27 setembro 2005

Autárquicas em Carrazeda de Ansiães: campanha eleitoral

Uma campanha alegre

Iniciou-se a campanha eleitoral para as autárquicas.
É neste período que o rebuliço dos acompanhantes trajados a preceito, o ruído das buzinas dos automóveis nas caravanas, os sons dos hinos e apelos ao voto enchem e alegram as ruas e as transformam no circo que o povo gosta. Ele acorre às ruas, acena aos seus favoritos, pede uma bandeira…
É o tempo do tudo ou nada, das promessas mirabolantes, das poses sorridentes e subservientes dos candidatos, dos apertos de mão, da distribuição graciosa dos materiais de campanha. As crianças cercam os lugares de distribuição e exibem orgulhosos os variados troféus angariados. Os adultos com mais ou menos decoro procuram a esferográfica, a t-shirt, a oferta por mais singela que seja. É uma alegria contagiante.
Nas aldeias desertificadas, as salas das sessões de esclarecimento animam-se particularmente com os acompanhantes dos candidatos e todos aqueles que já decidiram o seu voto e o dia transforma-se em acontecimento assinalável. Os oradores colocam a sua melhor voz e ensaiam os discursos cheios de referências maliciosas e deselegantes aos adversários, de convicção profunda na sua competência ou dos seus, de promessas que enchem o olho aos ouvintes, algumas delas que repetem de campanha em campanha. O povo gosta, bate palmas, vai cumprimentar o candidato a presidente, as “velhinhas” dão-lhe beijinhos ternos e os cidadãos mais efusivos marcam com fortes cumprimentos a sua presença e identidade.
No final de cada dia, contabilizam-se o número de veículos que cada candidatura junta e daí se conclui pela vitória deste ou daquele. Cada dia que passa esta contagem transforma-se em optimismo ou pessimismo, dos muitos “analistas” de ocasião, consoante decresce ou aumenta o número de “caravanistas” acompanhantes.
A campanha eleitoral é também a fase crítica em que o discurso poderá entrar em total delírio fruto das euforias de momento, dos nervos à flor da pele, das frustrações e o verbo inclina-se para a agressividade gratuita, para a maledicência, o ataque pessoal, cuja maior expressão cobarde toma a forma da carta anónima, do boato e do insulto. Atitudes dispensáveis.
O espectáculo esconde a calma necessária à reflexão e ao debate dos problemas essenciais dos concelhos. A partir daqui o circo sobrepõe-se à racionalidade dos argumentos e programas partidários.

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