28 novembro 2006

Dá Deus água a quem não tem dentes

Julga-se que é por psicose, resultante do sofrimento do flagelo da seca, que o Zé Povo se dedica a visitar a barragem para ver quando ela enche ou se esvazia. Perante um Inverno chuvoso que para aí vai, estranhava-se que se não visse réstia de subida de cota, acreditando-se já, que por ali “houvesse mau-olhado”.
Requisitaram-se então os préstimos da vidente no activo. Convocados os espíritos, um mais afoito profetizou que a causa do problema estaria no rebentamento de conduta ali para os lados de Parambos. Detectado o problema foi este resolvido confirmando-se a partir daí que a barragem desde logo voltou ao enchimento.
E tudo ficaria na paz dos deuses se não tivessem surgido as interrogações que começam a ser costumeiras mas para as quais se não esperam respostas.
Afinal que quantidade de água assim terá sido perdida! Há quanto tempo a água estaria a ser vertida! Considerando que a água vertida terá sido filtrada e tratada, como foi possível não se reparar no exagero de tanto gasto? Por que preço terá ficado este desastre, sabendo-se ao preço a que nos fica a água tratada, que consumimos? Quem é o responsável pelo que aconteceu? A Câmara Municipal! A Empresa Águas de Carrazeda! Um acoisa já temos como certa. É que com seca ou com chuva, com psicose ou sem psicose “quem se cose” é o tal Zé Povo.

Hélder Carvalho

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