'Eu não posso ser como eles'.
Bérenger, personagem do Rinoceronte, de Ionesco
Estava a ler a peça "Rinoceronte" de Ionesco e pensava como a linguagem pode ser perigosa... Alguém diz que existe um rinoceronte na aldeia, na Vila, na Cidade. Ninguém o viu mas acha que sim, a ideia repete-se e ele passa a existir... Sabemos bem como funciona a boataria, nas Grandes e pequenas terras. Como uma visão de um cão se transforma em lobo. Ou raposa... Que comera as galinhas no papo de uns rapazes que as souberam depenar, depois de as laçarem ao pescoço... E os rapazes a viram, sem dúvida. — Quase apanharam a raposa... Na escola. Têm razão!
Ao telefone, com João Lopes de Matos, falávamos de outra realidade. Como tanta gente quer haver toda _ razão, sem dar espaço ao Outro de se dizer. E quer mesmo ter a última palavra. Como esse desejo vela _ ideia de autoritarismo. &tc. Às tantas, devo ter falado — Bérenger de Ionesco não desenvolve um . de vista ideológico sobre o bem e o mal. Sua força é dizer no fim: 'não posso ser como eles' em vez de 'não quero ser'.
O blog também não pode, sob pena de normalizar a todos, bem iguais, de preto e branco... Quando a cor faz, não faz?, toda _ diferença.
vitorino almeida ventura
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