20 outubro 2006

Carrazeda voltou a ser notícia

Infelizmente não vi a informação dada pela TVI, que noticiava a inflação de multas de trânsito que vinham sendo aplicadas no nosso meio, pela GNR.
Também eu, só quando “senti na pele” o resultado do excesso de zelo, ou talvez antes, a incongruência e arbitrariedade, é que procurei informação sobre o estado em que as coisas vinham sendo tratadas. Soube então também que, poucos escapavam à tarefa inquisidora da nossa GNR. Soube por exemplo que as multas mensalmente, triplicavam em relação, por exemplo às que eram passadas em Vila Flor. Soube que os nossos agentes tinham por prática esquivar-se a dar a cara no acto de multar, preferindo remeter multas em carta registada. Soube de gente idosa que ficou sem a reforma mensal para pagar multas ridículas. Soube de gente simples que, na abordagem foi tratada com prepotência. Soube dos modos opressivos com que alguns agentes exibiam o seu poder.
Tratou-se assim de mais uma notícia que não provocou estranheza, sobre a nossa triste condição.
Em circunstâncias normais valeria a pena reflectir sobre o caso. Valia a pena estudar-se a razão destes procedimentos e depois tirar conclusões.
Julgo que haveria pelo menos duas ou três conclusões a tirar. Ou a prática estaria certa e, nesse caso, haveria que implementá-la como exemplo, por todo o país e não somente neste concelho de gente humilde e pobre. Ou a prática pecaria por excessiva e incorrecta e, nesse caso, deveria conhecer-se a sua razão de ser e proceder-se em conformidade para com abusadores. Haveria talvez uma causa a provar primeiramente, que teria a ver com a verificação de que, em vez de se estar a lidar com uma população honesta e cumpridora, se estava a lidar com uma população de malfeitores que vivem à margem da lei.
Como carrazedense aquilo que mais me entristeceu neste caso, foi contudo, verificar a submissão com que se consentiu o despropósito. Poucos usaram o direito a defender-se e a contestar o que se passava. Poucos tiveram a coragem de usar a liberdade para denunciar a intolerância e prepotência que se manifestou.
Será este o verdadeiro estado de espírito das gentes da minha terra?
Sabe-se que a prática actual do comando da nossa GNR mudou. Reconhece-se que existe neste momento outra actuação mais tolerante e pedagógica. Faço votos de que o novo Comandante que temos, consiga manter a sensatez na actuação do seu comando e seja recíproco o respeito, e reverência perante a lei. Estou certo de que, seremos capazes de saber esquecer e saber recuperar a dignidade mútua que todos merecemos.

Hélder Carvalho

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