias egípcias; às catacumbas cristãs até às cremações modernas, a morte teve uma evolução enorme no modo como é encarada pelos vivos.
Recorda-se que há 160 anos (1846) ocorreu em Portugal uma revolução, a Maria da Fonte, em que uma das causas imediatas da revolta foi a proibição dos enterramentos feitos dentro das igrejas pelo governo de Costa Cabral. Surgiram os cemitérios e todos hoje reconhecem a vantagem destes espaços em detrimento das igrejas. No entanto, estas necrópoles tornarem-se lugares deprimentes e lúgubres, alardeando bronzes, plásticos, mármores, granitos, capelinhas, jazigos, em que o mau gosto impera ma maioria das vezes. O culto merecido aos mortos é amiudadamente feito de forma ostensiva, triste, sem gosto.
Os países anglo saxónicos fazem-no de uma forma mais singela e harmoniosa. Os espaços onde sepultam os seus defuntos são locais naturalmente embelezados e por isso aprazíveis. São constituídos por belos jardins, em que é um gosto passear e lembrar quem partiu…
Pensar que a minha eternidade se passará num dos cemitérios actuais não me é particularmente atraente. Pensar que poderei passar o resto dos meus dias num lugar húmido, desconfortável,, inestético e descampado como é o novo cemitério de Carrazeda causa-me arrepios. Patetices! Nada contará! As condições para o merecido culto aos mortos feito pelos vivos é que não melhorou, pelo contrário.
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